Capítulo 2

O telefone de minha mãe tocou.

— Vou atender, tá? Estou muito feliz por você, sabia que ia conseguir — disse ela, saindo do quarto.

Aproveitei a oportunidade para pegar o computador e comecei a pesquisar sobre Miguel Em questão de segundos, as primeiras informações surgiram na tela: ele vinha de uma família bilionária, sendo o filho mais velho entre três irmãos. Busquei também sobre sua vida amorosa, mas não encontrei nada relevante. Voltei para as fotos, ficando um tempo ali, observando-as e me lembrando do seu olhar intenso e do sorriso sedutor. Fechei o computador e fui tomar um banho, tentando afastar os pensamentos.

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Sobre Miguel

Cheguei à empresa e me dirigi direto para a minha sala, onde reservei a manhã para entrevistas. Já era meio-dia e eu ainda não havia encontrado uma candidata que atendesse a todos os requisitos. Pedi para chamar a última candidata, sentindo minha paciência se esgotar. Fiquei de costas, olhando pela janela, esperando.

Quando me virei, uma moça muito bonita e tímida entrou na sala. Seu rosto imediatamente me soou familiar. Peguei a ficha dela e comecei a fazer as perguntas, mantendo os olhos fixos nela. Apesar de visivelmente nervosa, ela respondia com segurança. Seu currículo indicava fluência em vários idiomas, algo que seria essencial nas reuniões de negócios.

Ela estava de cabeça baixa, lendo o contrato, e eu pensei: "Como ela é linda. Tenho certeza de que já a vi em algum lugar." Quando ela voltou o olhar para mim, fui interrompido de meus pensamentos.

— Então, senhorita Ana, amanhã em minha residência, sem atrasos. Sou pontual e prezo pelo compromisso e dedicação de meus funcionários. — disse com firmeza.

Ela se despediu e eu a acompanhei até a porta. Quando ela falou seu nome, de forma automática, respondi:

— Até amanhã, senhorita Ana Liz.

— Até, Sr. Miguel.

Voltei para minha mesa e continuei a olhar pela janela, observando-a sair do prédio. "Não quero misturar as coisas. Não me envolvo com meus funcionários, mas ela é intrigante. Isso está mexendo comigo."

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Sobre Ana

No dia seguinte, acordei cedo, fiz minha higiene e desci para encontrar um bilhete de minha mãe, que precisou sair mais cedo.

Ao sair de casa, encontrei Anita, uma amiga de infância.

— Ana, o que você faz por aqui? — perguntou ela, surpresa.

— Estou morando aqui agora. E você? — respondi.

— Também. Entra aí, te levo e aproveitamos para conversar um pouco.

Anita me contou que estava morando na cidade devido aos negócios de seu pai e me convidou para uma festa no iate deles no fim de semana.

— Não sei, Anita, não conheço ninguém lá...

— Mas você me conhece, e eu te apresento o pessoal. Vai ser legal.

— Então tá, combinamos pelo telefone. Me passa seu número.

Troquei contatos com Anita e pedi para ela me deixar perto do meu destino. Caminhei alguns metros até a casa do Sr. Miguel Fernandes.

— Uau! Parece casa de filme. Como vou dar conta disso tudo? — pensei, enquanto o portão automático se abria. Fui recebida por uma mulher de aproximadamente 50 anos.

— Olá, senhorita Liz.

— Oi, bom dia! Como é seu nome? — perguntei.

— Meu nome é Meyre, mas pode me chamar de Mey. Vamos, me acompanhe. O Sr. Miguel lhe espera na sala.

— Meu Deus! Acho que estou nervosa. Mas desta vez, vou ser o mais profissional possível. Não vou me intimidar — pensei, controlando a ansiedade.

Entrei na casa e fiquei impressionada. Tudo estava impecável, com uma aura de elegância e sofisticação. Miguel estava sentado, mexendo no celular.

— Srta. Ana, sente-se. Vou lhe passar tudo o que você deverá fazer por aqui — disse ele, sem tirar os olhos da tela.

— Certo.

— Então, Ana, você será uma espécie de governanta ou secretária domiciliar, como preferir. Fará o controle da casa, passará recados e supervisionará a equipe, incluindo Magali. Além disso, ficará responsável pelo planejamento das refeições do dia, com a ajuda de Meyre. Pode circular por todos os cômodos da casa, exceto no meu quarto, a não ser que eu precise de algo. Alguma dúvida?

— Não, senhor.

— Sim! Tenho muitas dúvidas, mas não vou demonstrar. Com certeza, Meyre vai me passar todos os detalhes — pensei.

Miguel entregou um envelope com as informações sobre o salário e benefícios.

