O mundo era um lugar escuro, escuro e frio mas estava prestes a ficar pior. Jhon Hopkins jamais havia tremido em sua vida, mas naquele momento sentia como se toda sua força estivesse se desintegrando, porque seu instinto lhe dizia que estava à beira da dor mais intensa de sua vida.No entanto nem sequer era capaz de imaginar que Chiara estava despertando nesse momento para enfrentar a sua.Chiara tentou abrir os olhos lentamente, ainda atordoada pelo efeito da anestesia mas algo em seu interior a impulsionava. Olhou ao seu redor tentando lembrar por que estava ali e então viu Viktor. O rosto do homem mostrava uma profunda tristeza e ela sentiu que seu coração parava, porque não acreditava nem por um segundo.—Minha filha... —balbuciou primeiro tirando a máscara e à medida que pedia por ela sua voz ia ganhando força—. Minha filha! Onde está minha filha, Viktor? —gritou desesperadamente—. Me diz que minha filha está bem. Onde ela está? Me dá ela!Viktor se aproximou dela e Chiara jurava
—Não tem ninguém com vocês?"Parece que só estavam Viktor e a médica. Chiara não pôde entrar em trabalho de parto, Jhon, em menos de uma hora fizeram a cirurgia..."—Como assim!? —Jhon sentiu seu coração parar."Fizeram uma cesárea nela, chefe, isso foi planejado", garantiu Speedy. "Ela precisa de um médico agora mesmo".—Tira ela daí! Tira ela daí, agora!Speedy não precisou ouvir duas vezes, desligou a chamada e empurrou aquela maca em direção ao prédio principal, gritando e pedindo ajuda até que todos viram que havia uma mulher em estado grave. Imediatamente os paramédicos da ambulância de plantão se aproximaram e a colocaram dentro dela, enquanto do outro lado Viktor Hanover saía para ver espantado como a levavam embora.—Me entregue o corpo da menina! —rosnou Elias, que tinha ficado impactado desde o primeiro minuto ao ouvir o diretor dizer que a bebê havia morrido.—O quê...? Você não pode pedir isso... é um assunto interno da prisão, é...!—Chiara Keller é minha paciente e acaba
Dandara. Sua pequena se chamava Dandara e Jhon fechou os olhos por um segundo, um só antes de colocar sua mão sobre a testa morna de Chiara e se virar para Elias.—Já sabe o que tem que fazer —sentenciou com voz cortante.O doutor abriu sua maleta médica e do fundo falso tirou uma beretta e três carregadores que acomodou embaixo do jaleco branco. Podia ser médico, mas tinha sido agente por mais tempo e sabia quando estar preparado.—Ninguém entra e quem entrar não sai. Não se preocupe —declarou com segurança—. Eu cuido dela, vai procurar sua filha.Jhon deu um beijo na testa de Chiara e custou se desprender de seus dedos, mas finalmente se dirigiu à porta e ouviu quando Elias a trancava atrás dele.Pegou seu telefone para ligar para Billy, mas mal estava alcançando a porta quando o rapaz chegou correndo, ofegante e suado para entregar aquele envelope que estava cheio de fotos. Jhon as examinou imediatamente enquanto Billy ia explicando.—Não conseguimos localizar em que momento a douto
"Obrigado, meu deus... obrigado", era a única coisa que passava por sua mente enquanto ouvia aqueles gritos curtos e irritados, porque sua filha era uma princesa guerreira e estava muito brava."Billy", chamou num sussurro. "Preciso de você aqui".Se aproximou mais da porta e a entreabriu vendo a mulher que estava dentro, falando com a bebê que estava na cama.—Que diabos é que você quer, menina? —sibilou a doutora Atkins com impaciência—. Já te troquei, já tomou a mamadeira... era pra você estar dormindo. Por que não para de gritar?Sua voz era irritada e cansada, a mulher sabia que tinham tido problemas com Chiara Keller, mas fazia quase um ano que não havia detentas grávidas e esses contatos que moviam os fios por eles já estavam ficando impacientes. O problema era que com esses não podiam se indispor.Pegou a menina e a balançou com incômodo, porque era pra os recém-nascidos só dormirem, em vez disso aquela não parava de chorar.—Ai por deus já cala a boca! Não aguento tanta gritar
