Capítulo 4

Debbie

 Fico quente rapidamente, não deveria acontecer isso. Meu corpo não deveria me trair desse jeito, o homem é lindo, mas não muda o fato de ser meu chefe. Passo a língua pelo lábio inferior querendo pensar no que dizer, mas percebo que seu olhar percorreu cada movimento que minha língua fez. Um leve sorriso surge em seus lábios.

— Você está atraída por mim. — diz e volta a comer.

Arregalo os meus olhos.

— O que?! 

Ao terminar de mastigar, bebe um pouco do seu suco natural.

— Você aperta a mão constantemente na minha presença, sua respiração fica falha quando me aproximo e você me olha mais tempo que o necessário. — as palavras saem tranquilamente daqueles malditos lábios. — Seu corpo te trai facilmente.

Não sabia onde enfiar minha cabeça, já é ruim eu pensar desse jeito, mas ele pensa e vê… Droga! Procuro manter a calma. A demissão não veio, mas não posso me dar ao luxo de dar uma resposta atrevida. Tenho que pensar antes de agir 

— Sentir atração é normal, mas pode ficar tranquilo que…

— Não precisa se preocupar, Srta. Ward.

— Debbie. — Engoli em seco. — Pode me chamar de Debbie.

As palavras escapam de minha boca antes que possa raciocinar no que acabei de dizer. E a história de pensar antes de agir? Não temos intimidade para propor chamarmos pelo primeiro nome, não quando ele j**a na minha cara que sinto atração por ele. Uma relação profissional que deve existir entre nós, apenas.

— Quer mesmo cruzar essa linha de intimidade?

Ah, não! É apenas um nome caramba, porque faz parecer algo tão grande e a situação ficar tão sensual. Desejo meu chefe? Sim e daí? Não é como se ele fosse me jogar nessa mesa e me levar a loucura. Pode ser bem agitada e louca para algumas pessoas, mas tenho consciência e penso antes de agir. E uma coisa que eu deveria pensar e considerar é: não flertar com o meu chefe.

Mas a tentação é tão grande.

— Seria ruim? — Sussurro a pergunta.

O que estou fazendo?! Nos olhamos em silêncio, considero em desviar o olhar, mas não conseguia. A sensação de estar fazendo algo de errado e a qualquer momento alguém pode chegar e sermos pegos é eletrizante. Sr. Butler desvia o olhar e respiro fundo, percebendo haver prendido a respiração.

É, estou realmente atraída pelo meu chefe. Não posso negar um fato que aconteceu desde a primeira vez que nos vimos.

— É melhor tomar cuidado com o que deseja. — E com essas palavras almoçamos em silêncio.

Antes de sair da sua sala, o Sr. Butler revisa os papéis novamente e chama outra pessoa para fazer os trabalhos fora, deixando com que eu trabalhe na minha mesa. Droga! Por que não consigo agir direito perto desse homem? Tenho que pensar e focar no meu trabalho, esse emprego precisa dar certo por longos meses. Não posso jogar tudo para o alto! Foco Debbie! Há muita coisa em jogo e não quero voltar para aquele passado tenebroso.

Não! Para lá não volto nunca mais.

No final de semana, não me surpreendo ao dormir tanto. Minha cabeça lateja quando acordo e minha vontade é dormir novamente, mas fui convidada para almoçar na casa de um dos advogados da firma. Óbvio que não vou perder essa chance, o único motivo é não quero cozinhar, mas quero comer bem. Além de ser de graça.

Foram poucos esses convites e os que fui convidada fiz questão de ir, o que me deixou mais próxima deles.

Sou muito bem recebida, um apartamento sofisticado e pessoas escolhidas a dedo, mas uma pessoa especial chama a minha atenção. Thomas ergue o copo no ar, me cumprimentando. Dou um leve sorriso e faço o mesmo assim que recebo a minha taça. Lembro muito bem da nossa troca de conversa na empresa e não deveria ter gostado tanto.

Mantenho o tom formal com eles, parece mais uma reunião de negócios do que um almoço informal. Claro que deve ter segundas intenções de negócios entre eles.

— Tenho que dizer que fiquei surpreso em vê-la aqui.

É uma tarefa difícil não escondeu o sorriso que surgem meus lábios, Thomas logo aparece em minha frente não precisando me virar para mim. Algumas mechas dos cabelos castanhos caem sobre sua testa, o sorriso de canto performa muito bem no rosto desse homem. 

— Momentos raros, mas que acontecem.

Thomas bebe um pouco dessa bebida.

— Entendo, esse pessoal é… — sua aproximação, me deixa surpresa. Ninguém parece se importar com nós dois, mas está muito perto. É como se fosse me contar um segredo. — Fechado demais.

Seu hálito fresco dança no meu rosto.

— Sim. — é o que consigo dizer. 

— Mas imagino que seus outros colegas de trabalho deva ter te apresentado melhores lugares na sociedade. — Se afasta um pouco.

Já fomos em diversos lugares, cada grupinho com seu gosto diferente e fiz questão de conhecer cada um. Me distraiu demais e era o que estava precisando.

— Fui em alguns. — Me limito a dizer.

Procurando entender o quanto quero me arriscar com ele.

— Parece gostar de lugares agitados, estou certo? — seus olhos estão fixos ainda.

Balanço a cabeça em resposta.

— A música alta e balancear do corpo costuma deixar tudo mais leve depois de uma rotina longa de trabalho.

Thomas não me responde de imediato, é comentar em uma discussão sem dizer uma única palavra. Mas o assunto em si é malicioso e cheio de promessa, meu corpo esquenta com aqueles olhos castanhos-claro deixando tão explícito suas intenções. Sou a primeira a desviar e bebo de vez o champanhe em minha taça. 

— Imagino como o balancear em seu corpo alivie a rotina pesada do trabalho.

Olho nervosa para os lados. O anfitrião nos chama para almoçar. 

— É melhor irmos. — Comento.

Thomas anda ao meu lado.

— Está livre essa noite?

— Não. — Minto. — Vou pegar meu gato no veterinário mais tarde e mimá-lo um pouco.

Não tenho gato.

— Oh, qual o nome dele ou dela?

— Hum, Frank. — Falo o primeiro nome que vem à minha cabeça. 

— Sinto muito pelo Frank. Espero que fique bom logo e que tenha a honra de sair com a sua dona. — Olho para ele, arregalando os olhos. Thomas pisca para mim e passa a minha frente indo ocupar o seu lugar.

Ok, todas as suas intenções estão bem claras. E agora? Ele não é o meu chefe. Quero dizer, não falo sobre a atração entre os dois, digo em relação à patente no trabalho. Talvez não seja o meu chefe direto? Aí! É aquilo, eu quero, mas não sei se devo. Uma relação entre colegas de trabalho dá certo? 

Ah, mas Thomas Jenkins é um galanteador nato. O tipo de cara que gosta de uma diversão e notei na primeira vez que nos falamos, e só para distrair um pouco.

E estou precisando!

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