Izze Smith mirou-se no espelho, o vestido de noiva mesmo que singelo, ajustava-se perfeitamente. Acostumada a usar as roupas descartas pela irmã mais nova, o vestido de noiva era a peça mais cara e nova que usava em toda sua vida, mesmo que seus pais tenham reduzido o orçamento ao mínimo possível. Ajeitou a alça delicada, amanhã seria o dia mais feliz da sua vida. Lucas Wilson em breve seria o seu esposo. Lucas sempre a tratou com polidez, e foi inevitável nutrir um carinho por ele que crescia a cada dia. Limpou a lágrima que teimava em cair, nunca teve lugar na família Smith e aguardava que a família Wilson pudesse recebe-la com a mesma atitude gentil que Lucas.
A porta do quarto abriu e Izza Smith, entrou:
- Esse vestido lhe cai bem. Falou com sarcasmo. – É de baixo valor como a noiva. Deu uma risadinha.
Izze abaixou os olhos sem retrucar, faltava pouco para que seu tormento acabasse.
- O que deseja, irmã? Perguntou em voz baixa.
- Oh o seu noivo pediu-lhe para trazer o contrato de casamento. Apontou para o documento em sua mão. – Assine e me devolva, não tenho tempo a perder com você. Concluiu e jogou-lhe o papel.
Agachou-se e pegou o documento.
- Diga a Lucas que entrego assinado assim que terminar de ler o contrato. Disse com um sorriso discreto.
- Quem você pensa que sou? Não esperou por resposta. – Alguma empregada sua? Cruzou os braços. – Ler o contrato? Se não confia no seu noivo por qual motivo irá casar. Repreendeu.
Izze ficou em silêncio constrangida.
- Dessa forma, apenas cancele o casamento. Desafiou.
Izze assinou, a última página do documento e devolveu a documentação para a irmã. Os olhos de Izza brilhou ao verificar á assinatura, e não disfarçou o sorriso.
- Amanhã será um dia de inúmeras surpresas, irmãzinha. Esteja preparada. Saiu do quarto batendo a porta atras de si.
Tirou o vestido e aguardou-o com cuidado, colocou o pijama, estava tarde, precisava descansar para o seu casamento. Precisava fazer o cabelo e maquiagem ela mesma e se tivesse com o rosto cansado, seria difícil disfarçar. Ao deitar-se recordou das palavras da sua irmã: um dia de inúmeras surpresas, o que ela quis dizer? Seu coração apertou. Apesar de serem irmãs, Izza lhe era superior a ela em inúmeros quesitos e ela não se importava em lhe recordar isso constantemente. Puxou a coberta, e mordeu o dedo, silenciosamente pediu que pela primeira vez, tudo pudesse ocorrer bem.
Lucas Wilson passou a mão na coxa de Izza e gemeu baixo quando essa lhe mordiscou a orelha.
- Enfim nos livraremos da minha querida irmãzinha. Gargalhou descaradamente.
- Por dois longos anos precisei cortejar sua irmã, sabe o quanto isso me enojou? Perguntou ao fazer uma careta. – Amanhã poderei me vingar adequadamente. Beijou o pescoço da cunhada.
- Tão ingênua, nunca suspeitou do que acontecia debaixo do seu nariz. Disse com desprezo.
- Pouco importa se houvesse suspeita, Izze jamais ousaria me contrariar. Fez uma pausa. – Em posse das ações que pertence a sua irmã, nos tornaremos os mais poderosos da cidade N. Vangloriou-se.
- A família Johnson ainda será a mais poderosa. Observou Izza.
- Não podemos ousar competir com os Johnson, mas, assim que o primogênito da família retornar à cidade N, iremos estreitar os laços para realizar parcerias empresarias futuras. Falou cheio de expectativa. – Com o apoio dos Johnson ninguém atreverá nos importunar.
- Entregou o convite do casamento a família Johnson? Perguntou ansiosa.
- Óbvio, fui pessoalmente a vila da família, mas, fui recebido apenas pelo assistente pessoal da matriarca. Informou num lamento.
- O boato que corre é que Dominc Johnson retorna à cidade N amanhã. Afirmou ao passar a mão pelo peitoral do amante. – Podemos ter esperanças que ele compareça à cerimônia.
- Não criemos expectativas, esse tal de Dominc é uma verdadeira incógnita. Suspirou. – Mas, no momento certo providenciaremos um jantar para apresentação das famílias.
- Dominc pode começar a reinar na cidade N, porém, somos depois dele as famílias mais influentes, ele não pode atrever-se a nos ignorar. Disse ríspida.
- Calma, tenha calma, minha querida. Beijou-lhe o pescoço. – Teremos que ter paciência para atingir nossos objetivos. Passou a mão no interior de suas coxas. – Agora cale-se e vamos nos divertir.
Izza inverteu as posições e ficou por cima, acariciou o peitoral de Lucas, beijou-lhe o pescoço e se encaixou nele. Ele gemeu, e segurou-lhe a cintura para ditar o ritmo, que começou a se intensificar aos poucos.
Izze revirou mais uma vez na cama, seu corpo estava tenso e não conseguia dormir. Seus pensamentos estavam acelerados, enquanto o seu coração mantinha-se inquieto, passou a mão no peito. Sua boca estava seca, levantou da cama, dirigindo-se a cozinha, à água desceu por sua garganta aliviando a sede. Racionalizou que não passa de ansiedade pela véspera do casamento, amanhã a essa hora seria parte da família Wilson. Sorriu timidamente. Decidiu admirar novamente o seu vestido de noiva, subiu as escadas em direção a um dos quartos de hóspedes. Como o seu quartinho no piso inferior era muito pequeno, pediu para sua madrasta deixar o vestido no quarto de hóspedes, a contra gosto ela permitiu.
