PRINCESA... DE DIA.Capítulo 2. Uma entrevista de empregoCameron parou em frente ao portão da mansão e apenas alguns segundos depois deu meia-volta; e definitivamente teria ido embora sem olhar para trás se Noel não o tivesse empurrado em direção ao portão.—Obviamente a Estrela se enganou —murmurou com um gesto frustrado.—Não, ela não se enganou. Este é o endereço —afirmou seu amigo.—Sim, ela se enganou porque um cara como eu não tem nada pra fazer perto de gente como essa, então não sei o que o dono da casa está procurando, mas aposto qualquer coisa que não é a mim —disparou Cameron, porém Noel o fez dar meia-volta e caminhar até a guarita.—Com licença, nos falaram sobre uma entrevista de emprego —adiantou-se porque era evidente que Cameron nem ia tentar—. Precisamos preencher algum formulário ou algo assim?—Com suas identidades já é suficiente, jovem —disse o guarda do portão com muita educação e Noel entregou a sua e a de Cameron antes de se virar para seu amigo para falar em
PRINCESA... DE DIA.Capítulo 3. Um anjinhoJohn Hopkins não estava muito certo do que exatamente via no rapaz, mas algo ele via. Era brutalmente sincero, mesmo quando não lhe convinha. Não acreditava em justificativas, isso era evidente. E preferia olhar para frente a se afogar naquele passado que definitivamente não devia ter sido nada bom.Fez um sinal para Billy e este sacou sua arma, aproximando-a enquanto Cameron a olhava com desconfiança.—Preciso ter certeza de que você sabe usá-la —declarou John e Cameron colocou as mãos nos bolsos tirando um par de luvas de couro que vestiu antes mesmo de tocar naquela pistola.—Sei atirar, se é isso que quer saber —replicou carregando e descarregando sem nenhuma maestria excepcional, mas pelo menos não lhe era estranho o manejo de uma arma—. Mas será inútil, não tenho licença pra portar, e com minha ficha nenhum funcionário em sã consciência me daria uma.—Não se preocupe com isso. Eu vou cuidar para que você obtenha todas as permissões neces
PRINCESA... DE DIA.Capítulo 4. Princesa de diaCameron teria querido olhá-la de cima a baixo, mas não podia porque a garota estava agachada como um pequeno predador encurralado. A única coisa perfeitamente visível era aquela correntinha com seu nome em delicadas letras de ouro rosé: Dandara.Então aquele era o anjinho, que pulava o muro de madrugada para que não a vissem chegar sabe Deus de onde!Mas no mesmo momento em que levantou os olhos percebeu que aquele demônio tinha comido a auréola angelical antes do café da manhã. E que não ia ser tarefa simples isso de cuidar dela.—Quem diabos é você? —a ouviu sibilar e até seus pensamentos se arrepiaram.Cameron engoliu em seco e respirou fundo enquanto se levantava sem que ela também tirasse os olhos dele.Dandara fez um esforço enorme para não morder o lábio inferior porque tinha aprendido a guardar o que pensava até inconscientemente, e era difícil negar que o homem à sua frente lhe parecia atraente. Era alto, usava uma jaqueta de cou
PRINCESA... DE DIA.Capítulo 5. O que eu seiDandara estava com o coração disparado no peito, porque era evidente que aquele cara, fosse quem fosse, estava chegando em sua casa com convite. No entanto não pôde fazer outra coisa além de aproveitar o descarado impulso, engolir uma maldição surpresa pelo tapa e depois caminhar colada às paredes até ver como cumprimentava seu tio Billy.Não era tio de sangue mas sim um dos melhores amigos de seu pai, então entrava na categoria de "tio" e é claro que o informaria sobre absolutamente tudo o que estivesse acontecendo. Conseguiu escapar como sempre dos funcionários, que nas manhãs sempre estavam meio dormindo, e chegou ao seu quarto para começar a metamorfose.Tomou o banho que precisava para se despertar porque certamente tinha tido uma noite agitada, e vestir-se como a professora doce que realmente era às vezes, era só metade do ato, a outra era o sorriso permanentemente amável e esse teve que forçar quando viu aquele homem de pé junto a seu
