Anne
Assim que entro no hospital e vou em direção à cantina, encontro Klaus. Olho-o um pouco envergonhada por causa de ontem e ele me dá um bom dia extremamente seco. Sinto raiva por me tratar tão friamente depois de tudo o que aconteceu entre nós. O que esse alemão está pensando?
— Falou alguma coisa, doutora? — a enfermeira Carmem me pergunta assim que me sento na cadeira em frente à minha mesa. Ela está organizando meus pacientes.
— Não é nada, Carmem, desculpe. Eu estava distraída. Bom dia, tudo bem?
— Sim, doutora. Hoje sua agenda está cheia.
— Que bom, Carmem. Estou realmente precisando ocupar minha mente, nada melhor do que trabalho para isso.
Entre um intervalo e outro, lembro de como me entreguei ao Klaus, o jeito que ele me beijou e a forma como nossas línguas se movimentaram em perfei
JoãoTrabalho no escritório do meu pai e não tenho tido bons frutos. Formei-me em Direito não por gostar da profissão, mas por causa do dinheiro já que, como filho único, serei o sucessor no escritório da família. Minha intenção inicial era trabalhar para o tráfico, pois é o meio mais rápido de conseguir muito dinheiro, mas infelizmente o coroa não pega esses tipos de casos em seu grupo.A cada dia que passa fico mais puto. Ele me dá casos que não acrescentam em nada na minha carreira e no meu bolso, enquanto o restante do grupo, principalmente o meu primo Marcelo, ficam com casos rentáveis. A maioria dos clientes são megaempresários que rendem um bom dinheiro para o escritório.Minha chance de ganhar muito dinheiro surgiu quando a senhora Martins veio até nós. Meu pai revisou o caso
AnneAbro meus olhos, estranhando o lugar. Parece ter um sino dentro da minha cabeça, badalando sem cessar. Zonza e sem entender nada, sento-me na cama, encostando na cabeceira. Aos poucos, a tontura inicial vai dissipando-se e reconheço o cômodo onde estou. Lembranças deste quarto vão esclarecendo meu questionamento. — Ai meu Deus, o quarto do Klaus. Estive aqui outras vezes e não tem como não reconhecerComo eu vim parar aqui?Vejo na mesinha de cabeceira um copo com água e um comprimido. Sorrio. Klaus como sempre cuidando de mim. Movimento-me para pegar o comprimido e é aí que percebo estar de lingerie. Ele me despiu e me sinto envergonhada por isso. Apesar de ele ter confessado que me viu de lingerie no outro dia, lá em casa, dessa vez foi diferente. Eu provavelmente estava bêbada e suja, infelizmente nã
AnneKlaus quebra o silêncio confortável em que estamos.— Anne, o que tivemos aqui não tem mais volta. Já deixei bem claro que eu quero você e, pela a reação do seu corpo e os beijos que trocamos, sei que quer o mesmo. Não vou aceitar nada menos do que você ficar comigo e se entregar totalmente, sem desculpas. Não deixe que fatores externos interfiram no que nós temos, no que estamos sentindo um pelo outro. A não ser que eu esteja enganado, que você não sinta nada por mim.Klaus me vira de frente para ele e me olha com um olhar interrogativo.— Até ontem, eu não admitia para mim mesma que estava envolvida por você. Estava agindo como sempre agiram comigo.Ele parece ainda mais confuso.— Ao longo desses três meses, você foi me conquistando aos poucos. No início, era só am
AmandaComo eu sou burra. Burra, burra, eu fui uma completa idiota em cair na lábia desse alemão. Desde a primeira vez que o vi, fiquei atraída por ele, um fato que até então era normal porque sempre fiquei atraída por caras bonitos, e o Adam é lindo demais. Sua altura, seu corpo e seus olhos são um conjunto de pura perfeição e perdição. Por ele ser meu chefe, não agi como faço normalmente. Nunca fiz o tipo donzelinha ou gostei de joguinhos, se eu estivesse a fim, deixava bem claro. Cabia ao cara aceitar ou não, e graças a Deus nesse quesito sempre fui bem-sucedida.A Anne é diferente de mim. Ela teve uma vida fodida e nunca quis desviar do foco, seus estudos sempre foram prioridade e ela também sempre teve o sonho de se entregar à pessoa certa. Sexo para ela é muito complicado por causa de umas merdas que aconteceram
