Danna levantou a cabeça quando sentiu as batidas na madeira e cruzou a sala com passo decidido rumo à porta principal. Sabia que era Loan quem estava chamando porque ninguém mais chegaria àquela hora.Ela estivera tentando evitá-lo há dias, porque sua mãe não parava de ir à pista de patinação e quando ele chegava ela só esvoaçava ao seu redor como uma borboleta feliz, sem que ele fizesse nada para afastá-la. Então, eles tinham falado escassamente desde então, porque ela se mantivera firme em sua decisão de não voltar a confiar em Ailsa.Danna respirou fundo antes de alcançar a maçaneta da porta e ao abrir ele estava lá, de pé diante dela com suas mãos ainda enfiadas nos bolsos de sua jaqueta.—Olá —murmurou ele ao vê-la.—Olá —respondeu ela sem sorrir. Simplesmente se afastou para deixá-lo entrar—. Mauro já está dormindo, você pode subir para vê-lo.Ele assentiu e subiu as escadas enquanto Danna voltava ao sofá e ouvia todos aqueles mimos pelo monitor do bebê. A realidade era que
Queria Loan, mas não estava disposta a ceder quando se tratava da segurança de seu filho, e se Loan era do tipo que oferecia a outra face, bem... ela não era.Os próximos dois dias passaram depressa. Ela deixava Mauro com a babá na empresa de Loan e ele passava quase todo o tempo com o bebê até que Danna ia buscá-lo à tarde. Se trocavam duas palavras era só para falar de seu filho e Loan não podia negar que sentia muita falta de estar ali com eles, mas acreditava que devia fazer o possível para que Danna entrasse em razão.Finalmente chegou o sábado e a família se reuniu na igreja para o batizado de Mauro. Era um dia ensolarado e alegre, ideal para uma celebração como aquela. A pequena igreja estava sem dúvidas cheia de gente feliz, porque os Keller tinham muitíssimos amigos e é claro que haviam convidado a todos.Mauro foi batizado solenemente pelo sacerdote da paróquia, que lhe deu palavras de bênção antes de derramar em sua cabecinha a água benta.Danna tentava conter seus nervo
Jhon foi o primeiro a tirar seu celular e Loan o deteve.—O que você acha que está fazendo? —perguntou espantado—. Diz que não chamemos a polícia...—Todos dizem a mesma coisa, Loan! —rosnou Jhon em resposta—. Mas a última coisa que você deve fazer é obedecer esse tipo de ordens. Se você não quer os locais tudo bem, eu tenho minha própria gente, mas você não pode ficar de braços cruzados.Loan sentiu como se a terra estivesse se abrindo aos seus pés. O coração martelava em seus ouvidos. Tinham levado Danna, tinham sequestrado Danna. Seu primeiro pensamento foi para Sibar e onde diabos ele estava, mas depois lembrou que tinha lhe dado o dia de folga porque o guarda-costas não havia descansado em mais de uma semana e supostamente ele estaria com ela para cuidá-la.—Está bem —murmurou e deixou Loan seguir com sua ligação, mas se virou para sua irmã Noémi e a levou à parte—. Precisamos de cinco milhões com urgência. Para o que quer que seja necessário fazer, temos que tê-los disponíveis.—
—Temos uma ligação no telefone fixo da casa. Parece que é Emil Landou —disse-lhes e os dois saíram correndo em direção à sala.—Não dê informações, apenas pergunte o que ele quer, como, quando e onde. E peça uma prova de vida, peça para falar com Danna —explicou Jhon antes de colocar os fones de ouvido para escutar através da linha grampeada.Mal Loan levantou o telefone quando se ouviu a voz rouca e fria de Emil Landou.—Você está se fazendo de difícil, Keller? Ou é que não se importa tanto com a mãe do seu filho? —sibilou com tom venenoso.Jhon fez um sinal para um de seus homens, que imediatamente se puseram a rastrear a chamada.—O que você quer, Emil? —Loan tentou manter o controle.—Por acaso você não sabe ler? —cuspiu o homem com desprezo.—Sim, sei ler, mas só queria confirmar. Cinco milhões? —perguntou Loan e Jhon lhe fez um sinal para que continuasse falando para dar tempo ao rastreamento.—Exato, cinco milhões se você quiser receber sua mulherzinha inteira —rosnou Emil com e
