Cap.93 — Lavínia... – Zara balbuciou, tonta. A visão de sua amiga nua, chorando e tremendo, a deixou sem palavras. – Você foi atacada por acaso? O que aconteceu? — A pergunta saiu de seus lábios como um sussurro, carregada de preocupação. — Zara, está tudo bem? – Samuel perguntou do lado de fora do quarto. — Não entre! – Zara gritou, indo em direção a Lavínia e jogando um lençol sobre seu corpo. A amiga chorava inconsolavelmente, como uma criança perdida. – O que aconteceu? Quem te bateu? Céus... Lavínia se ajoelhou no chão, o corpo sacudido pelos soluços. O lençol escorregou, revelando hematomas e arranhões espalhados por seu corpo. — Que inferno! – ela balbuciou, a voz rouca. – É assim que ele queria que tudo acabasse? – A pergunta ecoou no quarto, carregada de amargura. Ela analisou cada parte de seu corpo, reconhecendo cada marca e cada situação em que fora criada, como se cada uma daquelas marcas tivesse uma memória que fizesse seu estômago se comprimir. Zara se sentou ao la
Cap. 94 — Vocês já estão assim? Já conheceu a mãe dele? Como ela é? – Lavínia perguntou. — Ela deu apenas um quarto para a gente, pensando que éramos um casal. Ficamos super desconfortáveis, não tinha cama, e ela nos deu um colchão para dormir no chão. Ele não desmentiu ela, apenas sorriu. A mãe dele é um amor, me tratou tão bem. – Zara suspirou, tomada por uma nostalgia. "— Isso é bom. Eu nunca conheci a mãe dele, na verdade, nem mesmo soube qualquer coisa sobre a família dele nesses anos que trabalhamos juntos. Mas sei que ele tem uma carga emocional bem grande, muitas coisas aconteceram com ele enquanto trabalhava para o estado como soldado. – Lavínia com expectativas. "— Ah... eu sei, ele está sempre se divertindo e saindo com várias mulheres, mas o engraçado é que parece que está tentando suprimir algo dentro dele. – Zara observou, pensativa. Aquele lado vulnerável de Samuel a intrigava. "— Talvez... – Lavínia comentou, pensativa. – Você pode usar esse período que estão na pe
Cap.95 O amor que eu buscava. Quando Cedrick abriu os olhos, a escuridão o envolveu como um manto. O cheiro de mofo e poeira era sufocante, misturado a um leve odor de metal que lhe causava náuseas. Tentou se levantar, mas uma dor aguda percorreu suas costas, fazendo-o gemer. As paredes pareciam se mover, as sombras dançavam em um balé macabro. Onde estava? O que havia acontecido? A lembrança da discussão com Romanov e da agulha sendo cravada em seu braço voltou com força. Uma onda de pânico o invadiu. Estava preso. Seu pai havia o levado ao pior lugar. A imagem de Romanov sorrindo, com aquele olhar de triunfo, surgiu em sua mente, e um calafrio percorreu sua espinha, ao mesmo tempo que suas memórias de infâncias voltavam tomando forma naquele lugar imundo. Com dificuldade, conseguiu se arrastar até a porta. As mãos tremiam enquanto tentava abrir a maçaneta enferrujada. A cada tentativa, o medo aumentava. A porta não cedia. Começou a bater com força, gritando por ajuda, mas seus gr
Cap:96 — Finalmente você saiu daquele departamento de loucos, não é? — Cintia disse, empolgada, enquanto o conduzia para dentro da sala. — É aqui que vou ficar? — ele perguntou, a voz carregada de um misto de surpresa e desconfiança. Afinal, por que uma sala tão grande e bem equipada para ele, de repente? A sala era ampla, com móveis modernos e uma vista deslumbrante da cidade. — Levando em conta sua especialização, você já deveria ter tomado posse dessa sala a muito tempo. Temos uma lista de funcionários para atender diariamente nas suas horas de folga também, vou te avisar, os funcionários que trabalham diretamente com Bayer são os mais trabalhosos, eles se tornam uma máquina, acredito que não tem um que não tenha problemas que pode causar transtornos e infarto. — Essa mulher parece ser bem problemática mesmo. — ele comentou, demonstrando indiferença, mas por dentro, sentia uma estranha sensação de apreensão. — Você não a conhece? — ela perguntou, o encarando com curiosidade. —
