LUTAR POR VOCÊCapítulo 64. O fim do jogoKyle respirou fundo vendo como o rosto de Vance Burgges ficava lívido, e isso só confirmava que o que tinha pensado não estava muito longe da realidade.—Você mandou ela longe num maldito contêiner, não é? —sibilou com raiva segurando o rosto do homem—. Nesse cais só saem cargueiros e um cara como você... certamente tem contatos suficientes pra enfiar um em um desses navios, não é?Durante um longo instante se olharam nos olhos e Vance rosnou com impotência.—Você não vai encontrar ela!—Caleb! Os cargueiros! —exigiu Kyle com desespero, imaginando o que Adriana estaria sentindo sozinha e trancada na escuridão de um contêiner.—Tenho aqui! Saíram dezesseis cargueiros nas últimas vinte e quatro horas —disse se aproximando de seu sobrinho—. Mas só um tem um itinerário de viagem tão longo. O Emeril; vai pro Japão, saiu há dezoito horas.O lutador apertou os lábios e esperou a má notícia, porque ainda estava olhando nos olhos de Vance Burgge
LUTAR POR VOCÊCapítulo 65. Você tem que estar prontaNão havia um único barulho lá fora, ou movimento. As barras de luz química não duravam muito, e Adriana só as usava quando não tinha outra opção. Sabia que as paredes daquele lugar eram acolchoadas, mas não estava certa se era para não deixar o barulho sair ou para que ela não se machucasse.Tinha percorrido aquele lugar com uma das pequenas barras, mas por mais que tivesse tentado, não tinha encontrado forma de arrancar aquele revestimento.Estava mais que certa que um cara como Vance, capaz de surpreender Kyle e sua família, também não colocaria ela num lugar movimentado arriscando que pudessem resgatá-la, então chorar ou gritar não valia a pena.Eventualmente acabou se esgotando e se deixou cair num dos cantos, se encolhendo para manter o calor porque as temperaturas iam baixando e o frio se infiltrava em seus ossos. Não tinha mais que água pra beber e pouca, nada de comida, então sua única esperança estava em Kyle poder enc
LUTAR POR VOCÊCapítulo 66. Sempre vou lutar por vocêO movimento chamou a atenção de todos só uns segundos depois, e todos viram como aquele homem corria por um dos conveses superiores. Os gritos não se fizeram esperar e muito logo Kyle chegava a um dos corredores internos, onde um dos oficiais superiores batia numa porta.—Louis! Você tem que sair! Louis!—Não... não posso!—Louis! O que você fez?! —insistia o oficial—. Você tem algo a ver com isso?! Mudou o manifesto?!Kyle chegou imediatamente e do outro lado conseguiu ouvir a voz rouca e nervosa de um homem.—Não foi minha culpa... não foi... ele me obrigou!—Então sai e nos ajuda a encontrar esse contêiner! —gritou Kyle.—Não! Eu não saio até não estar de volta em águas inglesas... com... com autoridades do meu país!Kyle sentiu que o sangue fervia em suas veias ao ouvir aquilo.—São vinte horas de volta até a Inglaterra! —disparou com raiva—. E tem uma mulher num contêiner! Uma mulher sequestrada, sem água, sem comida
LUTAR POR VOCÊCapítulo 67. Não temos tempo!O coração de Kyle chegou à sua garganta em questão de milissegundos. Não tinha ideia do que tinha acontecido lá fora, só que o contêiner tinha sido golpeado várias vezes, até esmagar ele pelo meio, fazendo com que sair fosse quase impossível.O golpe violento contra a água tinha sido diferente e depois o mar entrando, gélido como navalhas que se cravam na pele.—Kyle! —ouviu seu nome e no meio da pouca luz que entrava pela boca do contêiner viu os olhos aterrorizados de Adriana.—Vamo sair, já vamo sair, linda! Sobe, vem sobe...!Mas a verdade era que a abertura era tão pequena que não cabia nenhum dos dois. Adriana tremeu de frio quando a água começou a subir aos borbotões e junto deles flutuaram várias barras de luz química.Kyle pegou elas, quebrando várias ao mesmo tempo pra ver melhor e um segundo depois ouvia aquela voz rouca.—Filho! Kyle! Filho!—Pai! Pai, estamos aqui! —gritou tentando não se deixar dominar pelo pânico, mas
