Cap:112— Apenas feche os olhos e finja que está dormindo. — Mery sussurrou ao menino que tremia agarrado ao seu lado, como se pudesse protegê-la do mundo. — Ele vai bater em você por causa daquela mulher? — a voz dele saiu trêmula enquanto escondia o rosto em seu peito. — Não se preocupe, não é nada que já não tenha acontecido antes. — Mery forçou um sorriso, mas o medo em seus olhos era tão evidente quanto o som dos passos pesados que ecoavam pelo corredor, cada vez mais próximos.A porta se abriu com força, e o quarto pareceu encolher diante da presença esmagadora de Romanov, seguido por uma pequena comitiva. Jenner irrompeu logo atrás, apontando para a mulher deitada na cama com teatralidade. — Essa mulher me bateu! — acusou, a voz carregada de falsa indignação.Mery permanecia imóvel, os olhos cerrados, a respiração contida, fingindo um sono profundo. — Como ela pode ter te agredido? — Romanov perguntou, cruzando os braços e fixando Jenner com um olhar frio. — Ela está sob efe
Cap:113— O que você está dizendo, sua maluca?! — Barbara berrou, recuando alguns passos, os olhos arregalados.— O que está acontecendo aqui? Quero uma explicação clara antes de decidir o que fazer com vocês. — Senhor Romanov disse, sua voz baixa, mas carregada de ameaça.Jenner se mexeu desconfortavelmente, as mãos trêmulas enquanto tentava manter a compostura.— Foi... foi a sua mulher que me deu a ideia de dar o afrodisíaco ao Cedrick para... — Ela mordeu os lábios, parando, o constrangimento evidente.— Por que não completa e conta toda a verdade a ele? — Barbara a provocou, com um sorriso frio nos lábios.— Senhor Romanov, vamos conversar de forma civilizada. — O pai de Jenner, senhor Klaus, interveio, sua voz cautelosa. — Lembre-se de que minha filha pode estar no início de uma gestação e essa mulher quase a fez perder.— É mentira! — Barbara explodiu, sua voz cortante, deixando Klaus sem palavras. — Ela disse que passou a noite com Cedrick, mas é tudo uma farsa! Naquela noite,
cap: 114Ele continuou caminhando pelo corredor até alcançar a escadaria por onde haviam levado Cedrick. Seus passos ecoavam no silêncio pesado da casa. Descendo as escadas, seguiu pelo estacionamento, cruzando o portão lateral até chegar ao jardim. Foi ali, junto a um canteiro florido, que encontrou o menino encolhido, abraçando o próprio corpo em busca de conforto.— Está frio. — A voz de Romanov cortou o silêncio, firme e repreensiva. — Sua saúde já é ruim o suficiente. O que quer? Piorar?O menino ergueu o rosto devagar, os olhos marejados brilhando sob a luz fraca. Ele encarou o homem com uma mistura de dor e determinação.— A senhora Mery vai voltar? — perguntou, limpando as lágrimas com as costas das mãos pequenas.Romanov respirou fundo, desviando o olhar por um instante.— Não sei. Mas também não faz diferença, já que ela é uma mulher louca.— Mery não é louca! — o menino rebateu, sua voz firme e carregada de indignação.Romanov arqueou uma sobrancelha, surpreso pela ousadia.
Cap:115Mery não disse nenhuma palavra. Mesmo sentindo que Lavínia falava sério, apenas sorriu de forma apreensiva, voltando a observar a paisagem.— Apenas me deixe aproveitar alguns minutos da minha liberdade. O senhor Romanov não é do tipo com quem se pode mexer. Você deveria saber disso. — Mery murmurou, ignorando a presença da jovem.Porém, ao ouvir o som de algo sendo arrastado, virou-se e viu Lavínia trazendo uma cadeira de rodas.— Por que não se senta aqui? Tudo bem, eu não posso te obrigar a acreditar em mim, mas posso te mostrar lugares bonitos perto daqui. Soube que você perdeu muito sangue e não consegue caminhar muito. Então... se quer aproveitar um pouco de liberdade, deveria vir comigo. — Lavínia sugeriu com um sorriso calmo, mas firme.— Bom... — Mery sorriu desconcertada, hesitando por um momento. — Não posso recusar um passeio, já que está me oferecendo. — disse, caminhando com dificuldade até se sentar na cadeira.Enquanto isso, Valmont permanecia no quarto de Zen.