Aquela discussão subiu de tom e de intensidade, até que não houve outra opção para o resto da família além de se meter.—Loan, por favor, escute-me! —desesperou-se Jhon—. Estou tentando te dizer que esta não é nossa melhor oportunidade. Se entregarmos o dinheiro, nunca recuperaremos Danna...—E se não o entregarmos, também não! —replicou Loan—. Ele nem está pedindo muito, Jhon, são apenas cinco milhões. Talvez não seja nossa melhor oportunidade, mas é uma! Danna está em algum lugar lá fora, sozinha e vulnerável, à mercê de um psicopata e sem nenhuma esperança de ser resgatada. Não suporto pensar no dano que ele pode causar a ela! E se eu tiver qualquer oportunidade de chegar a Emil Landou, vou aproveitá-la.Jhon se afastou de Loan e respirou profundamente caminhando até o outro cômodo.Enquanto isso, Jhon revisava a mala e se aproximava da senhora Ailsa.—Sei que isso é pedir muito, mas preciso de sua ajuda —disse-lhe—. Emil só quer que você entregue o dinheiro... e isso significa que
Loan abriu a boca, mas nem sabia o que dizer. Era a nota que tinham encontrado no quarto, a nota de resgate, a que pedia o mesmo que Emil pedia, mas se ele não a tinha escrito então que...—Maldição! —rugiu Jhon antes de colocar o fone de ouvido—. Detenham a senhora! Tirem-na do trem! Não a percam de vista nem por um segundo! Detenham-na!Loan sentiu que seu coração endurecia só de ouvir aquilo. Jhon tinha chegado à conclusão antes dele. Se Emil não tinha escrito a nota de resgate, só havia outra pessoa naquele quarto que podia fazê-lo:—Ailsa... —saiu-lhe em um fio de voz enquanto nas caixas de som se ouvia todo tipo de gritos."Estão se movendo""Quem tem olhos nela?""Acho que a tenho""Droga, ela saiu do vagão!""Fiquei dentro!""Não a vejo!""Está atravessando!""Maldição!"...O silêncio se fez angustiantemente longo depois disso até que um dos homens de Jhon pronunciou a sentença."Nós a perdemos. Ela saiu do vagão no último momento e pegou o trem da outra plataforma"Jhon tirou
Danna tentou abrir os olhos e lembrar o que havia acontecido, mas tudo estava muito embaçado. Ela tinha apenas aquela sensação fria percorrendo suas costas e a certeza de que havia sido sequestrada. Sentiu suas mãos livres e abriu os olhos rezando para que tudo tivesse sido um pesadelo, mas ela não tinha tanta sorte.Lembrava-se de entrar na sala da igreja e ver sua mãe no chão. Quando se virou, a última coisa que viu foi o rosto de seu antigo treinador antes de perder a consciência. Depois acordou no vagão escuro de um trem. Lembrava-se dos gritos de Loan ao telefone e dela perguntando por seu filho, porque seu bebê era a única coisa que importava para ela.Depois Emil havia colocado aquele pano horrível contra seu nariz novamente e o resultado era uma dor de cabeça insuportável e a incerteza do que ele havia feito com ela no tempo em que esteve inconsciente. Ela nem queria pensar nisso, seu corpo doía demais e logo percebeu o porquê. Suas mãos estavam livres, mas ela estava pendura
O problema era que todo o seu peso recaía então na pélvis e isso fazia com que as pernas doessem horrivelmente quando não estavam dormentes... pelo menos ela queria acreditar que era por isso que doíam.Emil a vigiava o tempo todo para se certificar de que ela seguia suas instruções. Às vezes, quando ela cometia um erro, ele a golpeava para chamar sua atenção e dizer-lhe para voltar ao início. Danna seguia seu exemplo, embora o medo e a dor a percorressem cada vez que a vara caía sobre ela.Duas horas depois, Emil a olhou com atenção, como se tentasse avaliar sua determinação. Por fim, sorriu para ela.—Agora —disse aproximando uma garrafa de água e dando-lhe apenas um gole—. Você me promete que fará tudo o que eu pedir?Danna assentiu com a cabeça.—Sim —disse em um sussurro—. Prometo fazê-lo... mas você tem que me descer daqui... preciso ir ao banheiro...—Você pode fazer nas calças. Está usando uma fralda —sorriu Emil e Danna sentiu seu estômago revirar—. Como você pode esquec