KERLLEY TINHA nascido em um lar protestante e desde cedo estava acostumada à rotina eclesiástica e tranquila do coral da sua igreja, desde os seus cinco anos de idade, quando foi descoberta pelo regente era tratada como um diamante precioso, primeiramente para eles que faziam inúmeras apresentações da criança cantora e depois, claro, se sobrasse espaço, Deus.
Mesmo sem saber que estava sendo visivelmente explorada, a vida da pequena Kerlley Sullivan era cantar, não importava o local ou ambiente, se havia uma confraternização em família, sua mãe a colocava no centro da roda e dizia:
— Cante aquela música que a mamãe te ensinou ontem, querida, estão todos aqui para vê-la cantar.
Ela obedecia e era ovacionada por todos que estavam ali presentes.
Diferentemente da filha, Ashley Sullivan era uma pianista e organista frustrada, seja no meio musical ou seja na vida eclesiástica, sua vida se resumia em tocar na igreja as mesmas músicas desde que havia se conhecido por gente e o fato dela ser de uma igreja Batista tradicional e em seu único momento de fraqueza ter nascido Kerlley, aquilo soou como uma bomba para todos.
Apesar de tudo, Ashley se achava uma pessoa afortunada, pois pelo menos uma vez na vida encontrou algo ou alguém que pudesse amar sem limites.
ASHLEY FOI CONVIDADA para tocar em um festival na escola e aquela seria a primeira vez que tocaria em um ambiente tipicamente secular, longe da família, dos poucos amigos que tinha e a única vez que tocaria longe dos olhos atentos de seu pastor.
— Tem certeza que saberá se cuidar sozinha, querida? – Perguntou a mãe.
— Claro... já tenho quase dezessete anos de idade, mãe... uma hora eu teria que sair sozinha e viver a vida.
— Só me prometa que não deixará ninguém chegar perto de você...
— Claro, mãe...
ASHLEY ERA UMA GAROTA razoavelmente comum, sem nenhum atributo que lhe sobressaísse, pele clara, cabelo e olhos castanhos, seios e quadril pequenos, um metro e sessenta e cinco de altura, QI 90, dentro do perfil comportamental DISC de William Moulton Marston seria o S, totalmente voltada às pessoas e pouco para si mesma, se ela pudesse acrescentar uma nova classificação, diria que é uma SS.
Tocou segura de si as músicas em uma casa noturna bem conhecida chamada Paradise e quando o evento terminou, enquanto tomava uma soda sozinha no canto do balcão, ela já não esperava que qualquer pessoa fosse abordá-la, afinal, nunca ninguém o fazia mesmo, ela pensava que esse sento de altruísmo exacerbado fosse nada mais nada menos do que uma carência aflorada, foi então que a sua vida mudou para sempre ao ser abordada por um belo rapaz:
— Olá, gata, tudo bem?
Ela tomou a bebida de uma golada só e acabou engasgando, limpou a boca e ajeitou o vestido meio desajeitadamente.
— Oi... me desculpe... eu...
— Não tem problema algum – disse o rapaz de forma jovial – Como você se chama?
— Porque a pergunta?
— Porque adoraria te conhecer melhor, você é muito linda, sabia?
Ashley ficou nitidamente envergonhada, jamais havia sido elogiada em toda a sua vida, nem mesmo seus pais falavam que ela era bonita, quiçá algum garoto.
— Obrigada...
— Meu nome é Steven e o seu?
— Ashley...
Poucos minutos depois ela já estava nos braços de Steven e foi a melhor sensação que tinha vivido em toda a sua vida, por mais que falassem que aquilo era pecado, pela primeira vez na vida estava recebendo algo em troca depois de tudo o que tinha feito às pessoas, Steven foi a pessoa mais atenciosa que ela já tinha conhecido em toda a sua vida, não importava quantas vezes eu dissesse que ela era linda, eu a fazia se sentir linda e isso era tudo o que mais importava em sua vida.
Aquela foi a sua primeira e única vez que fez amor na vida.
POUCAS SEMANAS DEPOIS ela teve um súbito desmaio e sua mãe a levou para o hospital.
— Meus parabéns, você está grávida.
— Ela o que, doutor? – Interviu a mãe completamente abismada com a revelação.
— Ela está grávida – repetiu o doutor dono de uma naturalidade que a mãe não estava aceitando aquilo tudo ser normal...
— Mas é impossível... minha filha ainda é virgem...