Cap 116Zen estava agora no quarto da mãe da senhora Bayer. A mulher continuava como sempre: sentada em sua cadeira, o olhar perdido, vago, vazio de vida e emoções. Ela parecia uma estátua, uma sombra de quem já fora.Ele puxou uma cadeira e se sentou à sua frente, cruzando as pernas e os braços. Observou-a com curiosidade, como quem analisa um enigma sem pressa de resolver.— Você não fala muito, não é? — começou, a voz suave, mas carregada de um tom quase cruel. — Na verdade, acho que nunca vi você reagir a absolutamente nada. Mas hoje... — Ele suspirou profundamente, deixando um sorriso sombrio curvar seus lábios. — Hoje eu quero te dar algo para se preocupar. E, sabe, também quero te contar o motivo. Afinal, todo mundo insiste em dizer que você vai morrer logo. Então... morra antes do enterro da sua filha, está bem?As palavras dele cortaram o silêncio do quarto como uma lâmina. Mas, como sempre, ela não demonstrou reação.Zen inclinou a cabeça, como se examinasse cada traço do ro
Cap. 117:Senhor Romanov afastou as mãos dele de sua gola com força, encarando-o de forma repreensiva.— Está fazendo piada com a minha cara? Era isso que estava planejando o tempo todo? Onde está Mery? — Ele asseverou, deixando Zen sem reação.— Como assim? Você não tirou ela do hospital? — perguntou, confuso.— Do que está falando, seu moleque maldito? Onde está Mery? — Romanov repetiu, agora com mais veemência. Zen levou as mãos à cabeça, demonstrando estar perdido.— Mas que merda você tá perguntando? Não foi você que tirou ela do hospital? Não foi você que sequestrou Lavínia? Porque eu não sei de nenhuma delas!— Por que eu sequestraria Lavínia? E se eu tivesse tirado Mery daquele hospital, ainda estaria no meu direito. Ela é minha mulher. Basta eu dar uma ordem, e eu consigo tirá-la de lá legalmente! — Romanov respondeu, firme.— Verdade... mas então? Foi Valmont? Quem mais tiraria ela de lá?— Não sei. Mas quem planejou isso foi muito esperto, porque mexeu no sistema das câmera
cap:118— Como assim acabou de entrar? — ele perguntou surpreso.— A Bayer já está lá dentro...Antes dela completar, ele correu até a sala e olhou ao redor ansioso, mas ela não estava lá como tinha pensado. Ninguém além dos que já tinham sido vistos antes, e ele sabia que nenhuma daquelas mulheres era a senhora Bayer.— Você já imprimiu os documentos que foram ordenados? — um dos advogados perguntou.— Supostamente ela nem precisa daquilo! — ele resmungou, dando de ombros e se retirando. Pegou a pilha de documentos e saiu. A moça que estava na recepção outrora já tinha desaparecido.Lavínia se manteve presa em sua sala, afundando-se no trabalho. Zara era quem ficava ao seu lado, observando e sempre lhe trazendo água.— Não está na hora de descansar? — Zara perguntou ao olhar o relógio. Já estava próximo do meio-dia.— Na verdade... acho que sim. — Lavínia disse, com sua visão um pouco turva, em seguida voltando ao normal. — Que estranho. — murmurou, apertando os olhos.— Você precisa
Cap: 119:Ele só reagiu quando a porta bateu com força após ela sair enfurecida.— Droga! — ele asseverou, jogando as folhas longe. — Estou cansado de te ignorar. — Murmurou para si mesmo.Mas foi despertado de seus devaneios quando o telefone tocou.— O que descobriu? Já sabe onde ela pode estar? — ele perguntou ansioso.— Não, ninguém viu Mery, nem mesmo quando ela saiu do quarto do hospital. — Valmont explicou, tenso.— Como uma mulher pode sumir como fumaça?— Não sei, mas tenho tentado investigar mais a fundo sobre o cunhado de Mery e descobrir onde ele pode estar. Acredito que ele esteja na cidade, e mais perto do que você pode imaginar.— Como assim? Se ele estivesse perto, já teria me matado, certo? Ele tentou uma vez e jurou matar não só a mim, mas também Lavínia.— Estive pensando... em todas as coisas que aconteceram para vocês se reencontrarem. Você sabe os motivos para Lavínia ter vindo para esta cidade?— Não sei. É tudo muito confuso desde aquela época. Afinal, ela pare