AnneSempre fui muito realista. A minha vida diária não me permite ter sonhos românticos como a maioria das garotas tem, na minha cabeça não há espaço para fantasias e muito menos para me apegar à ilusão de encontrar o homem perfeito, porque todas nós sabemos que ele só existe no nosso imaginário. Desde que iniciei minha residência, senti admiração pelo Klaus e pelo Adam, dois excelentes profissionaisque dedicam seu tempo para ajudar pessoas sem receber nada em troca. Depois que nosso relacionamento saiu do âmbito profissional. pude ver como eles são pessoas especiais no seu dia-a-dia. Principalmente o Klaus, nossa afinidade foi instantânea, com o seu jeito observador ele foi me conquistando aos poucos. Seu carinho, sua amizade e seu cuidado comigo fazem eu me sentir amada e o querer sempre próximo a mim.Klaus chegou para
JoãoQuem é a porra desse alemão?Essa cara atrapalhou meus planos. Desde que eu e a Anne saímos, sabia que tinha alguma coisa errada. Ela não estava tão à vontade como da primeira vez que nos vimos e, depois que ela começou a beber, só falava nesse tal de alemão. Para mim era coisa da bebida, o pior é que eu estava enganado. Pelo o que eu vi, ela está apaixonada por ele, e é recíproco. Isso torna tudo mais difícil. Tenho que conseguir um jeito de ela assinar a procuração, esse dinheiro tem que ser meu.Cada dia que passa, meu prazo vai se esgotando e daqui a pouco vou ter que prestar contas ao meu pai. O coroa é esperto e pode descobrir que já encontrei a Anne e, se ele souber antes de que ela assine a procuração, estou ferrado, adeus herança. Tenho que bolar um plano para tirar esse alemã
AnneFaz quinze dias que eu e Klaus dormimos juntos, e, desde então, não ficamos mais juntos porque dois dias depois ele precisou ir para Los Angeles. Uma celebridade, que não sei o nome por ser confidencial, o contratou para fazer uma cirurgia reparadora de um procedimento malsucedido. Estou morrendo de saudades. Todos os dias ele me manda mensagem durante a manhã e me liga à noite. Ficamos horas conversando e, a cada vez que ouço sua voz, desejo tê-lo ao meu lado.Sem que o Klaus soubesse, me matriculei em um curso para aprender a falar alemão. Desde que o conheci, ele fala coisas na sua língua natal que eu não sei o significado e fica chato ter que ficar toda hora perguntando. Quero fazer uma surpresa para ele, poder conversar em sua língua. Hoje pela manhã encontrei o João na porta do meu curso. Segundo ele, foi levar uma amiga que estuda lá. Nós no
AnneAcordo de madrugada, sentindo Klaus agitado. Ele está debatendo-se e eu não sabia o que fazer. Assustada com a forma que ele está reagindo ao seu pesadelo, acendo a luz da luminária que fica ao lado da cama em cima da mesa de cabeceira e o chamo com cautela.— Klaus, meu bem, acorda.Seu rosto está banhado de suor, que desce por seu pescoço, indo de encontro ao seu peito nu. Um gemido de dor sai da sua garganta. Sinto-me impotente, quero arrancar dele o sofrimento que aquele pesadelo o proporciona.— Klaus, sou eu, meu bem, sua schön.Passo minhas mãos em seu rosto, sua expressão é de horror. Seu grito de dor ecoa no quarto.— Não!Klaus se levanta abruptamente, seus olhos fixos em algo que somente ele vê. Coloco minha mão em suas costas e meus dedos a percorrem delicadamente.— Klaus, fala