Depois daquela conversa em minha casa, a dinâmica entre Rafael e eu começou a mudar. Eu não sei o que mudara de fato, mas o fato dele se declarar para mim fora algo que eu não esperava. Mas para ser sincera, sua declaração me fizeram muito feliz. Pela primeira vez me senti em um conto de fadas.O trabalho se tornaram mais amistoso, Rafael sempre passava em minha sala, e mesmo se eu não estivesse lá, ele deixava uma rosa em minha mesa. Cafona, eu sei, mas não pude deixar de achar fofo. Sônia fez piadinhas engraçadas sobre isso, que estava cansada de tanta melação de casal apaixonado. Mauro apenas assentiu enquanto jogava no celular. Claro, Márcia não aceitou bem a rejeição. Quando chegamos na casa de Rafael, ela estava lá, esperando por ele. Assim que o viu, ela se jogou em cima dele aos prantos, suplicando por uma chance. Era constrangedor de assistir e quando saí do carro, senti seu olhar fulminando minhas costas. Podia sentir a ameaça de retaliação chegando junto com seu olhar frio
- Não pode ser! – exclamei, levando as mãos até a boca. - Por favor, diga que está brincando comigo.- Eu queria dizer que sim, Juli. Mas não é. – seu suspiro era audível. – Sinto muito. Quem fez isso sabia muito bem o que estava fazendo.Fechei os olhos, a culpa me consumindo. Eu demorei demais para encontrá-lo e agora, a pista mais confiável que eu tinha desapareceu. Rafael tomou o celular de minhas mãos e colocou no viva voz.- Tem certeza de que foi assassinato? Sim, patrão. Mas no início pensaram que tinha sido um acidente domestico. Encontraram ele caído sobre a própria comida na mesa da cozinha. – meus olhos encontraram os de Rafael. – Mas as coisas mudaram quando o legista o examinou.- Qual a causa da morte?- Asfixia, senhor.Fiquei entorpecida com os detalhes. Aquilo não podia está acontecendo de verdade.- Mauro, há quanto tempo Jorge está morto? – perguntei, temendo a resposta.Ele suspirou novamente, mas respondeu:- Há quatro dias.Minha mente começou a trabalhar. Eu n
Juli estava estranha.Desde que soubera da morte do tal Jorge, seu semblante alegre desapareceu. Era como se algo tivesse morrido dentro dela e Rafael não sabia mais o que fazer. Por que ela estava tão preocupada em descobrir a verdade? Será que queria tanto assim que ele partisse? A reação natural seria ela ficar feliz dele permanecer na cidade por mais tempo, certo? Mas, considerando como falou com ela naquela época, dava para entender sua posição.Estava lendo em seu escritório quando Mauro entrou. Para um homem de meia idade, era bem ágil, discreto e confiável, um dos melhores funcionários que encontrou desde que descobri os problemas da empresa. Seu treinamento militar era excelente. Quem melhor que ele para desenterrar algumas coisas?- Mandou me chamar, senhor?Rafael o olhou por um tempo, juntando as mãos em frente ao corpo.- Como Juliana soube sobre você? – questionou.- Eu contei para ela. – arqueou a sobrancelha. - Algum problema?Ele suspirou. Ele não queria envolver ela
Estava prestes a sair da casa de Rafael quando ele me chamou. Senti que algo estava errado e quando voltei-me para ele, percebi que estava certa. O olhar caloroso de minutos atrás fora substituído por uma frieza que eu nunca vira antes. Me mantive quieta. Talvez algo tivesse acontecido depois que saí. Algo dera errado, não sei. Mas aquele olhar estava me assustando. Quando ele parou a minha frente, pude ver veias saltando de seu pescoço em um esforço para conter a raiva. Não pude deixar de me preocupar com o que ele tinha. Estava prestes a perguntar quando ele agarrou minha bolsa e a jogou no chão. Um grito de pavor saiu de meus lábios e Rafael deu uma risada fria.- O que está fazendo? – perguntei em pânico.Tudo parecia tranquilo depois que saí do escritório dele. Por que estava desse jeito.- Achou divertido me enganar, Juliana? Eu sou um completo idiota para você?Com voz fria, ele avançou sobre mim, agarrando meu braço rudemente. Reagi, puxando meu braço e o empurrando para long
