Cap: 144Eles sabiam que ela estava chorando por causa de Zara, mas ninguém sabia o que dizer. O silêncio se estendeu, e eles continuaram bebendo juntos, sem conseguir afastar a tensão no ar. A noite parecia infinita, e quem estava mais empolgado para beber era, na verdade, o que ainda estava mais sóbrio, tentando manter o controle da situação.— Você vai se casar comigo, certo? — Zen perguntou a Lavínia, a voz embargada pelos soluços da embriaguez. — Olha! Eu prometo que vou te comprar flores todos os dias, eu juro! Eu compro flores e faço seu café da manhã. Você é a primeira e única mulher que eu posso amar. Não me importo com o que possam dizer, desde que você esteja comigo. Eu vou fazer Bowen pagar por cada dia da vida dele, ninguém toca na minha mulher e sai ileso.— Sério? — Lavínia perguntou, também embriagada, com o rosto ainda inchado de choro. — Eu gostei tanto de ver ele de joelhos implorando pela vida! E eu sei que você pode fazer isso! Eu sei que pode cuidar de mim, porqu
Cap: 145— Não! Meu deus! — ela gritou, levantando-se e acordando os dois homens, que levaram um susto. Em seguida, analisando a situação, os três pularam da cama, cada um em um canto da parede, se encarando sem palavras.— O que aconteceu? — Adrian perguntou, com a cabeça girando de tanta dor. — Eu não lembro de nada... — ele murmurou, enquanto Lavínia cobria o próprio corpo, usando apenas o biquíni da noite passada.— Merda! O que a gente fez? — ele se perguntou, em crise existencial, sentando-se no chão e encarando Adrian. Os dois estavam sem camisa. — Se você se atreveu a encostar nele... — ele não conseguiu terminar a frase, enquanto Adrian também se sentava no chão, com a mão na cabeça.— Não! Isso é muito improvável, eu não faria isso! — ela asseverou, batendo o pé em negação, até alguém bater à porta. Lavínia puxou um roupão e o vestiu rapidamente.— Que bom que já estão de pé. Está na hora do café da manhã, eu vou levar vocês de volta à trilha, o pessoal deve estar preocupado
Cap:146— Como isso é possível... desde o começo, então, ela estava bem ali. — Uma das meninas comentou empolgada, quebrando o silêncio.— Bom... final de tarde voltamos para casa. Aproveitem o máximo que puderem e, se quiserem, interroguem a senhora Bayer como planejavam. Ela não é um bicho de sete cabeças como parece. — Samuel disse, encarando Lavínia, que estava um pouco cabisbaixa ao olhar para Zara, que lhe retribuiu com um sorriso.— Infelizmente, vocês podem fazer isso na empresa. Temos que voltar, mas não se preocupem: amanhã será um dia de folga para a Alpha Corp. — Lavínia anunciou, e todos comemoraram.Após embarcarem, a viagem de barco prosseguiu. Zen permaneceu ao lado dela, e dessa vez os cochichos aumentaram ainda mais — todos estranhando um funcionário comum estar tão próximo da senhora Bayer.— Venha comigo! — Lavínia o chamou, puxando-o pelo braço, sem se importar com os olhares curiosos.— Aconteceu algo?— Eu tinha esquecido de te contar algo muito importante. — El
Cap:147— Olha... você tem um pensamento rápido, e é disso que eu gosto em você, mas você está errado! Você é meu sangue tanto quanto o sangue que corre em minhas veias, mas você não sabe de nada sobre o passado.— Você... por que eu tenho que ficar no escuro?— Você não precisava saber disso, porque só tinha que fazer o que eu estava te mandando fazer. Afinal... você é meu sucessor. O que aconteceu com a família de sua mãe não lhe diz mais respeito.— Por favor... o que está realmente acontecendo? Você fez a irmã dela se matar? Por favor... — Zen implorou, sentindo como se a cabeça fosse explodir.— Eu conheci Mery de um jeito diferente, e, se quer saber, agora que ele está com ela, nem você e nem eu teremos mais chances de encontrá-la.— Por que você tem tanta certeza de que não vamos encontrá-la?— Porque a forma como encontrei Mery foi inusitada e triste. Foi por isso que comprei ela. — ele contou com um sorriso sombrio.— Como a encontrou?— Mery é uma mulher saudável, mas ela es
