UM REENCONTRO COM O AMOR
UM REENCONTRO COM O AMOR
Por: Julia Grin
Capítulo 1.

Nesta manhã ensolarada, me despeço de Louse minha madrasta, e entro no carro. Estou a caminho da cidade onde minha mãe mora. Como é uma cidade grande, espero conseguir um emprego rapidamente. A ansiedade me consome, e mal posso esperar para reencontrar minha mãe, de quem sinto tantas saudades desde que me mudei.

No carro, meu pai, Carlos, tenta me fazer reconsiderar.

— Ana, tem certeza de que quer ficar com sua mãe? Ainda dá tempo de pegar suas coisas, filha.

Respiro fundo e respondo, tentando manter a calma.

— Pai, não complique as coisas mais do que já estão. Você sabe o quanto isso é difícil para mim, mas aqui é mais fácil para eu arranjar emprego. Por favor, deixe as coisas mais leves. Sei que estou sofrendo com essa separação, mas podemos matar as saudades por chamada de vídeo. Tenho certeza de que a Helena cuidará bem de você. Então, vamos antes que fique muito tarde e eu me preocupe com sua volta para casa.

Terminei o ensino médio recentemente e não quero depender dos meus pais. Chegando à casa da minha mãe, sou recebida com um abraço caloroso.

— Oi, filha! Como você está linda. Fico feliz que tenha decidido morar comigo.

— Oi, mãe. Também estou feliz de estar aqui com você.

Minha mãe me conduz até meu novo quarto.

— Vamos subir, vou lhe mostrar seu quarto. É pequeno, mas super confortável. Tem uma janela com uma vista incrível da cidade, acho que você vai gostar.

Fazia muito tempo desde a última vez que visitei minha mãe. Naquela época, ela morava em uma casa perto da cidade. Sinto-me bem em estar com ela, até porque sempre tivemos um bom relacionamento. Sinto que esta será uma boa estadia.

— Nossa, mãe! Que legal. Amei meu quarto, as cores, tudo do jeitinho que eu amo. Muito obrigada, não precisava se incomodar.

Olho pela janela do meu quarto e vejo uma grande parte da cidade. Entre os prédios, um se destaca: a empresa do empresário Miguel. 

— Filha, fiquei sabendo que o dono daquele prédio, que é uma empresa, está procurando uma nova secretária. Por que você não tenta a vaga?

— Legal! Acho uma boa ideia. Sou nova por aqui, mas tenho meus objetivos, então preciso correr atrás. Para isso, nada melhor que um emprego.

Olho para o prédio com esperança. Minha mãe sugere que nos despedimos do meu pai, que está na sala há algum tempo.

— Vamos, Ana. Seu pai deve estar esperando.

Na sala, meu pai olha fotos minhas de quando eu era pequena. Ele me observa com um semblante triste.

Dou um abraço forte nele.

— Pai, vai ficar tudo bem. Vamos nos ver nas chamadas de vídeo.

— Flávia, já estou indo. Qualquer coisa que vocês precisarem, podem me chamar.

— Está certo, Carlos. Fique tranquilo. Mande um beijo para a Loise. 

Meus pais estão separados há anos, mas mantêm uma ótima relação e se tornaram bons amigos. Carlos parte de volta para casa.

— Beijos, meu amor — ele diz.

Vendo meu pai ir embora, sinto um aperto no coração.

— Vou sentir saudades do meu pai. Estou com ele desde os sete anos. Não será fácil, mas é o que realmente precisa ser feito.

Meu quarto é pintado de lilás, com alguns porta-retratos na prateleira. É simples, mas aconchegante. A decoração reflete minha personalidade, e sinto-me grata por minha mãe ter se preocupado em deixar tudo tão especial. Agora, é hora de começar essa nova etapa da minha vida.

Após desfazer as malas e tomar um banho, volto ao meu quarto e começo a organizá-lo. Estou tirando as roupas da mala quando ouço uma batida na porta.

— Posso entrar, Ana? — pergunta minha mãe. 

— Pode sim, mãe. Estou aqui organizando as coisas.

Ela entra, com um sorriso acolhedor.

— Depois eu te ajudo com isso, filha. Estava pensando em te levar para um restaurante aqui perto. Não fiz almoço, e seria ótimo para você conhecer um pouco mais da cidade e para colocarmos o papo em dia. O que acha?

— Acho uma ótima ideia. Me dá uns minutos para que eu possa me arrumar.

— Certo, minha princesa.

— Mãe, só não me trata mais como um bebê, tá? — digo rindo.

— Como você quiser, mas saiba que um filho nunca cresce para uma mãe.

Visto uma calça preta e um casaco quentinho, pois em Chicago está bem frio. Passo um batom e vou esperar minha mãe tirar o carro da garagem. Enquanto espero, um carro preto e luxuoso passa lentamente, com o vidro do passageiro abaixado. Imediatamente, noto um homem charmoso e elegante ao celular. Ele me observa por um instante, e nossos olhares se cruzam. Desvio o olhar rapidamente, sentindo um leve calor no rosto.

"Puxa, quem é ele? E por que me olhava daquele jeito? Será que percebeu que fiquei encantada ao vê-lo? Não, não é possível," penso, rindo sozinha.

                            〰️〰️〰️〰️〰️

O carro do homem misterioso desaparece na curva. Minha mãe logo vem e me chama.