A doutora olhou nos olhos dele e pôde ver o demônio neles e atrás todo o fogo do inferno. Trêmula estendeu a menina até o alcance de Jhon e ele a tomou em seus braços enquanto continha a respiração. Assim que a teve segura deu as costas para a mulher para proteger a neném e no espelho do quarto viu Billy pular pela janela e dominá-la, amarrando suas mãos nas costas com algemas plásticas.—Leva ela pro Black Hole da rua Pextin e deixa ela lá, vamos nos ocupar dela mais tarde —ordenou e a mulher arregalou os olhos espantada enquanto grossas lágrimas caíam deles.—Nãooo! Espera, você me disse que se eu entregasse ela eu sobreviveria...! Espera... você disse...! —gritou desesperada e Jhon olhou para ela só uma vez.—Eu disse "talvez".O que se ouviu em seguida foi um par de vans estacionando violentamente na frente da casa e a doutora Atkins foi jogada dentro de uma delas sem cerimônia.Jhon respirou fundo enquanto puxava para trás o gorrinho e via o rosto de sua bebezinha, que fazia um bi
Jhon cerrou os dentes, mas não se mexeu. As câmeras, posicionadas em diferentes lugares mostravam tanto o rosto de Viktor quanto o de Chiara e Jhon sabia que Elias também estava vendo aquilo, pronto para intervir.Ela estava semi-sentada em sua cama, obviamente fazendo um esforço imenso para mostrar força depois de ter sido submetida a uma cesárea forçada e de terem tirado sua filha sem a menor compaixão. Jhon não conhecia uma mulher mais forte nem mais valente que ela, por isso tinha se apaixonado por Chiara, e agora vendo-a desafiar quem tinha se tornado seu maior inimigo, muito mais.—Pelo que se ouve lá fora, parece que você trouxe metade da guarda da prisão —sibilou ela olhando nos olhos dele e pela primeira vez pôde ver o monstro atrás do homem gentil e correto que aparentava ser.—Estou no meu direito, tiraram você da cadeia sem minha autorização.—E você tirou minha filha sem minha autorização! —disparou Chiara com raiva.—Tive que tomar uma decisão, você estava tendo um parto
Chiara fez uma careta, nada daquilo fazia sentido, até que lembrou que Oskar Hanover era um homem especial, que tinha aberto seu próprio caminho numa indústria implacável e que provavelmente não estivesse muito disposto a manter crianças mimadas.—E você não pôde trabalhar pela outra metade? Nem sequer pôde pagar por metade dos seus estudos? —sibilou Chiara fazendo ele arder de raiva.—Meu pai era um maldito gerente do Asterion Bank, o banco mais forte da Suíça! Por que eu tinha que trabalhar além de estudar!? —gritou transtornado—. Vocês deviam ter pago! Deviam ter pago bem pra ele, pago melhor...!—E pagamos —replicou Chiara em voz tão calma que Viktor não teve escolha além de calar e prestar atenção.—O que você disse?—Que pagamos. Claro que pagávamos muito bem pro seu pai e além disso ele fez excelentes investimentos enquanto foi gerente do Asterion. Só a pensão dele chega a dez mil francos mensais e é um terço do salário quando trabalhava —sentenciou ela enquanto via Viktor ficar
Para bom entendedor, meia palavra bastava. Chiara era uma mulher decidida, e se estava dizendo que queria Viktor Hanover morto, então ele entregaria seus malditos ossos limpinhos numa bandeja de prata.No entanto naquele momento tinha que se manter longe daquele hospital, por mais que doesse e por mais que quisesse colocar sua filha nos braços de sua mãe, não podia fazer isso enquanto Viktor estivesse rondando como uma ameaça."Isso não vai ficar assim, Chiara. Você não tem ideia do que sou capaz", Jhon o ouviu rosnar, mas em poucos segundos se viu obrigado a sair.Chiara ocultou o rosto entre as mãos e chorou desconsoladamente ao compreender finalmente tudo o que tinha acontecido, parecia que aquilo de ser traída acontecia cada vez com mais frequência em sua vida, como se tivesse perdido a capacidade de escolher se cercar de gente boa ou como se o mundo simplesmente fosse mais sombrio ao seu redor.De repente a porta se abriu de novo e o doutor Martínez entrou, levando em sua mão aque