Capítulo 4

A nova semana começou e eu, Ana, acordei cedo, fazendo minha higiene matinal. Desci as escadas e encontrei minha mãe, Clara, já me esperando com um sorriso.

— Bom dia, mãe. Como você dormiu? Pronta para mais uma semana? — perguntei, tentando soar animada.

— Sempre pronta, filha. Fiz ovos mexidos hoje. O que acha de me fazer companhia? — Clara respondeu, rindo.

— Acho uma ótima ideia, estou faminta.

Tomamos café juntas, e logo depois minha mãe se ofereceu para me dar uma carona até o trabalho. Quando chegamos, Miguel, meu chefe, já havia saído, e, sinceramente, isso me trouxe certo alívio. Depois do fim de semana, tudo o que eu queria era evitá-lo.

A manhã transcorreu normalmente, preenchida por telefonemas e anotações de recados para Miguel. O tempo passava rápido, e o som de uma notificação no meu celular chamou minha atenção. Era uma mensagem de Hugo, um conhecido da festa.

Hugo: Olá, Ana. Como você está? Na festa você saiu tão de repente, nem nos despedimos direito.

Ana: Verdade, bebi mais do que planejava. Contraditório da minha parte, não é? Disse que não beberia e veja só!

Hugo: Acho que precisamos nos ver novamente, dessa vez sem bebida. O que acha?

Ana: Com certeza. Quando você pensou?

Hugo: Por mim, agora mesmo kkkk.

Ana: Sem gracinhas, Hugo... (risos)

Hugo: Que tal uma pizza depois do seu expediente?

Ana: Ótima ideia. Faz tempo que não como pizza, sabia?

Hugo: Combinado então. A que horas você sai?

Ana: Às 17h, mas quero passar em casa antes.

Hugo: Tranquilo. Te busco em casa, e de lá vamos à pizzaria.

Ana: Certo, até mais tarde. Bjs.

Hugo: Bjs, gata.

Pensamento: Hugo é um cara simpático. Talvez com ele as coisas sejam diferentes. Vai ser bom sair e relaxar um pouco.

O dia foi passando e, perto do horário de ir embora, fui à cozinha pedir para Lia preparar algo leve para Miguel. Para minha surpresa, ele chegou mais cedo do que o habitual. Me aproximei para saber sobre a vaga que tanto aguardava.

— Boa tarde, senhor. Gostaria de saber se já tem uma resposta sobre a vaga? — perguntei, ansiosa.

— Ana, você foi impecável em suas tarefas. Seria um erro não contratá-la. A vaga é sua — Miguel disse com firmeza.

A felicidade me invadiu, e antes que pudesse me conter, dei um abraço em Miguel.

— Obrigada, senhor, muito obrigada!

Ele ficou rígido por um momento, claramente desconcertado com a intimidade inesperada, mas acabou retribuindo. Percebi o que havia feito e me afastei rapidamente.

— Já deixei sua janta preparada com as meninas da cozinha. Logo mais estará pronta.

— O que teremos hoje? — perguntou ele.

— Tilápia assada com crosta de granola salgada.

— Ótimo. Era exatamente isso que eu queria. Avise a Meyre que hoje não quero sobremesa. Tenho uma reunião online e preciso preparar alguns documentos.

— Certo, senhor, como desejar — respondi, aliviada por tudo estar em ordem.

Enquanto Miguel subia para o quarto, fui organizar minha bolsa. Ele estava na varanda, verificando algo no computador, quando notou um rapaz de moto na frente da casa. Os seguranças checaram, mas logo voltaram aos seus postos. Miguel observou quando subi na garupa e, embora estivesse distante, percebi seu semblante mudar.

Minutos depois, Hugo me aguardava do lado de fora, com um sorriso travesso.

— Podia ser menos bonita, Ana, só assim não prenderia tanto a minha atenção — disse ele, rindo.

— Você sempre assim, Hugo? — brinquei.

— Só ao seu lado — ele respondeu, ajustando o capacete. — Segura firme, hoje o vento vai bater mais forte.

— Por favor, Hugo, vai devagar — pedi, rindo, enquanto ele acelerava.

Chegamos em casa e ele virou para mim, ainda na moto.

— Deixa eu tirar o capacete dessa aventureira corajosa — disse, enquanto sorria.

— Você é doido, Hugo. Nunca mais saio de moto com você — falei, rindo.

— Amo te ver sorrindo, sabia?

— Melhor a gente não misturar as coisas, Hugo.

— Quem disse que eu vou misturar? Eu gosto de conquistar aos poucos. Não desisto fácil.

— Entra, vou me arrumar. Não dá para sair assim, toda suada e desajeitada.

— Suada e desajeitada, e mesmo assim a mais linda.

Deixei Hugo na sala e fui me trocar, aproveitando para deixar um bilhete para minha mãe:

“Mãe, não precisa me esperar para jantar. Saí com um amigo para a pizzaria aqui do lado. Quando eu voltar, te apresento. Apenas um amigo, viu? (risos). Beijos.”

Chegamos à pizzaria.

— Ana, qual sabor você vai pedir?

— Vou de napolitana. E você?

— Vou de napolitana também, adoro.

Comemos bastante e saímos satisfeitos.

— Hugo, está na hora. Preciso voltar, acordo cedo amanhã.

— Claro, só vou acertar a conta. Eu pago.

— Nada disso, vamos dividir.

— Eu te convidei, então eu pago. Mas na próxima, você me chama e a gente divide. Assim, você fica me devendo mais um passeio.

— Não sei se fico com raiva ou se dou risada, Hugo.

— Você está linda demais — ele disse, sorrindo, e pagou a conta.

Chegamos em casa, e antes de me despedir, falei:

— Hugo, entra um pouco. Quero te apresentar para minha mãe, como prometi.

— Vou entrar como seu amigo e futuro namorado — ele disse, brincando.

— Estou desistindo, Hugo (risos). Vamos, sem exageros.

— Boa noite, mãe. Esse é o Hugo.

— Muito prazer — minha mãe disse, com um sorriso. — Que bom que você fez novos amigos, Ana.

— Obrigada, mãe. Hugo, preciso te acompanhar até a porta. Amanhã acordo cedo.

— Você é demais, Ana — ele disse, ao se despedir. — Gostei muito da noite.

— Eu também. Até a próxima.

Fechei a porta e me virei para ver minha mãe, que sorria.

— Mãe, é só um amigo, está bem?

— Não falei nada, Ana.

Subi para o quarto e, apesar da noite divertida, Miguel voltou aos meus pensamentos. Me lembrei do toque em meu rosto, o deslizar de seus dedos no meu cabelo, e o beijo que trocamos na casa da praia. Suspirei, tocando os lábios.

"Por que você complica tanto, Miguel? Por que não pode ser diferente?" — pensei antes de adormecer.

Na manhã seguinte, acordei com o cheiro de café fresco e torradas.

— Que cheirinho bom, mãe. Você caprichou — comentei.

Tomamos café e fomos para o carro. Ao chegar na casa de Miguel, percebi que ele ainda estava por lá. A porta do escritório trancada sugeria que ainda não tinha saído.

Continua.

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