— Vamos, Ana. O que está fazendo aí parada? Entre logo, vamos almoçar.

Entramos no carro e partimos. A cidade está linda, coberta de neve, e o clima é agradável. Em voz alta, comento:

— Quando chegar em casa, vou fazer um chocolate quente e colocar um filme.

— Mas não fique até tarde, tá bom? Você precisa acordar cedo amanhã.

Chegamos ao restaurante e, depois de nos instalarmos, fazemos nossos pedidos. Comemos, conversamos e rimos. Foi um dia maravilhoso.

— Mãe, amei nosso dia. Foi tudo muito perfeito. Agora vou para o meu quarto terminar de organizar as coisas, pois amanhã vamos sair cedo em busca de emprego. Certamente não vou ter tempo de deixar tudo em ordem, então aproveito e levo meu chocolate para o quarto.

Termino de arrumar minhas coisas e me preparo para dormir. O despertador toca às 6:00 da manhã, e vou direto para o banheiro. Depois de me arrumar, olho pela janela e vejo o prédio alto onde minha mãe disse que estavam contratando. Sinto um frio na barriga.

Desço e encontro minha mãe com um sorriso largo.

— Filha, fiz torrada. Você tem meia hora para comer com calma.

Minha mãe tira o carro da garagem e seguimos para a empresa. Ao chegar, vejo uma fila enorme.

"Puxa, vou ficar por último," penso, pegando minha ficha e passando meus dados para a atendente simpática.

Quase na hora do almoço, chega minha vez. A atendente se aproxima.

— Aguarde um pouco, senhorita. Vou lhe comunicar e já lhe chamo.

Estou nervosa, mas tento manter a calma. Logo, a atendente me autoriza a entrar. Respiro fundo e entro na sala gigantesca, com tons escuros. Um homem alto está de costas, olhando a paisagem. Ao sentir minha presença, ele se vira, e meu coração dispara. É o homem que vi ontem no carro.

"Minha nossa! É aquele homem. Te acalma, Ana. Respira e mostra a mulher equilibrada que mora dentro de você," penso.

— Olá, senhorita — ele diz com uma voz suave, porém firme.

— Oi, senhor Miguel.

Ele me observa fixamente.

"Será que ele lembrou de mim? Não, não é possível."

Miguel caminha em minha direção.

— Sente-se.

Tropeço, mas ele me ampara rapidamente. Nossos olhares se cruzam de perto.

— Seja mais atenta. Sente-se, por favor — ele repreende, indo para o outro lado da mesa.

— Desculpe, senhor. Não sei o que aconteceu.

— Senhorita, estou precisando de uma secretária, mas não para minha empresa. É para minha casa. Coloquei no anúncio da empresa para não criar alvoroço. Não quero a imprensa aqui. Isso não é bom para os negócios. Então, me fale suas qualificações.

— Bom... Não tenho muita experiência. Terminei o ensino médio, tenho um curso básico de informática e falo dois idiomas. Mas garanto que sou muito esforçada e estou disposta a qualquer trabalho.

Miguel parece interessado.

— Então, você aceitaria trabalhar em minha casa, não é?

— Sim, senhor.

— Certo, vamos fazer uma experiência. Você mencionou que fala dois idiomas. Isso é interessante, já que sempre recebo sócios para reuniões de negócios em minha casa. Seria interessante ter você como minha governanta.

Ele pega um papel de uma gaveta e me entrega. É um contrato de confidencialidade.

— Posso ler com calma antes de assinar?

Ele percebe meu nervosismo e sorri.

— Fique à vontade.

Leio o contrato com calma e, não vendo nada demais nas exigências, assino.

— Então, amanhã apareça às 7:00 horas. Não admito atrasos. Prezo por compromisso e dedicação. Pode se retirar, senhorita.

— Certo, senhor. Estarei lá sem falta.

"Droga! O que está acontecendo comigo?" penso enquanto ele me acompanha até a porta.

— Até amanhã, senhorita Ana Liz. 

— Até, senhor Miguel.

Saio da sala sentindo um turbilhão de emoções, mas determinada a fazer o meu melhor nesse novo emprego.

Ao sair da empresa, meu rosto queimava e minhas pernas estavam bambas. O som das batidas do meu coração parecia ecoar no silêncio.

"Meu Deus! Que homem intimidador. Sedutor. Não sei nem escolher os adjetivos, — murmurei para mim mesma. "Nunca fiquei tão nervosa como hoje."

Quando cheguei em casa, percebi que estava sozinha. Minha mãe ainda estava no trabalho. Subi para o quarto, tomada por uma mistura de alegria e um sentimento diferente, quase inquietante. Não conseguia parar de pensar no dia seguinte, sorrindo sozinha.

Mais tarde, minha mãe chegou.

— E aí, como foi a entrevista? Perguntou minha mãe. 

— Fui chamada para uma experiência," respondi, vibrando. "Amanhã já começo!

— Que bom, Ana! Tenho certeza de que a vaga já é sua. Com quem você fez a entrevista? Foi com o próprio Miguel? 

— Foi sim. Eu fui uma das últimas candidatas. Foi tranquilo, o dono da empresa fez algumas perguntas e gostou de saber que falo mais de um idioma. Isso foi um ponto forte para ser escolhida para a experiência.

Continua.. 

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