Os dias que se seguiram foram os mais difíceis que enfrentei durante muito tempo. Passava os dias transitando entre a raiva, a mágoa e o rancor. Não tinha ninguém para conversar, já que meu celular fora destruído por Rafael e não tinha previsão para comprar um novo. Não depois de ser acusada desse jeito.Em nenhum momento demonstrei meus reais sentimentos para as pessoas que tive contato. Não verdade, abria um sorriso e seguia em frente, como se nada tivesse acontecido. Porém, quando voltava pra casa, todas as lágrimas não derramadas corriam livremente por meu rosto. Mimi sempre vinha em meu apoio, batendo a cabeça em meu braço e lambia o mesmo carinhosamente. Mesmo nesses momentos, não podia deixar de sorrir e afagar minha pequena bola de pelo.Olhei para seu pote, vendo que estava sem comida. Fui com ela para a cozinha dar-lhe comida. Notei com pesar que a sua ração estava acabando e suspirei. Não importa como me sentia no momento, minha gata precisava de mim para alimentá-la. Poder
Depois que desabafei com Emília, as coisas de tornaram mais fáceis de suportar.Fiquei em meus trabalhos na lanchonete e como a formatura de Well estava perto, participei mais ativamente dos ensaios. Se tornou um alivio necessário, precisava admitir, quase como se as coisas voltassem ao normal de novo. Claro, não conseguia esquecer Rafael: o que passamos juntos e a situação do roubo, mas estava a um nível em que não me importava mais.Estava preparada para tudo, mas nenhuma intimação chegou até mim, mesmo depois de tantas semanas. Talvez a razão finalmente o atingiu e Rafael deve ter visto que não tinha motivos de me acusar por algo tão surreal. Mauro pode ter feito aqueles idiota enxergar a razão, mas não tenho como saber, já que encontrei Mauro poucas vezes desde o incidente.Pensei comigo mesma: de eu fosse tão descarada a ponto de roubar um valor exorbitante desses, já teria fugindo para muito longe e gastado todo o dinheiro, certo?Felizmente, aquilo não era mais problema meu.-
- Espera! Rafael exclamou e senti sua mão agarrar meu braço com insistência, obrigando me a parar. Ofeguei em surpresa e ao me virar, vi seu olhar frio, porem determinado. Eu não podia acreditar que aquilo estava acontecendo de novo. Tentei me soltar de seu aperto, mas dessa vez ele não me deixou ir. Sua mão estava firme e minhas tentativas de me libertar fizeram meu braço doer. Podia sentir sua frustração, o fato de não ceder às suas exigências o estavam enlouquecendo. Essa atitude, porém, estava me deixando irritada. Disse friamente. - Me solta! Rafael me olhava, sem dizer nada. Continuou segurando meu braço e no impulso me puxou contra ele. Meu corpo se chocou contra o seu e aquela faísca familiar que pensei estar adormecida voltou a se acender entre nós. O ar parecia mais pesado e a tensão entre nós era muito evidente. Levantei a cabeça e o olhei por um momento. Aquilo era insano e ele sabia disso, mas Rafael parecia não se importar. As pessoas que estavam no ensaio e os t
Durante todo o trajeto até sua casa o silêncio era sufocante. Em nenhum momento olhei para o homem que dirigia ao meu lado. Ele tentava puxar conversas comigo, mas suas perguntas eram respondidas com monossílabas e frases curtas. Meu silêncio o incomodava, eu sabia disso e notei pelo canto do olho como Rafael apertava o volante com força. Eu não estava interessada em seus sentimentos, já que protagonizou uma cena vergonhosa minutos atrás.Nem mesmo a musica que preenchia o silencio do carro estava me acalmando. De alguma forma, me deixava mais irritada. Playlist de amor e perdão estavam me tirando do sério. Eu suspirei alto, apoiando minha cabeça no vidro do carro. Emoções contidas, o cansaço do meu corpo e o pensamento em meu amigo inundaram minha mente.Será que Well estava bem? O soco que Rafael deram nele o pegou desprevenido. Lembrei de seu hematoma e a culpa me atingiu. Se eu apenas tivesse concordado e ido com Rafael, talvez aquele lindo rosto de bebê não teria uma imperfeição