Cap 116Zen estava agora no quarto da mãe da senhora Bayer. A mulher continuava como sempre: sentada em sua cadeira, o olhar perdido, vago, vazio de vida e emoções. Ela parecia uma estátua, uma sombra de quem já fora.Ele puxou uma cadeira e se sentou à sua frente, cruzando as pernas e os braços. Observou-a com curiosidade, como quem analisa um enigma sem pressa de resolver.— Você não fala muito, não é? — começou, a voz suave, mas carregada de um tom quase cruel. — Na verdade, acho que nunca vi você reagir a absolutamente nada. Mas hoje... — Ele suspirou profundamente, deixando um sorriso sombrio curvar seus lábios. — Hoje eu quero te dar algo para se preocupar. E, sabe, também quero te contar o motivo. Afinal, todo mundo insiste em dizer que você vai morrer logo. Então... morra antes do enterro da sua filha, está bem?As palavras dele cortaram o silêncio do quarto como uma lâmina. Mas, como sempre, ela não demonstrou reação.Zen inclinou a cabeça, como se examinasse cada traço do ro
Cap. 117:Senhor Romanov afastou as mãos dele de sua gola com força, encarando-o de forma repreensiva.— Está fazendo piada com a minha cara? Era isso que estava planejando o tempo todo? Onde está Mery? — Ele asseverou, deixando Zen sem reação.— Como assim? Você não tirou ela do hospital? — perguntou, confuso.— Do que está falando, seu moleque maldito? Onde está Mery? — Romanov repetiu, agora com mais veemência. Zen levou as mãos à cabeça, demonstrando estar perdido.— Mas que merda você tá perguntando? Não foi você que tirou ela do hospital? Não foi você que sequestrou Lavínia? Porque eu não sei de nenhuma delas!— Por que eu sequestraria Lavínia? E se eu tivesse tirado Mery daquele hospital, ainda estaria no meu direito. Ela é minha mulher. Basta eu dar uma ordem, e eu consigo tirá-la de lá legalmente! — Romanov respondeu, firme.— Verdade... mas então? Foi Valmont? Quem mais tiraria ela de lá?— Não sei. Mas quem planejou isso foi muito esperto, porque mexeu no sistema das câmera
cap:118— Como assim acabou de entrar? — ele perguntou surpreso.— A Bayer já está lá dentro...Antes dela completar, ele correu até a sala e olhou ao redor ansioso, mas ela não estava lá como tinha pensado. Ninguém além dos que já tinham sido vistos antes, e ele sabia que nenhuma daquelas mulheres era a senhora Bayer.— Você já imprimiu os documentos que foram ordenados? — um dos advogados perguntou.— Supostamente ela nem precisa daquilo! — ele resmungou, dando de ombros e se retirando. Pegou a pilha de documentos e saiu. A moça que estava na recepção outrora já tinha desaparecido.Lavínia se manteve presa em sua sala, afundando-se no trabalho. Zara era quem ficava ao seu lado, observando e sempre lhe trazendo água.— Não está na hora de descansar? — Zara perguntou ao olhar o relógio. Já estava próximo do meio-dia.— Na verdade... acho que sim. — Lavínia disse, com sua visão um pouco turva, em seguida voltando ao normal. — Que estranho. — murmurou, apertando os olhos.— Você precisa
Cap: 119:Ele só reagiu quando a porta bateu com força após ela sair enfurecida.— Droga! — ele asseverou, jogando as folhas longe. — Estou cansado de te ignorar. — Murmurou para si mesmo.Mas foi despertado de seus devaneios quando o telefone tocou.— O que descobriu? Já sabe onde ela pode estar? — ele perguntou ansioso.— Não, ninguém viu Mery, nem mesmo quando ela saiu do quarto do hospital. — Valmont explicou, tenso.— Como uma mulher pode sumir como fumaça?— Não sei, mas tenho tentado investigar mais a fundo sobre o cunhado de Mery e descobrir onde ele pode estar. Acredito que ele esteja na cidade, e mais perto do que você pode imaginar.— Como assim? Se ele estivesse perto, já teria me matado, certo? Ele tentou uma vez e jurou matar não só a mim, mas também Lavínia.— Estive pensando... em todas as coisas que aconteceram para vocês se reencontrarem. Você sabe os motivos para Lavínia ter vindo para esta cidade?— Não sei. É tudo muito confuso desde aquela época. Afinal, ela pare
