cap: 122— Bom... eu a vi algumas vezes depois daquela festa. — Ele comentou, engolindo em seco, enquanto Zen parecia ter perguntado de forma proposital.— Estou com medo de algumas coisas... — confessou, ignorando a reação de Valmont.— Do quê?— De perder as coisas que amo. Sei que não deveria amar ou me apegar a nada, foi assim que aquele homem tentou me criar... mas não posso evitar. Estou acostumado a me apegar ao que não recebi quando era mais jovem. No dia em que acordei naquele hospital, depois de quase morrer, eu acordei com uma nova família. Então, não foi um dia ruim para mim. Eu só tinha 14 anos, e ainda não tinha a mente fria que tenho hoje. Mas, com certeza, aquela época me salvou... ou eu teria descartado tudo que tivesse a ver com humanidade.— Eu sei... Romanov queria criar apenas uma máquina de matar. Você é assim, mas com sentimentos. Aprendeu a respeitar as pessoas que ama. Mas nem tudo é como a gente quer. As coisas estão saindo do controle, e, com esse bilhete, t
cap: 123Samuel e Zara correram para o quarto ao ouvirem o grito de pânico dela. Quando a encontraram, Lavínia estava encolhida no canto da cama, enquanto o celular, com a tela rachada, estava no outro canto, onde ela o havia arremessado.— O que aconteceu? — Samuel perguntou, tentando acalmá-la, mas ela não disse uma palavra sequer.— O que será que ela viu de tão assustador agora? — Zara questionou, demonstrando ansiedade. — Eu já disse... A gente precisa sumir por um tempo, sei lá, ir para outro país e passar umas férias. O problema da Lavínia é que ela sempre prefere enfrentar tudo, mas parece que as coisas estão indo longe demais.— Não sei... — Samuel murmurou confuso, colocando Lavínia deitada na cama, enquanto ela mantinha os lábios comprimidos, ainda em pânico. — Qual será a motivação desse homem? O que ele realmente quer? — ele perguntou, tão confuso quanto preocupado, enquanto Zara engolia em seco.— Vamos pedir ao médico que lhe dê um calmante.— Não! Eu estou bem. — Lavín
cap.: 124— Como assim? — Cedrick perguntou, confuso. — Nunca vi nada disso antes. Não existia mulher mais centrada e atenta no que fazia do que Lavínia. Se ela está assim agora, pode ser por causa das coisas que andou fazendo.— Verdade... Além disso, tem a nomeação dela hoje. Finalmente, ela vai se tornar a tão sonhada juíza! — Zara comentou, até sentir um toque no ombro vindo de Samuel.— Ela vai se tornar juíza? — ele perguntou, com a testa franzida.— Não! Na verdade, me confundi... — murmurou ela, levando as mãos à cabeça. — Parece que estou tão cansada quanto Lavínia.— Não parece que você se confundiu. — Cedrick retrucou, desconfiado.— Você ainda está aqui?! — a mãe de Cedrick suspirou, segurando-o pelo braço e puxando-o para longe dos dois.— O que está acontecendo?— Onde está ela? Fui ao quarto dela e não a encontrei! — a mãe disse, temerosa.— Quem? A senhora Bayer?— Ela mesma... — sua mãe apertou os lábios, colocando a mão no peito, visivelmente aflita.— Ela saiu? — Ced
cap: 125Ela observou por um curto período e, em seguida, recuou, ligando para alguém.— Querido, você não vai acreditar, mas eu a encontrei. — Ela comentou enquanto seguia para a cabine do elevador, mal percebendo que tinha passado por alguém conhecido.— O que essa mulher faz aqui? — Zen murmurou, desconfiado. Ainda assim, não se interessou em descobrir, enquanto esperava sua ligação ser atendida.— Valmont, me envie o endereço de onde será a posse de juíza da senhora Bayer. Lembro que é hoje, não é? Os jornais não param de falar sobre isso.— Você está pensando em ir?— Sim.— Mas é um evento restrito. Normalmente, quem irá será apenas os promotores e funcionários da empresa dela e... é verdade, você é um deles. Ainda assim, não recebeu nenhum convite. Você precisa de um para entrar.— Valmont, uma porta fechada nunca foi um motivo para eu não conseguir entrar, você sabe disso. Além disso, preciso descobrir o verdadeiro motivo do casamento de Lavínia. Já descobriu algo?— Não, mas
