Chiara se recostou na cama e Jhon sentou-se junto a ela e apertou sua mão com um gesto ansioso enquanto Elías colocava o gel sobre o ventre de Chiara. O doutor Martínez começou a mover o transdutor lentamente sobre seu abdômen para encontrar o bebê. Pouco a pouco foram se tornando visíveis os contornos do crânio e depois os ombros, braços e pernas.À medida que iam aparecendo os detalhes de sua pequena na tela, Jhon dirigia seus olhares alternadamente entre esta e Chiara com uma expressão de assombro que inundava seus olhos por completo. Ainda não podia acreditar no que estavam vendo, aquela era sua bebê.Depois de vários segundos de silêncio expectante, uma batida se fez claramente audível e Jhon deu um sobressalto emocionado.—Esse é...? —perguntou com uma voz entrecortada.O doutor Martínez sorriu enquanto confirmava sua pergunta.—Sim, esse é o coração do seu bebê. Está batendo com força, já podem escutar perfeitamente.Jhon e Chiara trocaram um olhar repleto de emoção e alegria, a
De repente, só por aquele instante em que Chiara se encontrava frente a Viktor, desafiando-o com aqueles olhos determinados, sentiu que o quarto era pequeno e estreito, frio demais para ela.—Não esperava isso de você —murmurou ele negando com tom resignado—. Desde que você chegou tenho procurado fazer com que se sinta bem, que esteja feliz...—E agradeço infinitamente por isso! —replicou ela—. Mas parte de me sentir bem é colocar minha gravidez nas mãos de um médico de confiança, e eu não confio nessa mulher.—Não lhe parece que seus instintos para confiar estão um pouco atrofiados? —sibilou ele e Chiara conteve a respiração—. Afinal, confiar em quem não devia foi o que te colocou nesta jaula, não é?Ela deu dois passos à frente, aproximando-se dele e olhando-o diretamente nos olhos, porque ninguém, ninguém! nem mesmo ele, tinha permissão para julgar seus erros.—Você tem razão, por isso não estou disposta a me equivocar outra vez. Se me obrigar a me consultar com ela, pedirei uma tra
Chiara se endireitou em um instante.—O diretor da prisão? —perguntou—. Como Viktor Hanover teria poder para impedir a reunião do Comitê de Liberdade Condicional?O advogado suspirou.—Bem, ele poderia dar uma má referência do seu tempo como detenta, e o comitê nem se incomodaria em se reunir. Ou se for mais descarado, pode manter oculta nossa solicitação. Afinal, ele é o primeiro que a recebe.—E ele não tem a obrigação de passar para o tribunal? —preocupou-se Chiara.—Sim, por isso falei do "descarado". Não seria o primeiro caso de um diretor que não passa as solicitações dos advogados. O problema é que não tenho como comprovar se a petição que fizemos chegou ou não ao tribunal.Chiara apertou os lábios e assentiu.—Não se preocupe, eu tenho como saber —respondeu, e assim que aquela visita terminou, Chiara foi direto para seu quarto, tirou aquele celular que tinha escondido e discou o único número que precisava.Jhon pulou da cama ao ouvir o toque, porque aquelas horas de sono que ti
—Ou melhor dizendo, porque a quer para ele —esclareceu Jhon e Billy assentiu.—Se você pensar bem faz muito sentido. Se conhecem desde crianças, mas tomaram caminhos muito diferentes, ela é uma empresária milionária e ele é o diretor de uma prisão, não se escolhe uma profissão como essa a menos que você esteja ferrado de alguma maneira, você sabe.Jhon assentiu com um gesto meio impotente e meio frustrado. Aquele não era o melhor momento para dar más notícias a Chiara, o bebê estava para nascer, mas não podia ocultar as coisas dela. Levantou o telefone de má vontade e discou seu número. Pelas câmeras a viu atender imediatamente e o silêncio foi suficiente para que ela entendesse.—O que foi, Jhon? —perguntou com autoridade e ele respirou fundo antes de responder:—Chiara, sinto muito, querida isso não vai te agradar...—Foi Viktor —interrompeu ela porque não precisava de mais para compreender.—Exatamente. Viktor não tramitou sua solicitação para a liberdade condicional, não deu andame