Cap.: 120— Ela recebeu isso? — ele perguntou, se levantando.— Onde ela está e onde esse bilhete está?— Ela está melhor, está trabalhando, e o bilhete está de volta à pilha de presentes. — ela avisou.Então, Cedrick correu em direção à sala.Todos os funcionários direcionaram seu olhar a ele, confusos com sua entrada brusca na sala. Nem ele tinha percebido sua pressa.— Ei, assistente, o que está fazendo? Pensei que seu turno já tinha acabado. — uma das mulheres perguntou.— Pois é... Mas me disseram que está tendo muito trabalho aqui. Por acaso... aquela pilha de coisas é para levar para o depósito? — ele perguntou, mostrando as correspondências mandadas diretamente para Bayer.— Sim, por favor, se for possível... queime tudo que tiver a ver com mensagens e presentes de ódio. — um deles disse, ainda demonstrando tensão. Estavam todos com medo.Cedrick arrumou uma caixa grande, jogou todas aquelas coisas dentro e segurou o envelope escondido debaixo do blazer. Seguiu para o depósito
cap: 121— Ei, o que você está... — Lavínia tentou sair, mas foi tarde demais.A porta se fechou com um som metálico, e em questão de segundos, uma densa neblina branca começou a tomar conta do elevador. Lavínia encostou-se na parede, petrificada por um instante. Seu coração disparou quando o cheiro químico invadiu suas narinas e começou a sufocá-la.Desesperada, ela correu até o painel e começou a apertar os botões repetidamente, tentando abrir a porta ou parar o elevador. Suas mãos tremiam enquanto seus pulmões começavam a falhar. A neblina se espalhava rapidamente, tornando cada respiração mais difícil.— Alguém... me ajude... — ela conseguiu murmurar, antes de tossir violentamente, os olhos lacrimejando por causa do gás.Enquanto isso, Zen continuava correndo pelas escadas como um louco, ouvindo apenas o som abafado dos próprios passos e o pulsar ensurdecedor do sangue em seus ouvidos. Ele sabia que precisava chegar lá antes que fosse tarde demais.No elevador, Lavínia caiu de joe
cap: 122— Bom... eu a vi algumas vezes depois daquela festa. — Ele comentou, engolindo em seco, enquanto Zen parecia ter perguntado de forma proposital.— Estou com medo de algumas coisas... — confessou, ignorando a reação de Valmont.— Do quê?— De perder as coisas que amo. Sei que não deveria amar ou me apegar a nada, foi assim que aquele homem tentou me criar... mas não posso evitar. Estou acostumado a me apegar ao que não recebi quando era mais jovem. No dia em que acordei naquele hospital, depois de quase morrer, eu acordei com uma nova família. Então, não foi um dia ruim para mim. Eu só tinha 14 anos, e ainda não tinha a mente fria que tenho hoje. Mas, com certeza, aquela época me salvou... ou eu teria descartado tudo que tivesse a ver com humanidade.— Eu sei... Romanov queria criar apenas uma máquina de matar. Você é assim, mas com sentimentos. Aprendeu a respeitar as pessoas que ama. Mas nem tudo é como a gente quer. As coisas estão saindo do controle, e, com esse bilhete, t
cap: 123Samuel e Zara correram para o quarto ao ouvirem o grito de pânico dela. Quando a encontraram, Lavínia estava encolhida no canto da cama, enquanto o celular, com a tela rachada, estava no outro canto, onde ela o havia arremessado.— O que aconteceu? — Samuel perguntou, tentando acalmá-la, mas ela não disse uma palavra sequer.— O que será que ela viu de tão assustador agora? — Zara questionou, demonstrando ansiedade. — Eu já disse... A gente precisa sumir por um tempo, sei lá, ir para outro país e passar umas férias. O problema da Lavínia é que ela sempre prefere enfrentar tudo, mas parece que as coisas estão indo longe demais.— Não sei... — Samuel murmurou confuso, colocando Lavínia deitada na cama, enquanto ela mantinha os lábios comprimidos, ainda em pânico. — Qual será a motivação desse homem? O que ele realmente quer? — ele perguntou, tão confuso quanto preocupado, enquanto Zara engolia em seco.— Vamos pedir ao médico que lhe dê um calmante.— Não! Eu estou bem. — Lavín