— Você ficará essa semana em período de teste. Se passar, na próxima segunda-feira estará oficialmente contratada. Estamos entendidos?

— Sim, senhor.

— Estou indo para o trabalho. Fique à vontade para começar. Meyre lhe mostrará a casa.

— Ok, muito obrigado, senhor. Farei o meu melhor.

Miguel saiu, e Meyre logo se aproximou para começar a me mostrar a casa, que era enorme, cheia de cômodos. Se não prestasse atenção, certamente me perderia.

— O Sr. Miguel lhe informou sobre suas responsabilidades, não foi? Você será responsável pelo planejamento, organização e supervisão da equipe. Administrará o funcionamento doméstico da casa e acompanhará o trabalho dos profissionais, como cozinheira, jardineiro, motorista e empregada. Também ficará encarregada dos telefonemas para o Sr. Miguel e de passar os recados.

— Consegui entender tudo o que a Meyre me passou. O Sr. Miguel pode ser muito bonito, mas fala de forma indireta, é complicado compreendê-lo — pensei, tentando me concentrar nas instruções.

As horas passaram e consegui resolver todas as tarefas. O telefone do escritório de Miguel tocou. Atendi e ouvi uma voz rouca.

— Alô, residência do Sr. Miguel. Com quem falo?

— Sou o pai do Miguel. Onde ele se meteu que não consigo contato com ele? E quem é você? Não reconheço sua voz.

— Sou a nova funcionária. O Sr. Miguel não está, saiu dizendo que estaria no trabalho. Gostaria de deixar algum recado?

— Diga a ele que Afonso ligou. Quem sabe assim ele retorna — disse o homem com um tom brincalhão.

— Ok, Sr. Afonso. Seu recado foi anotado. Boa noite.

Deixei o recado na agenda de Miguel e a coloquei aberta sobre sua mesa. Já estava no horário de ir embora e não teria como passar o recado pessoalmente. Estava saindo quando, de repente, dei de cara com ele. No susto, acabei tropeçando e caí diretamente em seus braços.

Desculpe, Sr. Miguel! Acho que me assustei.

Ele me olhou fixamente, seus olhos parecendo analisar cada movimento meu.

— Não há necessidade de pedir desculpas, Ana. Eu que cheguei sem fazer barulho, então, é natural que tenha se assustado.

Eu ainda estava nervosa, e minha voz saiu trêmula quando disse:

— Sr. Miguel, deixei um recado na agenda do seu escritório.

— Não precisa ficar tão nervosa. Vamos até a cozinha, vou lhe oferecer um copo de água. Não há razão para ter medo de mim, não mordo — ele disse com um sorriso, tentando aliviar a tensão no ar.

— Não precisa, Sr. Já estou bem — respondi, mas, ao ver sua insistência, cedi e fui até a cozinha.

Ele encheu um copo de água e me entregou. Olhou-me com atenção antes de perguntar se eu voltaria para casa.

— Eu vou esperar pela minha mãe — respondi, ainda tentando controlar minha inquietação.

— Ligue para ela e avise que vou levar você — sugeriu, com um tom calmo.

— Não quero incomodá-lo, Sr. Miguel. É meu primeiro dia de trabalho, e... não quero causar nenhum transtorno.

Ele sorriu, demonstrando paciência. — Não vejo nenhum problema. Vamos.

Com um suspiro, mandei uma mensagem para minha mãe, avisando que meu chefe me levaria para casa.

— Seu chefe? — ela respondeu, visivelmente surpresa.

— Te explico tudo quando eu chegar, mãe — respondi rápido, tentando esconder minha apreensão.

Entrei no banco de trás do carro de Miguel, ainda um pouco desconcertada com a situação.

— Então, Ana, você é nova por aqui? — ele começou a conversa, tentando quebrar o silêncio.

— Sim. Eu morava em uma cidade vizinha — respondi, tentando manter a calma.

— E o que a trouxe até aqui?

— A cidade onde eu morava era pacata, mas não consegui emprego. Então, depois de conversar com meu pai, decidi vir morar com minha mãe.

Ele permaneceu em silêncio por um momento, mas então a pergunta que me pegou de surpresa veio:

— Você tem namorado?

Senti um frio na espinha. "Por que ele está me perguntando isso?" pensei, uma sensação de desconforto crescendo dentro de mim.

— Não, Sr. Miguel, não namoro. E, para ser honesta, nesse momento, prefiro não me envolver com ninguém. Quero focar na minha independência financeira e nos meus objetivos. Um relacionamento poderia acabar me desviando do meu caminho.

