Quando cheguei na recepção do hotel com a Nicole pendurada no meu ombro, me senti a encarnação do caos. A cada passo, a areia que escapava dos meus sapatos fazia aquele som irritante, e a risada contida dos recepcionistas parecia mais alta que qualquer outra coisa.— Sério, Felipe, você não vê o ridículo que está pagando? Nicole resmungou, ainda se contorcendo. — Me solta antes que eu chame a polícia!— Ah, claro, porque você sabe que eu adoraria uma manchete dizendo "Empresário é preso por sequestro da própria namorada em Pernambuco". Isso não causaria nenhuma repercussão, né? Revirei os olhos, tentando ignorar o olhar divertido de todos.Entramos no elevador, e a Nicole finalmente conseguiu se apoiar para olhar para mim. Ela arqueou uma sobrancelha, debochada.— Gostou da praia, Felipe? Areia nos sapatos é uma tendência agora? Vai lançar uma linha com "calçados à prova de mar" também?Eu suspirei, segurando o riso.— Engraçadinha. Fui obrigado a desfilar com esse modelito aqui pr
NICOLE ..CAUS!!Era essa a definição pra toda a cena que o Felipe criou sob o olhar curioso de todos, eu nunca senti tanta vergonha na minha vida, nem mesmo quando ele me levou pra faculdade pra bater boca com aquelas vagabundas.Eu não queria nem ver tudo o que iriam publicar quando as fotos de tudo o que aconteceu chegassem até às pessoas responsáveis por tornar a minha vida um verdadeiro inferno.Era isso...UM INFERNO.Tentar explicar isso pro Felipe não deveria ter sido algo tão difícil, afinal, ele estava passando aquele inferno junto comigo, e eu não achava nada surpreendente o fato de eu escolher me esquivar de tudo, ele deveria ser a primeiro a me apoiar, mas não foi isso o que ele fez.Depois de falar o meu plano e prometer repensar o status da nossa relação, ele não aceitou muito bem, e isso virou uma pauta absurda entre nós.Ele ficou um tempo me encarando, depois de eu ter jogado na cara dele todo o meu ponto de vista, e quando eu achei que finalmente ele havia compreen
Ele saiu de dentro de mim com uma lentidão calculada, ainda me olhando com aquele ar de desafio, como se cada movimento dele tivesse um propósito. Felipe então se levantou, mas não desviou o olhar um segundo. Em pé, ele me olhava como se estivesse esperando algo, um tipo de certeza que só eu poderia dar.Respirei fundo e me sentei na cama, ainda sem saber como reagir ao que tinha acabado de acontecer. Meu corpo ainda estava quente, mas minha cabeça já estava a mil, pensando em tudo o que ele havia dito.— Então?Ele insistiu, cruzando os braços, o semblante sério. — Qual é a sua resposta, Nicole?Baixei o olhar por um instante, escolhendo bem as palavras. — Felipe... Eu não esperava que você fosse me pedir isso, não agora. Eu ainda tenho tantos planos... terminar a faculdade, organizar a minha vida... Não sei se estou pronta para um passo tão grande.Ele suspirou e se aproximou, se ajoelhando na minha frente. Ele pegou minhas mãos com firmeza, o olhar profundo, como se quisesse me f
FELIPE . . Eu esperava que um sexo intenso com a Nicole fosse me dar algum tipo de privilégio. Talvez ela pensasse que trepar comigo o resto da vida valeria a pena. Eu fodi ela como se não houvesse amanhã, mas eu queria que houvesse, que existisse uma certeza dentro dela, que eu era o homem certo pra viver a vida ao lado dela. Tudo o que aconteceu ainda pesava na minha mente. A intensidade de cada palavra trocada entre mim e Nicole havia me marcado. Ela tinha razão, é claro. Como sempre. Eu não podia esperar que ela dissesse "sim" e arriscasse tudo ao meu lado enquanto eu deixava problemas mal resolvidos, especialmente com a Renata e a Marina. Então, na manhã seguinte, sem perder mais tempo, arrumei minhas coisas e peguei o primeiro voo para o Rio de Janeiro. A viagem foi rápida, mas a cabeça fervilhava. Eu sabia que o próximo passo era crucial, e eu não estava disposto a errar. Assim que cheguei ao hotel no Rio, liguei pro Fred e fui direto ao ponto. — Fred, você já consegu
