O barulho do relógio na parede estava me irritando depois da minha tentativa de manipular Adeline por meio do meu irmão, — falhou, — e claro que nada disso melhorava, quando o velhote do Louis, não saia do meu pé.Tic. Tac. Tic. Tac. Como uma maldita contagem regressiva para o inferno.Meus dedos tamborilavam contra a mesa de mogno do meu escritório, a perna inquieta batendo no chão enquanto minha paciência se esgotava. Eu já sabia que essa conversa viria, já sabia que Nicolas Louis ia querer ter um tête-à-tête comigo depois de tudo que aconteceu. Mas o fato de saber não tornava nada mais fácil.Eu tinha controlado os boatos! Eu tinha feito de tudo para aquele velho maldito não descobrir que eu estava enrolando a filha dele e fodendo com a médica que trouxe renome pro hospital.Adeline era uma fase, claro e no fim, Amanda era com quem eu pretendia me casar, — mas nem Nicolas e nem Adeline, precisavam saber disso.— O doutor Nicolas está esperando o senhor — Ana, minha secretária, me d
O som irritante do celular vibrando pela terceira vez me fez revirar os olhos. Eu já sabia quem era. E também já sabia que não queria ouvir merda nenhuma do outro lado da linha.Eu tinha atendido a ligação de Antony por achar que ele era diferente do irmão (afinal ele sempre pareceu um bom garoto), mas quando vi que esse não era o caso, só decidi que não me daria mais ao trabalho.Mesmo assim, peguei o aparelho de qualquer jeito e vi o nome na tela: Antony Ricci.Suspirei fundo.Primeiro Carlos, agora Antony ficaria insistindo sem parar? Como se eu já não tivesse aturado o suficiente da família Ricci. Por um segundo, considerei atender só para mandar ele ir à merda, mas minha paciência não era infinita, e eu sabia que qualquer conversa com ele ia me render uma dor de cabeça que eu não estava disposta a ter.Apertei o botão de bloquear sem pensar muito e soltei um suspiro de satisfação. Esse era o fim de uma era.Carlos ia descobrir sobre minha demissão a qualquer momento, e quando iss
Eu estava tão puto que minha própria respiração parecia me irritar.Minha mão latejava de tanto socar aquela porta de merda, e a cada segundo que passava sem uma resposta, meu sangue fervia mais. Ela estava lá dentro. Eu sabia que estava.E eu a faria abrir aquela porra de porta ou eu mesmo arrombaria e entraria.Não. Eu estava cansado de toda essa merda. Quem ela achava que era, para tentar foder a minha vida e anos de planejamento, por conta de uma birrinha ridícula como aquela?Depois de ignorar todas as minhas ligações, todas as minhas mensagens, e principalmente depois de me fazer passar pelo pior esporro que Nicolas Louias já me deu na vida, Adeline não tinha o direito de simplesmente fingir que eu não existia. No final, tudo aquilo era culpa daquela mimada!Se não fosse pelo surto de Adeline, nada daquilo estaria acontecendo e eu faria ela entender que não tinha outra opção além de implorar para que eu a aceitasse de volta no hospital.Então eu bati de novo. Mais forte.— Abre
Eu não era exatamente um homem paciente — ou melhor, eu nunca fui. Meu pai costumava dizer que eu era impulsivo, que sempre queria tudo para ontem. E talvez ele estivesse certo. Mas também foi essa impaciência que me fez chegar onde estou.E agora, eu estava diante de uma cena que me fez sentir algo novo. Algo incômodo. Algo irritante que fez a minha garganta queimar junto aos meus pulmões.Adeline Moretti, aquela mulher que me tratou como se eu fosse um qualquer, estava na frente da porta dela, discutindo com um homem que eu reconheceria de qualquer noticiário. Carlos Ricci. O ex-noivo, que claramente só conseguia ser um merda em todos os sentido possíveis — ainda mais agora. Eu ia esperar. Eu ia ficar na minha, deixar ela lidar com isso sozinha. Mas então ele disse aquilo.— Eu posso fazer com que você nunca mais entre em uma sala de cirurgia, Adeline. Eu vou queimar seu nome em todos os lugares possíveis. Meu sangue ferveu, e os meus punhos se cerraram.Lentamente, um sorriso a
