Zack olhou pela enorme janela de seu escritório no coração de Manhattan. Fazia dois dias que ele tinha tido aquela conversa telefônica com Andrea na qual ela só tinha feito uma pergunta e nem sabia se ela tinha ouvido a resposta porque tudo o que pôde ouvir depois foi Ben gritando para ela não ir embora. Ele gostaria de dizer que não tinha conseguido dormir desde aquele momento, mas a verdade era que não conseguia dormir desde o instante em que subiu naquele avião para deixar o Canadá. A imagem de Mason Lee parado na soleira da porta continuava voltando à sua mente repetidamente. A desagradável apresentação, as ameaças que não tinham significado nada para ele, e depois aquela declaração. —Você pode ignorar tudo, mas a realidade é que Andrea e eu nunca vamos nos separar, porque temos uma filha —Mason tinha sibilado com satisfação. —Uma filha que você abandonou! —Isso não importa, não muda o fato de que fui o marido de Andrea por anos enquanto você só esteve com ela por duas semanas.
—Mas menos doente que o do seu pai —explicou sua mãe—. Fariam duas cirurgias em uma, o transplante e o reparo de uma válvula do novo coração... Sei que é complicado, mas o médico dele diz que é nossa única possibilidade de que ele fique conosco por mais alguns anos... —explicou Luana—. Por favor, você tem que vir. Ele já estará na sala de cirurgia quando você chegar, mas preciso da família reunida. Por favor. Zack respirou fundo, qualquer possibilidade que lhe desse mais tempo com seu pai ele aceitaria sem hesitar, então apenas assentiu. —Estou saindo imediatamente para aí, mãe. Uma hora depois voava para Zurique, e de fato quando chegou seu pai estava em plena operação. A preocupação e a ansiedade da operação fizeram com que fosse mais simples evitar as perguntas sobre Andrea e o bebê com um simples: "estão bem", mas no fundo sabia que cedo ou tarde teria que enfrentar aquela conversa com seu pai. Passaram-se ainda horas até que um médico saiu. —Ele está delicado —disse-lhes—, ma
As pessoas podiam se dar um dia para chorar, mas Andrea não se deu nem um minuto, não podia, porque a única coisa que queria era recuperar sua filha. A assistente social os acompanhou à residência de Mason naquela tarde e Andrea sentiu vontade de vomitar ao ver a mansão em que ele morava e o carro que tinha enquanto ela só tinha um berço para sua filha. É claro que a assistente social não deixou passar despercebido aquele impacto, nem a dor de ter que deixar sua filha nos braços da enfermeira de Mason, porque assim que ele a pegou a menina começou a chorar desesperadamente. Naquela noite Andrea sentiu que morria sem sua filha. Só conseguia pensar em como ela estaria, provavelmente sem poder dormir porque estava com estranhos. No dia seguinte não conseguiu nem tomar um café enquanto esperava ansiosa na porta do prédio até que Mason apareceu em sua Mercedes e a enfermeira, com olheiras e cansada, entregou-lhe o bebê. Andrea abraçou e beijou sua filha como se não a tivesse visto em mes
—Não tenho cartões, senhora Stormhold, não sou tão importante. E se eu tivesse, a senhora também não me ligaria, só está tentando se livrar de mim como a pessoa educada que é. Mas nós duas sabemos que não me ligaria, por isso pedi cinco minutos do seu tempo. A mulher ficou olhando para ela em silêncio por um longo minuto, mas depois olhou para a pista, onde seu filho treinava e assentiu. —Vamos lá fora, não quero distraí-lo —declarou. Andrea a seguiu para fora das arquibancadas e a senhora Stormhold parou na frente dela em um dos corredores desertos. —Bem, o que queria me dizer? —Senhora Stormhold, sou aprendiz de um representante da Nexa Sport Representation, é uma empresa americana nova no país, embora já represente muitos esportistas canadenses —disse Andrea com firmeza—. Estou aqui para oferecer meus serviços, gostaria de ser a agente do seu filho. A mulher na frente dela parecia muito educada, então apenas negou com delicadeza. —Agradeço, mas meu filho não tem outro repres