Ele pareceu refletir sobre minha resposta, antes de perguntar novamente, desta vez sobre o local onde eu morava.

— É aqui sua casa?

— Sim — respondi, já sentindo o alívio de estarmos chegando ao meu destino.

          Ponto de vista de Miguel:

Ana estava em pé, diante da porta de sua casa, prestes a abri-la, mas, no momento em que ela fez o movimento, acabou caindo nos meus braços. A proximidade fez meu coração disparar, e, por um momento, não consegui pensar em mais nada. Ela era ainda mais bonita de perto, uma beleza delicada que me deixou sem palavras.

Ela estava visivelmente nervosa, e eu não podia deixar de me perguntar se ela tinha medo de mim. Isso me incomodava, porque eu realmente não queria que ela se sentisse assim.

— Quer tomar um copo de água? — perguntei, notando que ela estava trêmula. Não era para tanto, mas percebi que ela era uma pessoa muito tímida.

Ela aceitou e, como não queria deixá-la desconfortável, ofereci-lhe uma carona, mesmo sabendo que ela havia recusado.

— Vai ser só uma gentileza, sem pressa — eu disse, tentando aliviar a situação.

Ela hesitou, mas acabou aceitando. Durante o caminho, senti uma curiosidade crescente sobre ela. Olhei pelo retrovisor e a vi quieta, olhando para fora da janela, e não pude evitar fazer algumas perguntas. "Você tem namorado?" foi a que saiu sem pensar, mas logo percebi que, talvez, não fosse o melhor tipo de pergunta.

Ela respondeu com honestidade, e a conversa seguiu de forma mais tranquila. Quando finalmente chegamos, senti uma sensação de alívio, sem saber o que mais poderia perguntar. Eu não tinha o direito de me envolver na vida dela, não de maneira tão pessoal.

                Ana em Casa:

— Mãe, cheguei! — disse assim que entrei pela porta.

— Oi, Ana. Que bom que chegou. Venha, preparei o jantar... Vamos comer juntas.

— Vamos, mãe.

Ela olhou para mim, curiosa. — E então, como foi o seu primeiro dia? E por que decidiu vir com seu chefe? — perguntou, com um sorriso travesso.

Sentei-me à mesa e suspirei antes de responder:

— Mãe, foi ótimo. O trabalho não é difícil, só preciso estar atenta. Quanto ao Sr. Miguel... ele se ofereceu para me trazer, e eu acabei aceitando, embora inicialmente tivesse recusado. Não queria causar um mal-estar logo no meu primeiro dia.

Ela me olhou com um sorriso de compreensão, mas não conseguiu esconder sua curiosidade:

— Ele é bonito, Ana. Nunca ouvi falar de nenhum relacionamento dele. Não acha estranho?

— Acho que ele é uma pessoa discreta, mãe. Mas, para ser sincera, não estou interessada nele. Não faz sentido falarmos sobre isso.

Ela concordou, com um leve aceno de cabeça. — Tá bom, filha. Vamos descansar, amanhã é mais um dia.

Ajudei minha mãe a retirar a mesa, e, enquanto fazíamos isso, o peso da conversa com Miguel parecia se dissipar, mas a sensação de desconforto ainda estava ali, me incomodando mais do que eu queria admitir.

                        No Outro Dia:

Acordei cedo, fiz minha rotina, e fui com minha mãe para o trabalho. Ao chegar na casa de Miguel, ele já havia saído. E assim foi durante toda a semana: não o vi nem uma vez.

— Parece que Miguel está evitando me ver — pensei, desconfortável com a situação. Nunca o encontrei nem mesmo na hora do almoço, como a Lia me disse que ele sempre fazia.

Fim de Semana:

Liguei para Anita, tentando desviar um pouco os pensamentos sobre Miguel.

— Oi, Anita! Sobre o fim de semana, estou pensando que não vou, talvez precise organizar o meu quarto ou terminar a série que comecei.

— Nem pensar! Você não vai cancelar. Fica tranquila, vamos ficar com amigos na parte mais animada do iate, não com meu pai e aqueles sócios insuportáveis que só falam de negócios — Anita insistiu, e, sem saber muito bem por que, acabei cedendo.

— Ok, você venceu. Que horas você passa pra me pegar?

— Às 19:00, tá?

— Perfeito.

— Acho que vai ser bom dar uma fugidinha, me distrair um pouco e esquecer essas perguntas sobre Miguel por um tempo.

— Combinado! Beijos.

Falei com minha mãe, que achou ótimo, especialmente porque ela conhecia a família de Anita. Então, me arrumei rapidamente, e, quando estava terminando de me maquiar, ouvi a buzina do carro da Anita lá fora.

Continua.. 

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