Cap:148Após alguns minutos, Lavínia subiu para o andar de cima e entrou no quarto dele. Encontrou Zen sentado no chão, encostado na cama, com o olhar perdido. Sem dizer nada, ela se sentou ao seu lado. Os dois permaneceram em silêncio, um ao lado do outro.— Você sabe como vai enfrentar o mundo lá fora depois de saber a verdade? — ele perguntou, ainda preso em seus pensamentos.— Está falando sobre como enfrentar quem está tentando me matar? — ela retrucou com um sorriso amargo. — Estou magoada, quebrada, decepcionada... São tantas coisas.— Você caiu de pára-quedas em tudo isso... Deveria sair enquanto é tempo. — Ele a aconselhou, a voz baixa.— Por que está dizendo isso?— Porque eu não sou bom, ela não é boa, e as pessoas ao seu redor não são dignas da sua confiança.— Mas eu quero confiar em você.— Eu lembro da nossa conversa... Abri a boca e falei demais...— Você matou pessoas mesmo?— É isso que eu sou. Eu sei que te trato bem, finjo ser um bom rapaz, e sou assim apenas para
Cap: 149No bilhete, Cedrick e Lavínia descobriram que, um dia depois do atentado, um médico foi subornado para que pudesse ocorrer o procedimento. Naquele mesmo período, Zara recebeu a doação de medula óssea.— Zara estava internada naquele mesmo período esperando um doador. Por quê isso? — Lavínia murmurou, sentindo-se enjoada.— Então... era só um jogo. Eu preciso perguntar a Valmont, ele ainda não sabe que Mery foi levada... — comentou Cedrick, pegando o celular./ Onde você está? — Valmont perguntou ao atender./ Estou em casa. E você?/ Acabei de chegar. E Mery, conseguiu? — Valmont perguntou, mas Cedrick encerrou a ligação. Ele saiu do quarto e seguiu até o andar de baixo, onde encontrou Valmont. Ambos se entreolharam, demonstrando tensão.— Precisamos conversar agora! — Cedrick avisou, puxando Valmont em direção à cozinha.— O que está acontecendo?— Mery foi levada. Dessa vez, ela foi levada por ele. E sabe o que Romanov disse? Que não podia fazer mais nada. O que isso quer d
Cap:150Samuel se sentou ao lado de Lavínia, demonstrando animação ao encará-la, analisando sua reação.— Ela disse que recebeu uma doação de emergência e que vai ficar bem por um tempo — anunciou, apertando confortavelmente a mão dela e compartilhando sua animação.Lavínia forçou um sorriso, sentindo a cabeça turva. Logo em seguida, os olhos de Samuel encontraram os de Zen, que por um breve momento pareciam marejados.Ela nunca o tinha visto com aquele olhar. Sabia o que aquilo significava e o quanto ele estava com medo agora. Sem dizer nada, Zen desviou o olhar e saiu da sala, batendo a porta.— O que há de errado com ele? — Samuel perguntou, curioso.— Nada. Eu tinha pedido um documento urgente e, por um momento, pareceu que ele se esqueceu — respondeu, sorrindo fraco.De repente, suas mãos começaram a tremer. Lavínia soltou a mão de Samuel e apertou os dedos contra o peito, tentando controlar suas emoções.— O que está acontecendo? Esse comportamento... — murmurou Samuel, perceben
Cap:151Em seguida, ele encarou Lavínia, ao mesmo tempo em que ela apertava Zara em seus braços, mas não em sinal de afeto. Cedrick percebeu sua raiva, enquanto ela não conseguiu conter as lágrimas.— Que bom... — sua voz soou chorosa. Zara a encarou com ternura ao se afastar do abraço para olhá-la nos olhos.— Eu sei... você se esforçou muito também. Obrigada. Graças a você, eu consegui encontrar um doador. Se eu tivesse dito antes, não teria sofrido tanto tempo, não é?Lavínia abaixou a cabeça, confirmando, sem conseguir lhe dizer uma palavra. Em seguida, sentou-se na cadeira.— Você se alimentou bem hoje? Está mesmo bem? Está tão pálida... — Zara falava de forma carinhosa, enquanto Lavínia a encarava cética com a naturalidade de suas ações.— Estou bem. Você já viu Samuel? — perguntou Lavínia, forçando um sorriso. — Ele estava te procurando.— Ah... sim. Eu avisei a ele que estava vindo. Vou vê-lo. Sinto como se tivesse passado uma eternidade longe. — Zara se levantou. — Mais tarde