JANEIROSEATTLE— Como você foi capaz de fazer isso?! — O rugido furioso de Zack Keller deteve sua namorada na porta de casa assim que a viu chegar.Giselle viu um papel em sua mão e nem sabia do que ele estava falando, mas nunca o tinha visto tão alterado como naquele momento.— Não sei do que você está falando...— Claro que sabe! Você abortou meu filho! Você o perdeu de propósito! — ele a acusou com raiva. — Você ao menos tinha a maldita intenção de me contar alguma coisa?!A mulher à sua frente ficou pálida.— Como... como você sabe...?Zack jogou aquele papel na direção dela e a olhou com decepção.— Você esquece que está no plano de saúde da minha empresa? — ele cuspiu, aproximando-se dela. — Assim que seu sobrenome apareceu nos registros de pagamento, me avisaram. Imagine minha alegria quando soube que o seguro tinha pago por um teste de gravidez e depois por uma ultrassonografia!Giselle se afastou dele com o rosto vermelho de vergonha, mas Zack não era do tipo que da
NOVEMBROVANCOUVER— Andrea! Na minha sala! Agora!O grito de seu chefe, um gerente médio na empresa SportUnike, a fez pular na cadeira, angustiada, porque sabia que ele estava de muito mau-humor naquele dia.— Isso é uma maldita piada? — rosnou, jogando uma pasta de documentos em seu rosto. — Eu disse claramente que precisava dos relatórios de orçamento da divisão de esportes aquáticos do mês passado!Andrea arregalou os olhos.— Mas... senhor Trembley... tenho certeza de que o senhor me disse que queria os deste mês...— Não discuta comigo, sua inútil! — vociferou o chefe. Aos cinquenta anos, Peter Trembley era tão desagradável quanto sua barriga inchada, mas Andrea tinha que suportá-lo porque mal tinha conseguido um emprego como sua assistente e disso dependiam ela e sua filha para viver. — Você não percebe o que está acontecendo? A SportUnike desapareceu! Um suíço filho da mãe a comprou e agora seremos apenas uma filial da empresa dele! Sabe o que isso significa?Andrea sab
Mas se Zack achava que algo naquela empresa estava errado, seu instinto disparou quando desceu ao estacionamento e viu Andrea encostada em uma das paredes. Ela tentava trocar os sapatos de salto por tênis baixos, mas suas mãos tremiam.Ele ficou tentado a ir falar com ela, mas algo nele ainda resistia a se envolver nos problemas alheios. Tinha uma nova empresa para dirigir, e se queria que Andrea se sentisse melhor, só precisava consertar sua empresa, não a vida pessoal dela.Por fim, viu ela ajustar o casaco e sair para o frio da rua.Observou-a de longe e percebeu que ela não pegava um táxi nem um ônibus, então provavelmente morava perto. Mas Zack não fazia ideia de quão errado estava, porque Andrea não morava nem remotamente perto; simplesmente não podia se dar ao luxo de pagar nenhum tipo de transporte.Durante quarenta minutos, a moça caminhou no frio de um inverno canadense, e quando finalmente chegou ao seu prédio, já estava quase escurecendo.— Boa tarde, senhora Wilson —
O rosto de Trembley ficou visivelmente vermelho e a dureza em seus olhos permaneceu.— Esperando Andrea? — rosnou. — Você está brincando ou acabou de chegar e não sabe que relacionamentos interpessoais são proibidos nesta empresa?— Bom, sou de aprendizado lento, mas tendo a imitar — replicou Zack com sarcasmo. — Talvez eu tenha me confundido quando vi o senhor se agarrando a ela como uma iguana com falta de sol.O velho cerrou os dentes e soltou Andrea bruscamente antes de caminhar até ele.— Não se meta no meu caminho, moleque. Você é só um recém-chegado e eu posso...— O quê? Me demitir? — interrompeu Zack com voz gélida. — Bem... pode tentar, mas verá que meu trabalho aqui não depende do senhor. Faço parte da equipe dos sonhos desta companhia e só ele pode me demitir. Tenho certeza de que não veria com bons olhos o gerente de plantão tentando me demitir sem justa causa.Trembley cerrou os punhos e o encarou com uma expressão maldosa e desafiadora.— Talvez seu emprego esteja