EM MINHA PRÓXIMA VIDA.Capítulo 5. Uma última esperança... perdidaAgora sim estava assustada, estava tão assustada que sentia que os joelhos tremiam a ponto de derrubá-la. Kim olhou pra neve que caía do alto da porta segurada por Peter, e isso só significava que lá fora tinham que ter se amontoado contra a porta quase dois metros de neve.Ajudou ele a empurrar até que voltou a fechá-la com dificuldade e os dois apoiaram as costas contra a madeira com os corações acelerados.—Não pode ser... não pode ser! —exclamou a moça levando as mãos à cabeça—. Deus não pode fazer isso comigo, tenho que sair daqui... temos que... você tem um campeonato e eu...! Meu Deus...!Parecia que não seria capaz de juntar uma frase com outra ou sequer um pensamento coerente. Então Peter respirou fundo e tentou alcançá-la, mas parecia que de um momento pro outro ela estava à beira desse ponto onde não tinha chegado nem no pior momento da tempestade: a histeria.—Ei, não tem problema, ainda tem esperança.
EM MINHA PRÓXIMA VIDA.Capítulo 6. Uma aventuraTalvez "calma" não fosse a palavra correta, talvez "letárgica" fosse o melhor termo pra descrever como se sentia naquele momento.Cobriu a cabeça com as mãos e se encolheu, mas nada, absolutamente nada podia mudar o fato de que estavam presos ali e que não poderia sair, que não poderia entregar aquela foto ou ganhar o dinheiro que precisava.Kim chorou com aquele desespero e aquela impotência de quem já recebeu golpes demais da vida e não quer suportar nenhum mais, mas a realidade era que em certo ponto tinha que aceitar que já nada estava sob seu controle, especialmente sua própria vida.Nem sabia quanto tempo tinha passado, talvez uma hora, talvez seis, mas no mesmo momento em que o vento começou a soar de novo como um enorme tambor desafinado, sentiu os braços de Peter levantando-a com firmeza e empurrando-a pra cabana, onde voltaram a se refugiar daquele clima terrível.—Tinha esperado que fosse menos tempo, mas agora não podemo
EM MINHA PRÓXIMA VIDA.Capítulo 7. MarcasPeter respirou devagar. Ela era tão suave, tão estranhamente pequena comparada com ele, que sentia como se a tivessem fabricado como uma parte mais de seu corpo, pronta pra se encaixar como uma engrenagem perfeita ao seu lado.Não pôde negar, o que restou do dia e o resto daquela noite foi tortuosamente difícil. Às vezes a ouvia chorar um pouco no meio da escuridão, mas muito baixo, como se de verdade esperasse que ele não percebesse aquela angústia que estava torturando ela.Mas finalmente um novo dia amanheceu, um em que Peter devia estar já competindo na segunda rodada do campeonato, e ela... só Deus sabia onde devia estar ela nesse dia, mas era óbvio que nenhum dos dois chegaria ao seu destino.Peter se levantou devagar e a deixou aconchegada, e foi limpar um pouco um dos vidros da janela pra olhar lá fora. O céu continuava escuro e cinza, e o clima não tinha melhorado em absoluto.Fez algo pro café da manhã e tentou que Kim comesse u
EM MINHA PRÓXIMA VIDA.Capítulo 8. Uma oportunidade.—Posso ver essa foto?Por um segundo, para Kim aquela pergunta foi como voltar a lembrar que todo o risco já não valia mais nada; mas sua câmera estava num canto, intacta, e não havia nenhum motivo real para não mostrar o que tinha ali.Levantou-se devagar e a tirou do estojo, aproximando-a, enquanto Peter sentava atrás dela e a aconchegava contra seu peito. A pequena tela digital se iluminou em questão de segundos e logo puderam ver aquela última foto que ela tinha tirado.O perfil era estranho e parecia distorcido, a prancha de snowboard parecia gigantesca vista de baixo, com ele em cima e sua expressão entre furiosa e concentrada debaixo dos óculos de neve. Atrás via-se o céu escuro pela tempestade e aquela sombra aterrorizante que era o Pico Skatgan.Era realmente uma foto incrível, e dava pra notar que ela era uma profissional muito experiente.—Caramba! Quantos anos você tem e de quem mais você já tirou fotos na sua vida
