- Lucas. Izza. O que acontece aqui?
A pergunta era retórica, a cena diante dos seus olhos não deixava dúvidas do que acontecia. Izza levantou-se da cama e vestiu o robe de seda, estava visivelmente irritada.
- Quem é você para entrar no meu quarto sem minha autorização? Atacou.
- Lucas. – Implorou. – O que você faz aqui com Izza, nosso casamento é amanhã. Suplicou.
Lucas também levantou e vestiu o roupão:
- Eu posso explicar. Disse sem real interesse.
A mulher ao seu lado colocou a mão no seu antebraço e sussurrou:
- Não precisa dar nenhuma satisfação para essa inútil, já temos o contrato assinado.
Dirigiu-se a irmã:
- Acha mesmo que você teria condições de se torna a Sra. Wilson? Riu com escárnio. – É inacreditável o quanto você é tola.
- A quanto tempo esse caso acontece? Gritou histérica.
- Desde sempre provavelmente. Lucas deu de ombros.
Os gritos despertaram Thomas e Margareth Smith.
- Qual o motivo desse escândalo a essa hora? Exigiu Sr. Smith quando se reuniram no quarto.
- Papai, Izza e Lucas. – Gaguejou. – Eu os peguei na cama. Sua voz falhou.
- Esse é o motivo da sua histeria? Fuzilou-a com o olhar. – Você sempre é causadora de problemas. Repreendeu.
Izze notou que os pais não estavam alarmados com o caso da irmã com o cunhado, então, percebeu que ambos tinham ciência do caso. Seu coração afundou no peito, como o seu próprio pai pode apunhalar a filha dessa forma.
- Você sabia do caso de Lucas e Izza, papai? Perguntou baixinho.
Thomas demostrou desconforto com a pergunta e Margareth interviu:
- Não pressione o seu pai, coloque-se no seu lugar. Gritou.
- Pressionar o meu pai. – Repetiu. – É claro que irá defender a sua filha vagabunda.
Margareth estapeou Izze.
- Lave sua boca para falar de Izza.
- Sua filha está tendo um caso com o meu noivo e eu que preciso lavar a boca? Perguntou indignada.
- Oh quão ingrata você pode ser criatura, te alimento, visto e te dou um teto todos esses anos para você ousar a me responder. Empurrou-a contra a parede.
- Izze não cause confusão, apenas volte para o seu quarto, amanhã conversamos. Instruiu o pai.
- Quero uma explicação, e quero agora. Exigiu sentindo-se fraca.
- Você exige explicação de uma situação, literalmente, desenhada. Soltou a irmã. – Você é tão sonsa que me dá sono.
- Posso ser sonsa, mas, quem vai para cama com o noivo da irmã é o que? Ironizou.
- Chega desse circo em minha casa. Saia sua fedelha. Margareth puxou-a pelo braço e Izze de desvencilhou.
- Essa é a casa da minha mãe Margareth, essa casa nunca foi sua. Retrucou raivosa.
O tapa ressoou por toda a mansão, levando-a ao chão. Izze colocou a mão sobre a face.
- Só pode ser filha daquela desqualificada. Apontou o dedo em riste. – Não ouse levantar a voz para mim, sua ordinária.
- Calma mamãe. Ajoelhou-se em frente a irmã e colocou o dedo indicador em seu queixo. – Vou te explicar tudo, irmãzinha. Conheço Lucas antes de vocês serem apresentados, e logo de cara começamos o nosso namoro.
- Mas, porque ele se aproximou de mim? Sua voz era um murmúrio.
- Izze, o seu raciocínio é realmente lento dessa forma ou você se apegou a alguma esperança? Questionou o noivo. – Izza é a mulher perfeita para ser a sra. Wilson, mas, descobri que seu pai não possui totalidade das ações das empresas da família e quem é a dona majoritária dessas ações é você.
- Foi tudo por causa das ações, por causa de dinheiro? Indagou sem forças.
- Existe alguma dúvida ainda? Ridicularizou-a Izza. – Você ter a dona majoritária dessas ações impedia que Lucas Wilson no futuro adquirisse o controle das empresas. Levantou-se. – Pensei tanto em uma solução, mas, não houve outra saída, precisei reunir vocês dois. Completou.
- O quanto eles sabiam disso? Apontou para o pai e a madrasta.
- Papai e mamãe tinham consciência de tudo desde o início. Acrescentou paciente.
- Você permitiu que eles fizessem isso comigo? Sou sua filha biológica. Questionou abatida.
- Pare de escândalo, irei providenciar um casamento para você, apenas deixe passar o casamento da sua irmã mais nova. Afirmou indiferente.
- Os dois anos que passei com o Lucas, não deve significar nada para mim? Replicou. – Lucas, nunca houve sentimentos de sua parte? Sua voz tornou-se um leve ruído.
- Como poderia existir algum sentimento? Olhou-a com desdém. – Você é uma mulher sem atrativo, sem ambição, esperteza, uma coitada que só vale alguma atenção da minha parte, por que tinha as ações.
Um pensamento ocorreu a Izze, não havia assinado nenhum contrato de transferência das ações.
- Não assinei absolutamente nada. Disse num sopro de esperança.
- Tem certeza que não assinou nada, irmãzinha. Disse contendo a gargalhada. – O contrato de casamento. Recordou-a.
- Era, era o contrato de transferências de ações? Estava desnorteada. – Você, vocês me enganaram. Chorou copiosamente.
- Talvez você ainda tenha alguma salvação. Pausou. – Você está sendo enganada desde o primeiro dia. Afirmou soberba.
- O contrato não está autenticado pelo cartório, então, não é válido. Disse ao recordar o documento que assinou sem ler.
- Outro equívoco da pobre irmã. – Pegou o contrato na mesa de cabeceira e esfregou no rosto da irmã. – Assinado e autenticado.