Chiara sentiu a dor começar a ficar insuportável. Era uma sensação profunda que parecia vir do mais profundo de seu corpo e que piorava a cada segundo que passava.—O que você me fez, Viktor? —exclamou assustada, mas tudo que recebeu como resposta foi um dar de ombros.—Eu nem te toquei. Deve ser que o bebê já está vindo.Chiara tentou se afastar dele, mas não funcionou. A dor era avassaladora demais para que pudesse caminhar.—Temos que te levar à clínica imediatamente —disse Viktor segurando-a pelo braço mas ela se soltou com um gesto brusco.Chiara ofegou e se agarrou à borda de um banco próximo, enquanto a dor se tornava cada vez mais intensa. Sentia como seu corpo resistia e percebeu que a dor vinha em ondas, com pequenos intervalos de descanso entre elas. Tentou não pensar na dor, mas era demais.O bebê já estava vindo, sua filha ia nascer e ela não estava onde Jhon pudesse vê-la e protegê-la. Quis pedir ajuda, mas a prisão era um lugar imenso e não havia ninguém por perto. Ningu
Chiara tinha saído para falar com Viktor, mas ele sabia o quanto ela já se cansava rápido, não podia estar por aí fora caminhando. Estava prestes a ligar para Speedy quando seu telefone começou a tocar e viu que era uma ligação do rapaz.—Speedy? O que foi? Onde está Chiara? —perguntou desesperado.—Por isso estou ligando, chefe. O diretor a levou há quase uma hora, disse que dariam um passeio pelos jardins mas não voltaram...Parou um momento e Jhon pôde sentir o momento exato do desastre.—E? E o que mais, Speedy?—É que fui aos jardins e não estão lá! —exclamou o rapaz—. Dei duas voltas no edifício e não os vejo!Jhon sentiu seu coração parar, não podia ser, não nesse momento quando estavam tão perto de ter a menina.—Procure ela no escritório do Viktor, na clínica, onde for, mas encontre-a, Speedy, encontre-a! —gritou.—Imediatamente, chefe —murmurou o rapaz antes de desligar e Jhon rugiu sua impotência, alertando todos na casa antes de fazer as outras únicas duas ligações possívei
O mundo era um lugar escuro, escuro e frio mas estava prestes a ficar pior. Jhon Hopkins jamais havia tremido em sua vida, mas naquele momento sentia como se toda sua força estivesse se desintegrando, porque seu instinto lhe dizia que estava à beira da dor mais intensa de sua vida.No entanto nem sequer era capaz de imaginar que Chiara estava despertando nesse momento para enfrentar a sua.Chiara tentou abrir os olhos lentamente, ainda atordoada pelo efeito da anestesia mas algo em seu interior a impulsionava. Olhou ao seu redor tentando lembrar por que estava ali e então viu Viktor. O rosto do homem mostrava uma profunda tristeza e ela sentiu que seu coração parava, porque não acreditava nem por um segundo.—Minha filha... —balbuciou primeiro tirando a máscara e à medida que pedia por ela sua voz ia ganhando força—. Minha filha! Onde está minha filha, Viktor? —gritou desesperadamente—. Me diz que minha filha está bem. Onde ela está? Me dá ela!Viktor se aproximou dela e Chiara jurava
—Não tem ninguém com vocês?"Parece que só estavam Viktor e a médica. Chiara não pôde entrar em trabalho de parto, Jhon, em menos de uma hora fizeram a cirurgia..."—Como assim!? —Jhon sentiu seu coração parar."Fizeram uma cesárea nela, chefe, isso foi planejado", garantiu Speedy. "Ela precisa de um médico agora mesmo".—Tira ela daí! Tira ela daí, agora!Speedy não precisou ouvir duas vezes, desligou a chamada e empurrou aquela maca em direção ao prédio principal, gritando e pedindo ajuda até que todos viram que havia uma mulher em estado grave. Imediatamente os paramédicos da ambulância de plantão se aproximaram e a colocaram dentro dela, enquanto do outro lado Viktor Hanover saía para ver espantado como a levavam embora.—Me entregue o corpo da menina! —rosnou Elias, que tinha ficado impactado desde o primeiro minuto ao ouvir o diretor dizer que a bebê havia morrido.—O quê...? Você não pode pedir isso... é um assunto interno da prisão, é...!—Chiara Keller é minha paciente e acaba