O pensamento que ia se casar não lhe saia da mente, como tinha sorte por ter Lucas em sua vida. Pela primeira vez em vinte e quatro anos permitiu-se ter esperanças de uma vida melhor. Pela primeira vez alguém a amava. Quando passou pelo quarto da irmã ouviu sussurros, estranhou Izza deveria estar sozinha, passou a mão pelo pescoço, ela deveria estar ao telefone. Gemidos, o que de fato acontecia no quarto da Izza? Engoliu em seco, no que acontecia com sua irmã não era da sua conta, ela jamais permitiria que Izze se intrometesse. Decidiu seguir, deu alguns passos em direção ao seu destino. Mais barulho. Seu coração pesava a cada som. Mordeu o lábio inferior. Olhou em direção ao quarto em que Lucas devia estar hospedado. Deu meia volta e parou em frente ao quarto da irmã mais nova. Colocou a mão na maçaneta, mas, hesitou. Tinha alguma coisa que no íntimo dela avisava que ao abrir aquela porta, não poderia voltar atrás. Questionou-se apenas não deveria voltar para o seu quarto e tentar dormir. Seu casamento seria realizado em algumas horas. Ouviu outro sussurro, porquê aquela voz lhe era tão familiar. Suspirou fundo e abriu a porta de uma só vez. O que vi a fez recuar. Seu coração estava disparado, o ar não chegava aos pulmões. Seu corpo parecia pesado demais para que ela o sustasse. Suas mãos tremiam e suavam. O casal na cama interrompeu o ato, por um momento Izza demostrou um olhar, surpreso para em seguida substituir para um olho de deboche. Lucas, manifestou apenas aborrecimento pela interrupção.
Izze queria gritar, mas, sua voz não saia. A cena que desenrolava a sua frente podia apenas ser um pesadelo, em breve acordaria em sua cama, e poderia se casar. Mas, não era um sonho ruim nem uma alucinação na cama estavam Izza e Lucas, sua irmã mais nova e seu noivo. Não conseguia, realmente, racionalizar o cenário, havia tantas perguntas. Desde quando isso acontecia? O que houve com o amor de Lucas por ela? Isso era baixo mesmo que para Izza. Mordeu o lábio inferior até sentir o gosto inconfundível de sangue. Havia poucos minutos que presenciava a cena, porém, parecia uma eternidade para ela. Deu mais dois passos para trás encostando na porta, e com a voz frágil pronunciou:
- Lucas! Izza!
- Lucas. Izza. O que acontece aqui? A pergunta era retórica, a cena diante dos seus olhos não deixava dúvidas do que acontecia. Izza levantou-se da cama e vestiu o robe de seda, estava visivelmente irritada. - Quem é você para entrar no meu quarto sem minha autorização? Atacou. - Lucas. – Implorou. – O que você faz aqui com Izza, nosso casamento é amanhã. Suplicou. Lucas também levantou e vestiu o roupão: - Eu posso explicar. Disse sem real interesse. A mulher ao seu lado colocou a mão no seu antebraço e sussurrou: - Não precisa dar nenhuma satisfação para essa inútil, já temos o contrato assinado. Dirigiu-se a irmã: - Acha mesmo que você teria condições de se torna a Sra. Wilson? Riu com escárnio. – É inacreditável o quanto você é tola. - A quanto tempo esse caso acontece? Gritou histérica. - Desde sempre provavelmente. Lucas deu de ombros. Os gritos despertaram Thomas e Margareth Smit
- Espero que não arrume confusão no grande dia de Izza, você não poderá arcar com as consequências caso isso aconteça. Avisou a madrasta, ao empurrá-la pelo ombro. - Apenas faça o que Margareth disse, e assim que passar o casamento de Izze e Lucas irei providenciar o seu casamento. Confortou o pai. – Agora vá dormir. Izza arrastou-se para a escada abaixo em direção ao quarto, sentia-se dentro de um furacão. Ao entrar no quarto não acendeu a luz e sentou-se na cama. Como poderia assimilar todo o acontecimento daquela noite? Seu noivo estava tendo um caso com sua irmã e estavam sendo acobertados pelo seu pai e sua madrasta. Um caso? Não, era um caso, era ela que sobrava na história, desde o inicio Lucas tinha apenas um objetivo: conseguir as ações da empresa que sua mãe havia deixado para ela. Como podia existir alguém tão baixo quanto Lucas e sua família? Recriminou-se, como pode ser tão tola? As peças do quebra-cabeça começaram a se encaixar, quando
A manhã estava agitada na mansão da família Smith, os presentes do casamento agora de Lucas e Izze estavam sendo enviados para lá, havia também a movimentação dos profissionais contratados como: maquiadores, cabelereiros, fotógrafos. Izza, não pode deixar de rir, como havia sido tola em acreditar que todo aquele luxo seria para ela, desde a infância havia sido deixada em segundo plano. Não encontrou ninguém da sua família, então, deviam estar no andar de cima, melhor assim não faziam nenhuma questão de ver algum deles. Segurou a bolsa com força, ia sair antes que alguém aparecesse, podia ser obrigada a muitas coisas naquela casa, mas, não se submeteria a presenciar o casamento daqueles dois traidores, ainda mais com o apoio do seu pai. Como um pai podia fazer acepção entre as duas filhas como Thomas Smith faziam era irreal. Izze começou a percorrer as ruas do centro da movimentada cidade N, não conhecia muito coisa, era proíba por seus “pais” de ficar vagueando pela