- Não, não o contrato que assinei não estava autenticado e a essa hora vocês não conseguiram autenticar. Disse ao sacudir a cabeça furiosamente.
- O que você insinua? Disse o noivo exaltado.
- Não insinuo nada, eu lembro perfeitamente que não havia autenticação quando assinei o documento. Confirmou ao levantar-se. – Esse contrato de transferência é nitidamente falso.
Lucas esbofeteou-a.
- Cale-se. Exigiu. – Supomos que você tenha razão, em quem você acharia que as pessoas iam acreditar? Em você uma órfã de baixa instrução ou no homem mais poderoso da cidade N? Desafiou.
Manteve-se em silêncio, o canalha do seu noivo tinha razão.
- Izze apenas coloque-se no seu lugar, essas ações desse o inicio deveria pertencer ao seu pai. Esse contrato apenas corrigi a situação. Concluiu.
- Essas ações foram dadas a mim por minha mãe, são minhas por direito. Sua voz sumiu.
- Agradeça a nossa generosidade. Sorriu a mais nova. – Amanhã você comparecer ao nosso casamento, um garçom a mais sempre é bem-vindo.
Margareth manifestou-se:
- Você pode permanecer nessa casa, mas, lembre-se da sua insignificância. Não vou tolerar que me desrespeite na minha casa. Finalizou arrogante.
- Essa casa também é minha. Retrucou num sussurro.
- Prove que essa casa é sua e sairemos dela. Desafiou o pai. – Mas, se não puder provar apenas cale-se. Estou cansado demais, encerremos esse assunto agora.
- Papai não pode interceder por mim? Seus olhos eram suplicantes. – Pelo menos uma vez em minha vida?
- Essa menina perdeu totalmente a noção. Reclamou a madrasta. – Pare de suplicar ao seu pai, as coisas são assim e assunto encerrado. Empurrou-a novamente.
- Lucas estamos juntos a dois anos, não existe nenhum sentimento dentro de você? Recorreu ao noivo.
Olhou-a por um instante e soltou:
- O único sentimento que tenho por você é repulsa, tocá-la, beija-la por todo esse tempo foi um sacrifício, apenas, por esse motivo sou merecedor das ações que te pertencem. Fez uma pausa. – Izze, nunca se questionou do motivo de não termos tido relações sexuais?
Sua voz era puro escárnio.
- Saia, saia do meu quarto. Empurrou-a. – Amanhã é o meu grande dia, preciso descansar bem, não posso ter olheiras e você já ocupou muito do meu precioso tempo.
- Leve aquele vestido horroroso, tenho o meu próprio vestido para amanhã.
- Espero que não arrume confusão no grande dia de Izza, você não poderá arcar com as consequências caso isso aconteça. Avisou a madrasta, ao empurrá-la pelo ombro. - Apenas faça o que Margareth disse, e assim que passar o casamento de Izze e Lucas irei providenciar o seu casamento. Confortou o pai. – Agora vá dormir. Izza arrastou-se para a escada abaixo em direção ao quarto, sentia-se dentro de um furacão. Ao entrar no quarto não acendeu a luz e sentou-se na cama. Como poderia assimilar todo o acontecimento daquela noite? Seu noivo estava tendo um caso com sua irmã e estavam sendo acobertados pelo seu pai e sua madrasta. Um caso? Não, era um caso, era ela que sobrava na história, desde o inicio Lucas tinha apenas um objetivo: conseguir as ações da empresa que sua mãe havia deixado para ela. Como podia existir alguém tão baixo quanto Lucas e sua família? Recriminou-se, como pode ser tão tola? As peças do quebra-cabeça começaram a se encaixar, quando
A manhã estava agitada na mansão da família Smith, os presentes do casamento agora de Lucas e Izze estavam sendo enviados para lá, havia também a movimentação dos profissionais contratados como: maquiadores, cabelereiros, fotógrafos. Izza, não pode deixar de rir, como havia sido tola em acreditar que todo aquele luxo seria para ela, desde a infância havia sido deixada em segundo plano. Não encontrou ninguém da sua família, então, deviam estar no andar de cima, melhor assim não faziam nenhuma questão de ver algum deles. Segurou a bolsa com força, ia sair antes que alguém aparecesse, podia ser obrigada a muitas coisas naquela casa, mas, não se submeteria a presenciar o casamento daqueles dois traidores, ainda mais com o apoio do seu pai. Como um pai podia fazer acepção entre as duas filhas como Thomas Smith faziam era irreal. Izze começou a percorrer as ruas do centro da movimentada cidade N, não conhecia muito coisa, era proíba por seus “pais” de ficar vagueando pela
Izze Smith mirou-se no espelho, o vestido de noiva mesmo que singelo, ajustava-se perfeitamente. Acostumada a usar as roupas descartas pela irmã mais nova, o vestido de noiva era a peça mais cara e nova que usava em toda sua vida, mesmo que seus pais tenham reduzido o orçamento ao mínimo possível. Ajeitou a alça delicada, amanhã seria o dia mais feliz da sua vida. Lucas Wilson em breve seria o seu esposo. Lucas sempre a tratou com polidez, e foi inevitável nutrir um carinho por ele que crescia a cada dia. Limpou a lágrima que teimava em cair, nunca teve lugar na família Smith e aguardava que a família Wilson pudesse recebe-la com a mesma atitude gentil que Lucas. A porta do quarto abriu e Izza Smith, entrou: - Esse vestido lhe cai bem. Falou com sarcasmo. – É de baixo valor como a noiva. Deu uma risadinha. Izze abaixou os olhos sem retrucar, faltava pouco para que seu tormento acabasse. - O que deseja, irmã? Perguntou em voz baixa.