Era uma completa loucura, mas era uma loucura linda. Os esquis de Arnold Lunn tinham voltado à sua caixa de fibra de vidro, fixados novamente para que ninguém pudesse tocá-los, e por sorte só tinham saído com algumas rachaduras naquela descida.Tanto Kim quanto Peter se certificaram de estar apresentáveis em apenas uma hora, e então começou a outra parte do evento.Uma recepção imensa havia sido organizada, e embora Peter tivesse planejado que apenas o dinheiro do leilão dos esquis fosse para doação, a realidade era que com tantas organizações beneficentes presentes, muitas pessoas se animavam a fazer suas doações diretamente com elas, então a noite estava saindo melhor do que o esperado.—Você acha que vai dar certo? —perguntou Peter virando-se para Kim, que se apoiava em seu braço tentando disfarçar o cansaço que sentia—. Quer dizer, não posso ser o único maluco que pague milhares de euros por esses esquis! não é mesmo?—Claro que não —tentou tranquilizá-lo Kim—. O mundo está che
EM MINHA PRÓXIMA VIDA.Capítulo 30. Precisamos conversarPeter tinha que admitir, jamais em toda sua vida havia experimentado emoções como aquelas. Não era adrenalina, não era frustração, era medo. Era um medo profundo e feroz e o pior de tudo era que ele sabia exatamente de onde vinha. Não era que tivesse tentado deliberadamente ignorar, mas no fundo Peter sabia que todas aquelas marcas que apareciam na pele de Kim sem motivo não podiam ser uma simples condição dermatológica.Sentiu o coração subir até a garganta no momento em que a tiraram de seus braços, e o médico começou a dar uma série de ordens que lhe pareceram sérias demais."Tem ideia se ela pode ter se intoxicado com algo específico?" perguntou o médico vendo que ela estava completamente descompensada, e ao longo de suas extremidades corriam aquelas marcas escuras."Não, não é intoxicação, doutor. Ela tem uma condição na pele, e fica assim com a menor pressão mas..."O médico franziu a testa sem ousar dizer o que estav
EM MINHA PRÓXIMA VIDA.Capítulo 31. Um lugar chamado DesesperoSe alguma vez, em algum instante por mínimo que fosse, Percival McKenneth havia duvidado do que aquele homem sentia por Kim, a dúvida se dissipou em um segundo, quando o viu cambalear depois que aquelas palavras saíram de sua boca."Três...? Como assim três meses...? O que você quer dizer com três...?" Peter sentia que não estava realmente falando, que seus lábios se moviam mas não saía nada, porque estava bastante certo de que não era capaz de se ouvir.Uma de suas mãos foi para trás, como se estivesse tateando o vazio tentando encontrar algo em que se apoiar, mas antes que aquela fraqueza o levasse ao chão, a mão firme de Percival McKenneth o segurou, levando-o contra uma parede na qual Peter apoiou as costas como se custasse respirar."Sinto muito, mas posso imaginar por que ela não te contou" murmurou Percy passando as mãos pelos cabelos com um suspiro resignado. "Kim não gosta de falar sobre isso, na verdade, faz
EM MINHA PRÓXIMA VIDA.Capítulo 32. Uma viagem importanteQueria um milagre. Realmente era só isso que queria. Peter deixou-se escorregar por aquela parede como se as forças o tivessem abandonado completamente. Tinha na cabeça aquela confusão de termos médicos e nomes de doenças que não serviam absolutamente para nada, mas embora fosse verdade que Percival McKenneth pudesse ter se tornado em algum momento um homem ressentido, era evidente que não era uma má pessoa.E poucos minutos depois chegaram os médicos para confirmar que o diagnóstico estava absolutamente correto, e que os outros médicos que haviam avaliado o caso tinham feito até o impossível para ajudá-la com algum tratamento que pudesse funcionar, porém nenhum tinha dado resultado.—Pode me dizer...? Pode me dizer como vai ser? —perguntou com o coração na mão e as lágrimas rolando incontroláveis por suas bochechas, porque mesmo não querendo se render, mesmo querendo lutar por ela com todo seu ser, a verdade era que precisava s