— Então podemos dizer que Deus tem a intenção de m****r um novo Jesus para a Terra, senhora... com licença.
O doutor saiu.
— Me diz que é mentira, Ashley?
— Foi apenas uma única vez, mãe... eu...
A mãe levantou a mão para lhe dar um tapa então sentiu uma dor aguda em seu peito e caiu imóvel no chão.
O VELÓRIO DE Gina Sullivan foi marcado por uma grande indiferença alheia, nem mesmo o marido tinha comparecido ao local, o que fazia de Ashley e o pastor as duas únicas pessoas presentes ao evento.
— Ela era uma pessoa tão má assim, reverendo?
— Ter uma pessoa que a ama já faz a vida ser muito valiosa aos olhos do Senhor, querida.
Ashley então percebeu que a vida de sua mãe nem se dera ao luxo de ter tal valor, pois ela nunca amou a mãe que a judiava como se fosse um reles cachorro sarnento.
— VOCÊ VAI FAZER uma pequena viagem, querida – disse o pai ao lado do pastor – você dirá a todos que se casou e que seu marido morreu, depois de um ano que o bebê tiver nascido você voltará, todos sentirão pena de você e não a acusarão de nada.
— Mas quem vai cuidar do senhor, pai?
— Querida... seu pai tem algo que precisa te contar.
Ashley não estava entendendo nada daquilo tudo.
— Eu e sua mãe já não vivíamos juntos há muito tempo... e... tenho outra família, por isso não poderei levá-la junto comigo.
— Você está me abandonando, pai... é isso?
O pai chegou perto dela, deu-lhe um beijo na testa.
— O pastor Bernard irá cuidar muito bem de você daqui para frente, querida, eu prometo que irei visita-la sempre que puder.
Ela nunca mais viu ou ouviu falar do seu pai.
ASHLEY PERCEBEU que sua dor estava apenas começando, pois ao se negar a seguir com Bernard, levou um tapa certeiro no rosto que a jogou ao chão.
— Acho que você ainda não entendeu a sua situação, não é mesmo mocinha? Você virá comigo e vai fazer tudo o que eu m****r, tudo... estamos entendidos?
BENJAMIN ESTAVA BEIJANDO sua namorada Laís em seu quarto enquanto a festa anual de confraternização das famílias estava rolando no andar de baixo.Todos sabiam que era de desejo mútuo desde sempre que os dois se tornassem um casal e quando os dois anunciaram foi um motivo a mais para fazerem outra festa.— Você acha que devemos? – Disse ela nitidamente envolvida pelo momento e pelo que estava sentindo há tempos pelo belo rapaz, mas também precavida devido as duas famílias estarem ali presentes tão perto deles, mas eles também sabiam que por serem adolescentes eram movidos a hormônios, era a mistura inebriante de desejo e perigo que os rondava que fazia com que desejassem cada vez mais um ao outro.— Nunca saberemos se não tentarmos... e outra, se você engravidasse, a família faria outra festa, você sabe que eles nos querem ver juntos a to
LAIS ESTAVA ABRAÇADA ao noivo durante o sepultamento de seus sogros, ela apertou a sua mão o máximo que pode para mostrar a ele que estava ali para o que desse e viesse.— Vai dar tudo certo.Ele assentiu, mas sua mente estava muito longe de tudo aquilo.— Estamos aqui com você.Não... não estavam... Joseph tinha deixado muito claro após o policial sair de seu escritório, tudo estava armado desde o começo.LAIS ENTROU EM SEU QUARTO e caiu na cama totalmente sem forças, ela sabia que ter ficado noiva de Benny da noite para o dia não iria aplacar a dor dele, mas a notícia, indiferente do momento tinha que ser celebrada de alguma forma.Em seu coração, Benny era o homem dos seus sonhos, era bonito, inteligente e ambicioso, a origem de sua família ainda era muito duvidosa e ele mesmo sempre desconvers
ASHLEY NÃO ESTAVA se sentindo bem, tinha fortes tosses e começou de forma muito mínima, mas quando tossiu uma quantidade considerável de sangue, foi levada imediatamente ao hospital.— Não é possível que tão nova já esteja toda estragada por dentro.Ashley não falou nada, pois sabia que sempre que se manifestava, Bernard lhe infligia com diversos espancamentos e estupros, ela era refém naquele mundo maldito de uma noite de prazer, mas em sua mente aquela noite tinha valido por toda a sua vida, pois foi um momento único e toda vez que ela olhasse para aquela criança sorriria satisfeita, já que jamais esqueceria o desejo com que foi gerada.Você é muito especial, querida... irá um dia viver todos os sonhos que não tive coragem e oportunidade de viver...Em seu íntimo ela sabia que era uma menina e seria uma pesso