LUTAR POR VOCÊCapítulo 68. Não se atreva a morrer!Não havia palavras pra descrever o medo, a angústia, o terror que Adriana estava sentindo naquele momento mesmo quando sua cabeça estava fora da água e podia respirar. O esgotamento que sentia tinha desaparecido de repente, justo quando toda aquela adrenalina e o perigo de morrer tinha entrado em seu corpo.Estava gritando embora não soubesse. Gritava porque queria voltar lá embaixo, com ele, enquanto aquele maldito contêiner continuava afundando, mas não tinha forças pra fazer isso. Gritava porque já não podia ver ele. Gritava porque não sabia se Aaron Orlenko tinha descido de novo.E aquela escuridão era infinita. As águas do atlântico eram negras e aquele contêiner pesava demais pra não afundar.Não soube em que momento, mas um salva-vidas caiu ao seu lado e um corpo arrastou ela até ele. Adriana não sabia se eram lágrimas ou água salgada o que corria por suas bochechas, mas não soube quem tinha tirado ela da água até que não
JANEIROSEATTLE— Como você foi capaz de fazer isso?! — O rugido furioso de Zack Keller deteve sua namorada na porta de casa assim que a viu chegar.Giselle viu um papel em sua mão e nem sabia do que ele estava falando, mas nunca o tinha visto tão alterado como naquele momento.— Não sei do que você está falando...— Claro que sabe! Você abortou meu filho! Você o perdeu de propósito! — ele a acusou com raiva. — Você ao menos tinha a maldita intenção de me contar alguma coisa?!A mulher à sua frente ficou pálida.— Como... como você sabe...?Zack jogou aquele papel na direção dela e a olhou com decepção.— Você esquece que está no plano de saúde da minha empresa? — ele cuspiu, aproximando-se dela. — Assim que seu sobrenome apareceu nos registros de pagamento, me avisaram. Imagine minha alegria quando soube que o seguro tinha pago por um teste de gravidez e depois por uma ultrassonografia!Giselle se afastou dele com o rosto vermelho de vergonha, mas Zack não era do tipo que da
NOVEMBROVANCOUVER— Andrea! Na minha sala! Agora!O grito de seu chefe, um gerente médio na empresa SportUnike, a fez pular na cadeira, angustiada, porque sabia que ele estava de muito mau-humor naquele dia.— Isso é uma maldita piada? — rosnou, jogando uma pasta de documentos em seu rosto. — Eu disse claramente que precisava dos relatórios de orçamento da divisão de esportes aquáticos do mês passado!Andrea arregalou os olhos.— Mas... senhor Trembley... tenho certeza de que o senhor me disse que queria os deste mês...— Não discuta comigo, sua inútil! — vociferou o chefe. Aos cinquenta anos, Peter Trembley era tão desagradável quanto sua barriga inchada, mas Andrea tinha que suportá-lo porque mal tinha conseguido um emprego como sua assistente e disso dependiam ela e sua filha para viver. — Você não percebe o que está acontecendo? A SportUnike desapareceu! Um suíço filho da mãe a comprou e agora seremos apenas uma filial da empresa dele! Sabe o que isso significa?Andrea sab
Mas se Zack achava que algo naquela empresa estava errado, seu instinto disparou quando desceu ao estacionamento e viu Andrea encostada em uma das paredes. Ela tentava trocar os sapatos de salto por tênis baixos, mas suas mãos tremiam.Ele ficou tentado a ir falar com ela, mas algo nele ainda resistia a se envolver nos problemas alheios. Tinha uma nova empresa para dirigir, e se queria que Andrea se sentisse melhor, só precisava consertar sua empresa, não a vida pessoal dela.Por fim, viu ela ajustar o casaco e sair para o frio da rua.Observou-a de longe e percebeu que ela não pegava um táxi nem um ônibus, então provavelmente morava perto. Mas Zack não fazia ideia de quão errado estava, porque Andrea não morava nem remotamente perto; simplesmente não podia se dar ao luxo de pagar nenhum tipo de transporte.Durante quarenta minutos, a moça caminhou no frio de um inverno canadense, e quando finalmente chegou ao seu prédio, já estava quase escurecendo.— Boa tarde, senhora Wilson —