Surpresa era pouco para descrever o que eu estava sentindo, na verdade, eu estava completamente em choque ao ouvir aquilo.Que diabos... como isso podia ser possível?Não.Não podia ser sério, o mundo devia estar virando de cabeça para baixo mesmo.Meu corpo travou no instante em que aquelas palavras saíram da boca de Aston. O som do sobrenome Beaumont ecoou na minha mente como um estrondo, embaralhando todas as peças do quebra-cabeça de uma só vez.Meus olhos correram pelo rosto dele. O novinho.Aquele maldito novinho com quem tive o azar de me encontrar na pior noite da minha vida.Isso era algum tipo de castigo divino? Eu estava mesmo sendo punida porque fui irresponsável?O menino com quem eu dormi naquela noite de bebedeira. O mesmo que eu larguei na cama, sem olhar para trás. O mesmo que eu tratei como um desconhecido sem importância e que eu pretendia nunca mais ver na minha vida.E agora, ele estava ali, se revelando como Aston Beaumont. O herdeiro da porra da maior empresa qu
Eu não gostava de ser ignorado.E, definitivamente, não gostava de ser dispensado.Mas lá estava eu, encarando Adeline Moretti enquanto ela fazia exatamente isso, sem sequer pestanejar.— Podemos conversar? — perguntei, tentando manter minha voz neutra.Ela suspirou, os olhos cansados pousando em mim.— Aston, esse é o seu nome, certo? Eu agradeço o que você fez, mas acho que já resolvemos tudo por aqui. — Ela ergueu a sobrancelha. — Certo?Certo?Errado pra caralho.Cruzei os braços, mantendo meu olhar fixo no dela.— Não acho que resolvemos tudo. Na verdade, acho que precisamos conversar sobre o que aconteceu naquela noite e sobre muitas outras coisas na verdade.Adeline não hesitou.— Não temos nada para conversar. — Sua voz foi firme, sem espaço para discussão. — Foi uma noite qualquer depois de muita bebedeira, sei que você é jovem mas tenho certeza que consegue entender isso, não é querido? Já passou.Eu senti minha mandíbula travar.Uma noite. Já passou.Ela realmente... deus c
Se havia uma coisa que eu sempre soube sobre Aston Beaumont, era que ele não batia bem da cabeça, e claro, como amigo dele, eu também não devia bater muito bem, porque mesmo sendo um Sullivan, eu escolhi trabalhar com o imbecil do meu melhor amigo e praticamente pôr a droga da minha carreira em perigo desde o instante em que Aston assumiu a porra da empresa.Não que isso fosse exatamente uma novidade. Desde moleque, ele sempre teve essa mania de querer tudo do jeito dele, de se fixar em uma ideia e persegui-la até o inferno se fosse necessário. O problema era que, desta vez, ele tinha se fixado em uma mulher! E nem para a porra da mulher ser normal. Não. Aston tinha que se meter logo com uma médica que além de renomada era obviamente difícil de se lidar e com uma vida particular... complexa.E, como seu melhor amigo, eu tinha o dever de lembrá-lo disso, mesmo que ele não gostasse muito do que ia ouvir.— Você deveria parar com isso. — Cruzei os braços, observando Aston tamborilar os d
A primeira coisa que fiz depois que Aston e Carlos finalmente desapareceram foi entrar no meu apartamento, fechar a porta e ligar para a portaria.Eu entendia que acidentes podiam acontecer, mas depois de três meses recebendo presentes indesejados, — eu tinha deixado bem claro que ninguém tinha permissão para subir ao meu apartamento.Ninguém.Essa foi a minha decisão para evitar complicações no entendimento da situação.— Boa noite, senhorita Moretti. — O porteiro atendeu, a voz profissional, mas carregada de cansaço. — Como posso ajudar?Respirei fundo, ainda sentindo a tensão no meu corpo.— Eu quero saber o motivo de não ter sido informada sobre duas visitas para o meu apartamento.— Senhora...— Eu pensei ter pedido anteriormente para não deixar ninguém subir.— Bom... sim, me recordo disso, senhora.— Então, nesse caso, quero que coloquem meu nome na lista de moradores que não aceitam visitantes sem permissão. — Falei devagar, e firme. — Ninguém entra nesse prédio para me ver se