EM MINHA PRÓXIMA VIDA.Capítulo 33. Apenas o começoO céu estava absolutamente limpo e era lindo, realmente era lindo naquela hora da tarde, e Kim olhava pela janela do avião como se não pudesse acreditar que estavam mesmo fazendo uma viagem como aquela.O confortável avião executivo estava pronto no mesmo momento em que o médico tinha dado alta do hospital, e a verdade era que ela nem fazia ideia do que tinham colocado em sua mala ou se de alguma forma sequer tinha mala. A única coisa que sabia era que Peter a tinha pegado no colo para levá-la direto para a van, e só meia hora depois o avião estava decolando com eles a bordo e a maior privacidade possível, porque a única comissária de bordo que levavam fazia questão de se manter sempre fora de vista.—Quer continuar aqui ou posso te convidar pra cama? —perguntou Peter com tom provocante e Kim não pôde fazer outra coisa além de sorrir pra ele.—Gosto daqui —garantiu ela se aconchegando naquela poltrona enquanto uma mão do homem acarici
E embora fosse verdade que Peter Ferguson tinha dinheiro de sobra para pagar o mais luxuoso dos hotéis, sua escolha foi uma pequena cabana sobre palafitas na praia, em uma ilha privada e totalmente afastada de tudo.Sua única comunicação com as ilhas centrais era um pequeno iate que ele sabia pilotar perfeitamente, e embora no início tenha se preocupado um pouco porque Kim poderia ficar enjoada, a verdade era que ela estava absolutamente encantada com a paisagem, aproveitando cada momento, a cor da vegetação, ou a pureza daquelas águas que quase ninguém podia tocar.Nem precisa dizer que ele a viu fazer um biquinho apaixonado no mesmo momento em que viu a cabana, aberta e luminosa, onde ficariam só eles.O pessoal do serviço ficava em uma das ilhas próximas, mas estavam disponíveis o tempo todo. E mesmo assim Peter também estava convencido de que seriam capazes de se virar sozinhos.—Juro que não queimo a cozinha! —advertiu ele depois de deixar as pequenas malas no único quarto que hav
NA MINHA PRÓXIMA VIDA.Capítulo 35. Vou tentar com todas as minhas forças!Fazê-la gemer era, sem dúvida, uma das melhores sensações que Peter já havia experimentado. Sentir a forma como seu corpo se arqueava sob ele, a forma como sua intimidade tremia contra sua boca, cada espasmo que a percorria, cada ofego, cada gemido desesperado com que o buscava...Nem mesmo em seus melhores sonhos ele havia imaginado poder sentir algo assim por uma mulher, desejar assim nenhuma mulher, entregar-se daquela forma com nenhuma.Sempre fora um homem pragmático; apaixonar-se não estava em seu vocabulário. Divertir-se, sim, mas apaixonar-se, não.Deus sabia quantas mulheres haviam tentado conquistá-lo para um relacionamento sério, e ele jamais havia cedido a nenhuma delas.E no entanto, ali estava ele, completamente perdido por uma mulher que, incrivelmente, nem sequer havia tentado conquistá-lo, por uma mulher que não estaria ao seu lado por muito tempo, mas que lhe acelerava o coração de uma maneira
EM MINHA PRÓXIMA VIDA.Capítulo 36. Um projeto diferenteA resposta era "sim", claro que sim, sempre.Não havia como Kim dizer não a algo assim. Então nada pôde impedir que ela colocasse toda sua atenção naquele projeto.E a verdade é que não estava trabalhando, porque fazer algo que havia desejado durante tanto tempo, e mais ainda sabendo que ficaria nas mãos de Peter, era algo que realmente a fazia esquecer todas aquelas emoções ruins que às vezes a assaltavam.Bali era lindo, tinha que reconhecer, mas também estava convencida de que jamais teria aproveitado, nem com todo o tempo ou dinheiro do mundo, a menos que tivesse visitado com ele.Peter sabia que não devia cansá-la demais, mas mesmo assim era incapaz de resistir cada vez que ela sorria para ele com aqueles olhos e pedia para darem uma volta pela pequena ilha.Caminhar pela praia era simplesmente maravilhoso, e ele experimentava aquela sensação devastadora de que até aquele momento jamais tinha aproveitado a vida, jamais tinha