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UMA NOITE PARA AFOGAR A TRISTEZA

        Hotel Celestial é o mais luxuoso de toda a cidade N., sem uma prévia verificação financeira ninguém consegue hospedagem ou sem reserva frequentar seu restaurante. Mas, o bar tinha uma flexibilidade maior, precisava apenas aparentar ser rico. A família Smith frequentava as festas promovidas no hotel, e Izza tinha passe livre, mas, ela nunca teve a mesma oportunidade. Tudo que conhecia do hotel era notícias de internet e das conversas que ouvia de sua meia irmã com suas amigas. Fechou os punhos para reprimir a tristeza. Não poderia permitir-se ser a tola Izze novamente, era o dia de enterrar definitivamente o passado. Ninguém da família Smith merecia sequer uma lágrima sua, e muito menos Lucas Wilson. Como se iludiu ao pensar que sendo prestativa e obediente poderia conseguir o afeto de sua família, tudo que obteve de recompensa foram repetidas humilhações.

       Percorreu com confiança o hall do hotel e informou-se na recepção do hotel onde ficava o bar e dirigiu-se ao local. Quando chegou pode entender o motivo da fama do hotel, a luz azul do bar passava quase a impressão de aconchego, a música baixa, assim como as conversas, não estava na sua capacidade máxima, mas, optou por ficar no balcão. Pediu uma dose da bebida colorida da moça ao lado e começou a pensar nos seus infortúnios: ter nascido em uma família rica e ser tratada como uma serva, namorar por dois anos um canalha que só pensava em roubar suas ações. Ser traída por toda sua família. Bateu com força no balcão chamando atenção das pessoas a sua volta.

        - Se não houve justiça, que pelo menos eu tenha minha vingança.

        - A senhorita precisa de mais alguma coisa? Perguntou o barman.

        - Mais uma dose dessa bebida colorida, por favor.

        - Essa bebida colorida é gin tropical, a senhorita não parece acostumada a beber. Observou.

        - Nunca bebi. Retrucou. – Hoje quero beber tudo que tenho direito, tudo que foi roubado de mim. Gargalhou baixo.

        O barman serviu outra taça. Izze bebeu num único gole, a bebida desceu aquecendo sua garganta.

        - Outra dose. Solicitou com a voz arrastada, o riso saindo fácil.

        - A senhorita tem certeza? O barman perguntou desconfiado. – Posso chamar um táxi para senhorita.

        - Quero outra dose. Apontou o dedo para o rapaz a frente. – Eles estão se divertindo na recepção do casamento, o casamento que deveria ser meu. Riu. – Só quero beber.

         O rapaz serviu outra bebida, e Izze novamente em um único gole. O efeito do álcool a deixou sonolenta e risonha, deitou-se no balcão, não ia passar a noite em casa, porém, não tinha para onde ir. Pensou em hospedar-se no Hotel Celestial, mas, não conseguiria passar nem a verificação financeira. Grande coisa ser a primeira filha dos Smith. Lembrou-se de uma conversa da irmã sobre um clube ainda mais reservado, localizado dentro do próprio hotel. Perguntou ao barman.

         - Aqui tem um clube? Riu. – Tipo privê?

         - Não podemos comentar, senhorita.

         - Que chatice. Resmungou.

         Se você não quiser contar, vou descobrir sozinha, pensou.

         - Pode cobrar a conta, por favor, hoje eu posso pagar. Disse ao estender o cartão.

         O rapaz fez a cobrança e devolveu o cartão e a fatura.

         - O quê? Dois mil por essas bebidas coloridas? Isso está certo, meu rapaz? Sua voz soava morosa.

        - A cobrança está correta. Informou desinteressado e virou as costas.

        - Esses ricos gastam demais. Reclamou ao deixar o bar.

         Izze sentia seu corpo entorpecido, sua cabeça rodava, ao chegar na porta de saída, forçou-se a lembrar qual direção tinha tomado para chegar ao bar.

         - Esquerda ou direita? Disse para si. – Direita, isso direita. Então, preciso ir para esquerda.

         Será que tinha seguranças? Refletiu. Se houvesse, como faria para entrar?

         Cambaleou pelo corredor oposto ao que veio, e andou por alguns metros e deparou-se com o elevador. Entrou, e estranhou que só havia um único botão, apertou e desceu mais um nível no subsolo. As portas do elevador abriram-se e Izze deparou-se com um curto corredor e uma grande porta dupla. Caminhou em direção a porta e do outro lado havia várias outras portas menores, estava surpresa, pois, em todo o trajeto não tinha encontrado ninguém.

          - Esses ricos são tão descuidados. Soltou.

         Teve um momento de lucidez, ao pensar que realmente existia um clube privê. Animou-se, se todos poderia se divertir ela também poderia, ia esquecer do seu noivo crápula e de sua família mercenária. Tentou recordar o quanto ainda tinha no cartão, e o quanto tinha de cédulas na bolsa.

        Qual porta escolher? Pensou indecisa.

        O corredor era largo, as portas menores também eram duplas, escuras. A luz negra trazia um ar de mistério. Apesar das portas estarem fechadas, podia ouvir as risadas e vozes abafadas. Ao final do corredor, havia uma porta aparentemente maior, encaminhou-se, dentro diferente das demais estava silencioso. Testou a fechadura, a porta estava apenas escorada. Entrou. Havia dois homens dentro, um sentado num confortável sofá. E um em pé ao lado. Muitas garrafas esparramadas na mesa de centro. O homem sentado tinha um ar entediado. Assim que entrou o homem em pé a segurou pelo braço.

         - Saia imediatamente! Ordenou ríspido. - Essa é uma sala restrita.

         Por isso não havia segurança no trajeto, esses ficavam dentro das salas? Pensou rindo.

         - Quem você pensa que é para falar comigo assim? Retrucou ao desvencilhar o braço.

         - Que audácia não reconhecer...

         Foi interrompido por um gesto do homem que estava sentado.

         - Retire-se, antes que eu perca a paciência. Disse com os olhos fixados no copo em sua mão.

         - Vou reclamar com o seu g-gerente. Gaguejou. – E-eu posso pagar, sou a primeira filha da família Smith. Usou o seu falso status.

        O homem ergueu os olhos e a fintou: então, aquela era a filha renegada da família Smith. Fez um gesto para que o segurança se retirasse. Izze aproveitou e sentou-se perto dele. O ambiente com luz baixa não tinha permitido uma nítida visão do homem, mas, agora perto pode observar o quanto era bonito. Os cabelos escuros caindo na testa, olhos escuros, maxilar firme, uma boca desenhada. Como era bonito.

          - Você acha que eu não posso pagar, é isso? Disse em desafio.

         O homem a encarou frio.

          - Acha que sou um acompanhante?

          - S-sim. Titubeou.

          - Interessante. Retrucou. – Mesmo se fosse um acompanhante, por que iria te querer? Encarou-a.

          Izze mordeu os lábios, a pergunta ressoando em sua mente.

          - Por que eu quero. Respondeu decidida.

        

Vivi Dutra

Adicione na biblioteca e avaliei, ficarei feliz o feedback. Hoje, ainda novo capítulo.

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