— ESTÁ TUDO BEM mesmo, querido?Benny vou à realidade como se houvesse recebido um estalo em sua mente.— Claro...Mas as palavras de seu sogro ainda ecoavam fortes em seus ouvidos.ASSIM QUE O POLICIAL saiu da sala, a vida de Benny foi decretada sem ter a chance de fazer absolutamente nada, não haviam opções.— Vamos direto ao ponto, Benny... você irá para Harvard – ele abriu a gaveta e jogou alguns papéis sobre a mesa – assine e a dívida de sua família estará quase toda sanada, infelizmente minha filha sempre foi apaixonada por você, então não posso fazer muita coisa a respeito quanto a isso além de apoiá-la, como é o desejo dela que você fosse formado em Direito, vou fazer isso por ela... então, resumindo o que está aqui nos papéis, você est
JOSEPH NASCEU no auge da Guerra do Vietnã sem ter conhecido seu pai que era um capitão extremamente respeitado e uma de suas primeiras lembranças na vida foi o enterro dele.— Seu pai era um grande homem, rapazinho, pode ficar tranquilo que iremos cuidar de você.Mas eles estavam mesmo interessados em cuidar de sua mãe viúva.Os anos foram passando e Joseph acabou se interessando pela religião de sua família e ingressou na Organização dos Rapazes e era nitidamente o que mais se destacava naquele ciclo, foi nesse momento que conheceu John O’Reily e percebeu que havia algo escancaradamente de errado consigo mesmo, pois ele estava ferindo uma das principais proibições da igreja...A atração de homens por outros homens...A amizade entre eles foi mais profunda do que eles queriam e certa noite em que Joseph foi dormir na casa d
ASHLEY FOI COLOCADA a pontapés dentro de sua casa:— Quem você pensa que é, sua vadia?— Pelo amor de Deus... não me machuca...— Machucar? Eu sempre cuidei de você, seu pai nunca quis saber de você, mas eu estava aqui o tempo todo, deveria ser grata uma vez na vida.— Nós estávamos aqui.— Muito bem falado, Gery... quando ninguém abriu as portas para uma garota sem talento como você, nós estávamos aqui, quando ninguém quis cuidar de você, nós estávamos aqui... quando ninguém quis te amar, nós estávamos aqui...— Isso não é amor.— Para mim é amor, garota... e não importa mais nada o que você pensa.Foi então que os dois juntos a estupraram.ASHLEY SE SENTIA a pessoa m
BENNY ESTAVA NA UNIVERSIDADE quando foi chamado pela diretoria:— A família de sua esposa está avisando para você se dirigir ao Hospital Boston Medical Group, ela está em trabalho de parto.Benny ainda não sabia se seria menino ou menina, ambos preferiram que fosse surpresa, mas ele nem imaginava que a surpresa seria dupla.— Parabéns, pai, vocês tiveram gêmeos, um lindo casal.A FACULDADE DE HARVARD ERA um ambiente incrível é uma universidadeprivada sem fins lucrativos, situada na cidade deCambridge, estado deMassachusetts, nosEstados Unidos, perto de Boston. É membro daIvy League. Sua história, influência e riqueza tornam-na uma das mais prestigiadasuniversidadesdo mundo.Fundada em 1636 pela Assembleia Estadual de Massachusetts, e logo depois nomeada em homenagem a
KERLLEY CRESCEU criada pela família de Gery Belamy, que era um respeitado regente de corais, mesmo em igrejas que raríssimas vezes abriam espaço para outras pessoas, mas ele tinha um “As” na manga, a pequena Kerlley Sullivan, a filha de uma tragédia sem precedentes que tinha uma das mais belas vozes desde a ascensão de Whitney Houston e Mariah Carrey.Obviamente conseguiram fazer com que o caso fosse abafado dizendo que Ashley tinha sofrido uma depressão pós-parto e iria matar a criança e o pastor acabou sofrendo os golpes no lugar da menina, tornando-o o herói de toda a sua pequena comunidade.De início Gery ficou apreensivo, mas sua esposa, Mika, descobriu que não podia gerar filhos devido um tumor em seu útero, então uniram o útil e o agradável, inicialmente eles estavam satisfeitos em não terem filhos, estavam engajados com o coral da igreja e