Andrea sentiu seu coração parar por um segundo ao vê-lo ali. Ele usava um sobretudo longo e preto, uma blusa de gola alta e o cabelo tão impecável como sempre. Sua expressão estava cansada, como se fosse um grande peso estar ali. Ele continuava sedutor, continuava atraente... e de repente foi como se todas aquelas borboletas que ela tinha sentido por ele tivessem se transformado em ratos tentando devorar seu estômago por dentro.Durante dias, Andrea tinha desejado vê-lo aparecer naquela porta, mas agora... agora era muito diferente.Zack olhou discretamente para dentro e se surpreendeu que absolutamente nada tinha mudado ali, mas se absteve de dizer isso. Àquela altura, ele esperava que Mason tivesse voltado a morar no apartamento e ter que negociar com os dois.— Oi — disse ele com a mesma suavidade de sempre.— Oi — murmurou Andrea, mas sua mão não se moveu da maçaneta e seu corpo não deixou de bloquear a porta.Durante um longo minuto, nenhum dos dois abriu a boca, ela o olhava com
Andrea suspirou e passou a mão pelo cabelo. Sentia-se exausta, perdida e um pouco insensível.— O advogado dele disse que este lugar, do jeito que está, não era apropriado para criar uma criança, que não era um ambiente saudável, e o juiz concordou com ele — murmurou.— E o que disse o seu advogado? Não alegou nada sobre isso?Andrea mordeu o lábio, sentindo a dor profunda que esse tipo de conversa trazia consigo, especialmente por estar tendo-a com ele.— Por que você não me responde, Andrea? — insistiu Zack.— Porque estou fazendo um esforço tremendo para não te chamar de "idiota"! — replicou, e ele conteve a respiração. — Eu nem tenho uma cama para dormir, Zack! De onde diabos eu ia tirar dinheiro para um advogado?! Mason entrou com um processo pela custódia e em menos de duas semanas já tinha levado minha filha sem que eu pudesse fazer nada!Os olhos de Zack se encheram de lágrimas e ele rugiu de frustração. Não cabia na sua cabeça que Mason tivesse sido tão cruel com Andrea e o be
Se havia um bom momento para que a terra se abrisse e o engolisse, definitivamente para Zack Keller era aquele.Eles não tinham tido uma conversa longa, mas havia palavras de Andrea que não saíam de sua cabeça:"Mason tirou minha filha de mim porque eu não quis voltar para ele"."Eu nem sequer tenho uma cama para dormir, Zack! De onde diabos eu ia tirar dinheiro para um advogado?!""Só quero que você vá embora"."Você não arruinou nada, só foi... irrelevante".Talvez isso fosse o pior de tudo, que depois de ter prometido que a ajudaria, que a protegeria, não tinha estado lá para fazer nenhuma diferença. Andrea havia perdido sua filha, e por mais que ela repetisse que não era culpa dele, Zack não conseguia deixar de pensar que era.Ben se assustou quando no dia seguinte chegou cedo e o encontrou no escritório, andando de um lado para o outro como um leão enjaulado. Por sua aparência desleixada, era evidente que não havia dormido a noite toda e seus olhos estavam cansados de preocupação.
Um carro luxuoso parou em frente ao edifício e dele saiu Mason, muito bem vestido, e uma enfermeira que carregava o bebê nos braços. Andrea imediatamente a pegou e a aconchegou contra seu peito.— Bem... você conhece algum bom investigador particular? — perguntou de repente.— Posso conseguir um. Por quê? — perguntou seu amigo.— Porque me parece estranho demais que um homem que teve que roubar sua mulher e sua filha há seis meses, agora chegue dirigindo um Mercedes-Benz de alta gama — replicou com raiva. — Preciso de tudo o que houver sobre esse homem, Ben, até a cor das malditas cuecas dele!Afastou-se rapidamente e, tentando conter suas emoções, dirigiu-se à porta. Ele tinha que encontrar Andrea; tinha que se desculpar por tê-la abandonado e dizer que a ajudaria, que moveria céus e terra para colocar Adriana de volta em seus braços de forma permanente, mas primeiro tinha algo a fazer.Tomou as escadas porque, com Adriana nos braços, Zack tinha certeza de que Andrea pegaria o elevado