Cap: 126:Após pagar o táxi, entrou junto com ela, que se sentou no sofá.— Que droga... o que eu vou fazer? — ele perguntou, desgrenhando o cabelo impaciente e encarando Elena sentada no sofá, com uma expressão de indiferença.— Tudo bem com você? — Ela perguntou, engolindo em seco, com um tom arrastado.— Você continua falando... — Ele suspirou inquieto. — Por que você veio para cá?— Eu estou com medo, não quero ficar lá, e nem morrer. — Ela confessou, assustada.— Sua filha vai causar uma grande confusão por sua causa. Por que não volta? Como conseguiu chegar aqui sem saber onde eu moro?— Eu te segui e fiquei esperando até que aquele homem fosse embora. Preciso que você me esconda, por favor.— Por quê?— Você viu... aquela mulher, a qual não quero chamar de irmã, está tentando me matar. Com a minha morte, meu marido pode pegar a fortuna que tem em meu nome.— Caramba, senhora, sua família gosta mesmo de dinheiro.— Minha filha tem guardado milhões na minha conta bancária para o
Cap:127Enquanto todos no centro de recuperação estavam atordoados e sem saber o que fazer, as câmeras haviam registrado tudo o que acontecera. A sala estava mergulhada em um silêncio pesado enquanto as imagens eram assistidas novamente, como se buscassem entender o inexplicável.Lavínia mantinha o olhar fixo na tela, o rosto pálido, o coração acelerado. Ela reconheceu imediatamente a mulher que havia entrado no quarto de sua mãe. Seu estômago revirou ao pensar no pior, mas continuou assistindo, e o que viu a deixou sem palavras: sua tia Eleonor, com uma expressão fria e determinada, tentando sufocar Elena. As imagens seguiram até Zen, cambaleando bêbado, entrando no quarto, pegando uma seringa e aplicando algo na mulher, que caiu desacordada.— E-eu... — Lílian tentou balbuciar, desconfortável. — Ele não a matou... — completou, a voz carregada de tensão. — Ele só aplicou o remédio de Elena. Sua tia está dormindo em um dos quartos.— Ainda bem... — Lavínia suspirou, o alívio visível e
cap: 128— Lavínia está apresentando sinais da doença hereditária da mãe. — O médico começou, sua expressão grave. — Não esperávamos que os sintomas pudessem surgir antes mesmo de ela completar trinta anos. Se eu tivesse previsto isso... talvez tivéssemos iniciado o tratamento antes, para tentar inibir os efeitos.— O que quer dizer? — Zen perguntou, a tensão evidente em sua voz.— Que, aos poucos, Lavínia pode começar a se esquecer de quem é, do que sabe, do que é capaz. Seus neurônios podem começar a se degradar e...— Mas e a mãe dela? — Zen o interrompeu, confuso. — A mãe dela durou anos, certo?— Não... Não é bem assim. — O médico suspirou. — A mãe de Lavínia passou por um período extremamente difícil no início. A doença, em sua fase inicial, se apresenta de forma muito agressiva, até que o corpo se adapta às mudanças. Mas, quando isso acontece, a pessoa já não é mais a mesma. Ela inicia uma caminhada lenta, porém irreversível, para a morte, desde o momento em que os sintomas sur
cap: 129:— Eu quero ler, mas também quero que você fique aqui e me explique cada coisa. Não me peça para ir ligando os pontos como um quebra-cabeça demorado, por favor... — Zen pediu, o olhar preocupado fixo em Valmont.— Apenas leia, e depois você vai entender o que está acontecendo. — Valmont respondeu, firme.Zen pegou o primeiro envelope, sem entender o motivo de estar ali. Eram os exames de Zara. Ele não compreendia por que o médico também tinha entregado aquilo a Valmont, mas, assim que abriu, a resposta ficou clara.— Como assim Zara tem leucemia?— Sim. — Valmont confirmou, suspirando profundamente enquanto descansava as costas na cadeira com uma postura resiliente.— Aqui tem dados dela, mas não entendo... — Zen começou a folhear os documentos, a confusão aumentando. — E doadores? Zara tem um tipo de sangue pouco comum, e... Ela tinha uma única doadora que era... — Ele ergueu os olhos, surpreso. — Minha mãe?— Sim. Um dos motivos pelos quais Zara ainda está viva é exatamente