NICOLE ..Ver o Felipe partir de volta ao Rio de Janeiro trouxe uma mistura amarga de emoções que eu mal conseguia descrever. A promessa dele ecoava na minha mente como uma melodia reconfortante, mas, ao mesmo tempo, carregava uma nota de incerteza que eu não conseguia ignorar. Ele havia prometido resolver tudo, colocar Renata em seu devido lugar, se certificar de que nada nos impediria de viver o que tanto sonhamos. E eu acreditei nele. Acreditei no olhar determinado, na firmeza da sua voz, em cada palavra que ele me disse antes de partir.Mas a verdade é que, no fundo, havia um medo latente, uma insegurança que me corroía devagar. O que aconteceria se ele não conseguisse? Se a Renata escapasse mais uma vez, usando algum truque que eu sequer conseguia imaginar? E se o Felipe desistisse de tudo, cansado dessa luta interminável? Ele poderia, a qualquer momento, perceber que lidar com o meu passado e o peso que eu carregava era demais, que não valia a pena. Pensar nisso era como sen
FELIPE . . Depois de ter ligado pra Nicole e falado sobre o resultado dos exames, eu prometi que colocaria aquela mulher na cadeia. Na manhã seguinte, acordei com uma sensação de propósito que há muito tempo eu não sentia. A confirmação dos exames na noite anterior tinha me dado o que eu precisava, uma prova concreta contra a Renata, a mulher que tentou destruir a minha vida e quase acabou com o meu relacionamento com a Nicole. A partir daquele nome eu ia tomar as rédeas de toda aquela situação, e o mundo precisava saber quem ela realmente era. Eu me levantei do hotel, me vesti com um terno impecável, daqueles que você escolhe para momentos de guerra, e liguei para o Fred. Ele atendeu no primeiro toque, a voz firme e direta. — Fred, já organizou tudo para a coletiva? — Tudo, Felipe. Vai ser no salão de eventos do hotel. A imprensa inteira vai estar lá. Ninguém quer perder essa. — Perfeito. Vamos jogar luz nessa sujeira de uma vez por todas. Assim que acabar a coletiva, pr
NICOLE . . Acordei naquela manhã sentindo uma inquietação estranha, mas tentei ignorá-la enquanto fazia minha higiene matinal. Eu olhei pro espelho, ajeitei o cabelo e respirei fundo, repetindo a mim mesma que aquele seria um dia diferente, focado em algo maior. O programa do dia era visitar o apartamento que eu pretendia alugar, algo muito importante pra nova fase que eu gostaria de viver. Mas, ao voltar ao quarto e pegar o celular, percebi algo incomum, uma avalanche de notificações piscava na tela, mensagens e ligações de amigas e conhecidos, como se algo urgente estivesse acontecendo. Entre os textos confusos e alarmados, um padrão se destacava, todas elas falavam sobre a coletiva de imprensa de Felipe. Abri as mensagens, um turbilhão de informações me atingindo de uma só vez. Relatos, links de notícias, manchetes... Eu mal conseguia acompanhar tudo, mas, com as mãos tremendo, cliquei no primeiro vídeo disponível. A imagem se abriu na tela, mostrando Felipe diante de
FELIPE . . Eu estava no carro, com Fred ao meu lado, ainda digerindo toda a repercussão da coletiva. Cada segundo parecia uma eternidade enquanto esperávamos alguma notícia da polícia sobre a localização da Renata. A ideia de que ela estava fugindo me deixava com um gosto amargo na boca, uma espécie de frustração que só crescia a cada atualização vazia. Meu celular tocou, interrompendo os pensamentos sombrios. Olhei para a tela: Marina. “Marina?” Pensei, surpreso. A última coisa que eu precisava era mais um problema, mas uma ligação dela nunca era sem motivo, ainda mais considerando que estava grávida do meu filho. Atendi, já me preparando para ouvir alguma notícia sobre o bebê, já imaginando algo grave. — Felipe... A voz dela estava trêmula, uma tensão cortante que só aumentou meu nível de alerta. — Marina? Aconteceu alguma coisa? O bebê está bem? Perguntei rapidamente, tentando manter a calma enquanto o coração batia mais forte, afinal, a Nicole já havia mandado eu