EM MINHA PRÓXIMA VIDA. Capítulo 9. Sombras do desejoNão estava mentindo. Porque naquele momento, por mais estranho que pudesse parecer, o sorriso daquele homem fazia com que tudo dentro do corpo de Kim se enchesse de paz. Sabia que deveria haver um momento para o remorso, mas definitivamente não seria aquele.Para Peter Ferguson, aquele dia em que tinha entrado por acaso em seu quarto de hotel, essa era a primeira vez que sabia que ela existia. Kim, por outro lado, já o tinha visto vezes demais. Tinha estudado cada um de seus saltos, cada uma de suas competições, para se certificar de que aquele era, de fato, o homem que queria fotografar.E talvez fosse esse encontro unilateral, ou talvez fosse simplesmente a sedução implícita do desconhecido e do perigoso, mas sabia que no fundo havia apenas um motivo pelo qual o tinha escolhido: porque gostava dele, porque tinha gostado mais do que qualquer outro, mesmo que fossem melhores atletas.Sentiu que derretia enquanto toda sua pele e
EM MINHA PRÓXIMA VIDA. Capítulo 10. O que você mudaria?Era estranho que gostasse tanto daquele som, mas o jeito como aquela mulher ronronava contra seu peito fazia Peter derreter. Ela era inteligente, era linda, e algo lhe dizia que merecia todas as coisas boas do mundo, porque também era evidente que a vida não estava sendo exatamente gentil com ela.—Fome? —perguntou quando a viu abrir os olhos e sorrir.—Tenho direito a ter mais? —perguntou ela com aquela sensualidade que lhe saía sem premeditação.—De mim, tanto quanto quiser —murmurou Peter aconchegando-a para rolar sobre ela e beijá-la—. Mas se você quer continuar com esse jogo, linda, precisamos recuperar as forças aqui que tenho toda a intenção de primeiro encher seu estômago... e depois o resto de você... tanto e tão fundo quanto puder.—Ai! —riu Kim acariciando aquele cabelo encaracolado de Peter—. Nesse caso, senhor Ferguson, vamos alimentar o corpo primeiro, que da alma a gente cuida depois.Lá fora o clima contin
EM MINHA PRÓXIMA VIDA. Capítulo 11. Era elaAquele som fez Peter levantar a cabeça imediatamente, dando tapinhas apressados no quadril de Kim para que acordasse.—Está ouvindo isso? Você consegue ouvir isso? —perguntou com o coração acelerado e em apenas alguns segundos viu como ela reagia, porque também tinha ouvido, perfeitamente distinguível, o som das hélices de um helicóptero.Os dois se levantaram na hora e se vestiram o mais rápido possível, enquanto Peter lutava para abrir a porta, subindo sobre o pequeno monte de neve e saindo para fazer sinais para a aeronave.Estava certo de que desde o momento em que não tinha aparecido nas competições, sua família tinha começado a procurá-lo, mas honestamente não tinha esperado que o encontrassem tão rápido e muito menos ali. No entanto, os recursos dos Keller e de sua nova família política não eram discutíveis, então ali estava um de seus primos, acenando como louco do helicóptero para fazê-lo saber que o tinha visto.—Kim, vamos,
NA MINHA PRÓXIMA VIDA.Capítulo 12. O melhor do mundoEle teria preferido que alguém o socasse. Literalmente teria preferido que alguém lhe acertasse um soco no meio do nariz antes de ver outro homem beijando aquela mulher. Era evidente que eram um casal e um casal oficial, mas talvez o pior de tudo fosse ver a aliança de casamento no dedo daquele homem.Por que ela não usava uma? Por que diabos ela não tinha uma única maldita marca de que não estava livre...? E esse pensamento o fez entender o porquê, exatamente por isso, pelas marcas, ela não usava correntes, nem brincos, nem anéis, justamente porque deixavam marcas.—Kim, olha pra mim! Você está bem? —perguntou o homem enquanto ela tentava recuar inutilmente.—Estou bem, estou bem, só ficamos presos por alguns dias numa tempestade, mas foi só isso —respondeu passando a mão pelos cabelos e só nesse momento seu marido olhou para Peter.—Numa tempestade?! Do que você está falando?! Cheguei aqui te procurando, ninguém conseguiu me