UM DRINK NO PARAÍSO
UM DRINK NO PARAÍSO
Por: Rafael Zimichut
PRÓLOGO

KERLLEY SULLIVAN chegou na coxia do palco e fitou a plateia que gritava eufórica por seu nome e sentiu medo, pela primeira vez na vida ela sentiu medo de cantar para alguém, ela sabia que a jornada dolorosa que tinha sido chegar até ali, o preço que havia pago tinha sido grande demais e não seria nada fácil seguir em frente, aquele era apenas seu primeiro grande show depois de tudo o que tinha passado nos tribunais para provar a sua inocência.

Cantar havia salvo a sua vida dezenas de vezes, mas ali ela não era mais refém do seu destino, era a dona absoluta do que iria acontecer, nada e nem ninguém poderia apagar seu momento de glória, todos estavam ali para vê-la, para serem tocadas pelo seu talento único, era considerada pela grande mídia como a irmã gêmea branca de Whitney Houston, assim como a Mulher Maravilha tinha uma irmã gêmea de pele escura chamada Núbia, o mundo contemplava a mulher que havia vencido o Hades e encantado a todos com a sua voz potentemente única.

Ela respirou fundo, fechou os olhos e por um momento foi transportada até seu passado e podia ouvir o barulho das detentas cantando “Amazing Grace” junto com ela para evitar a rebelião e milhares de garotas serem mortas inocentemente, e aquilo, por mais que o tempo passasse, ainda a arrepiava, ela tinha sonhos e pesadelos com aquela maldita noite, eram mulheres que estavam no inferno que por um instante descobriram a paz que um cântico celestial tinha.

Não importava mais a violência que havia sofrido, as dores que havia sentido, as noites que não tinha conseguido dormir, nada mais importava, para ela, era agora uma questão de colher os frutos.

O APRESENTADOR FEZ SINAL para ver se ela estava pronta para adentrar ao palco, ela assentiu confiante, aquele seria o primeiro dia da melhor vida que poderia sonhar...

E o melhor de tudo...

Ela iria se vingar de todos aqueles que tinham feito tudo aquilo com ela... iria se vingar cantando...

— COM VOCÊS... – gritou animadamente o apresentador – Kerlley Sullivan!!!

O estádio veio abaixo em aplausos e gritos quando entrou, ela sabia que precisava se manter calma e a saraivada de aplausos demorou mais de dez minutos enquanto ela agradecia emocionada.

Assim que a plateia fez o mais absoluto silêncio, ela fez sinal para o maestro e contou até quatro, e antes mesmo da primeira nota soar tudo aconteceu em um instante...

Uma bomba explodiu ao lado do palco e o inferno de Kerlley estava apenas começando com a escuridão que se surgiu logo em seguida.

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