— Como assim? Eu não vi ninguém. — Zara parou incrédula. — Tem certeza? — ele perguntou com uma ar de ironia fixando seu olhar nela ao parar em sua frente cruzando os braços, deixando seus músculos em evidência em sua camisa de algodão de manga curta com uma pequena abertura na gola. — Sim, normalmente você sempre some quando tem alguma mulher, mas não vi nenhuma esses dias. — Ah... não viu nenhuma mulher? — perguntou em tom irônico. — Não! — Pode ser, deve ser que estou andando com um anjo, ela é tão linda quanto um. — ele suspirou ao mesmo tempo que Zara mantinha sua atenção no sorriso discreto dele sem perceber de quem ele se referia. Zara cruzou os braços, seus olhos estreitando-se em suspeita. — Quem? — ela suspirou levando uma das mãos ao peito como se tivesse sentindo o peito acelerar. — Você é tão tapada, eu não tenho andado com outras mulheres porque tenho andado com uma mulher já e ela tem tendência a colocar o pé dela na minha cara. Samuel desviou o olhar, como se est
A gente tem que voltar agora! – Zara avisou as pressas. Lavínia, serena, continuava se arrumando, como se nada de importante estivesse acontecendo. — Voltar? Estar aqui é tão bom. – ela suspirou, indiferente, os olhos fixos no espelho. — Céus... eu nem acredito que fazíamos isso! – Zara se jogou na cama, cobrindo o rosto com as mãos. A culpa e a vergonha a consumiam. — Do que está falando? – Lavínia perguntou, sem entender a reação da amiga. — Você não percebia o que a gente fazia? – Zara perguntou, incrédula. A expressão de Lavínia, no entanto, era de genuína confusão. – Samuel, a gente simplesmente não se importava com o fato dele ser homem. Quantas vezes ele te viu sem roupa? — Ah... muitas vezes eu acho. – Lavínia suspirou, como se estivesse recordando algo distante. – Ele é como meu guarda-costas. Se bem que no início eu fazia isso de propósito, era um teste para ver se ele era realmente focado em seu trabalho e levava a sério. E ele conseguiu conquistar seu lugar e subir na
Cap.99 Zara cambaleou para trás, assustada, e a jarra estilhaçou-se no chão, um som agudo ecoando pela cozinha. A luz se acendeu, revelando uma cena caótica: cacos de vidro espalhados por toda parte e Zara, pálida. Samuel correu em sua direção, a preocupação estampada em seu rosto. — Não se mexa – ele ordenou, sua voz firme cortando o silêncio. Seus olhos percorreram o chão, analisando a extensão do desastre. Os cacos de vidro cintilavam sob a luz, como pequenas estrelas malignas. Com movimentos cuidadosos, Samuel se aproximou de Zara, evitando os fragmentos de vidro. — O que está fazendo? – ela perguntou, sua voz trêmula. A proximidade dele a deixava nervosa, mas ao mesmo tempo, a confortava. Ele a pegou no colo com cuidado, sentindo a leveza de seu corpo. A sensação de tê-la em seus braços era estranhamente familiar. Colocou-a sentada na mesa de mármore fria. — Como pode ser tão descuidada? – ele repreendeu, sua voz mais suave do que o tom que usara antes. Seus olhos se desviar
Cap.100 — Quando vocês pensavam em me contar o que está acontecendo? — Samuel perguntou, a voz carregada de reprovação, enquanto abria o envelope com os exames de cada uma delas. — Eu não estava escondendo nada, eu ia contar a vocês... — Zara resmungou, a cabeça baixa, atraindo o olhar preocupado de Lavínia. — O que está acontecendo com Zara? Por que você decidiu voltar rapidamente para a cidade? — Lavínia questionou, a voz alterada pela surpresa e pela raiva. — Porque aqui é o lugar mais adequado para vocês duas. Lá na nossa antiga cidade não tem médicos adequados para a situação delicada de vocês. Quando eu levei Zara para o médico, descobri que já faz um ano que ela vem tratando um tumor cerebral. Parece que não está afetando por não estar avançando, ainda assim, ela tem que tratar para que não se torne maligno. Mas ela está escondendo isso e também não está fazendo o tratamento já faz um ano. O que você acha que vai acontecer? — Samuel direcionou a pergunta a Zara, que desviou