Jean, lá de cima, olhou para mim e fez um leve aceno de cabeça. Um simples gesto, mas foi como se me lançasse uma corda enquanto eu afundava em um abismo. Em questão de segundos, o desespero deu lugar a uma onda de alívio e felicidade. Senti um calor intenso no peito, e, com um sorriso discreto, retribuí o gesto à distância.Por mais que o Bracelete de Jade não estivesse mais ao meu alcance, vê-lo nas mãos de Jean era, sem dúvida, o melhor desfecho possível.— Trezentos milhões! Alguém mais? — Insistiu o leiloeiro, a voz quase falhando de tanta empolgação. — Trezentos milhões pela primeira vez, pela segunda vez, pela terceira vez! Vendido! O novo proprietário do bracelete de jade branco é o Sr. Jean!Um aplauso estrondoso tomou conta do salão. Era como se todos quisessem demonstrar admiração pelo lance histórico. Os olhos se voltaram para o segundo andar, onde Jean permanecia sentado, impassível, com a aura de alguém que já estava acostumado a ser reverenciado. Ele parecia um imperador
Eu não ousava imaginar como essa situação se desenrolaria, nem os rumores que surgiriam. Não sabia se isso seria uma bênção ou uma maldição para mim. Mas, naquele momento, eu havia recuperado toda a minha dignidade e dado um tapa na cara de Davi e Clara. Por Jean, nesse instante, eu até morreria, sem arrependimentos.— Kiara, quando você conheceu o Sr. Jean? — Clara já não conseguia mais manter ares de superioridade e, com os olhos arregalados, perguntou diretamente o que martelava em sua mente.Segurei a caixa de joias com cuidado, olhei para ela e dei um sorriso provocador:— O que isso te interessa?— Você...Sem paciência para prolongar aquela cena, já tendo conseguido o que queria, decidi ir embora.Clara, que claramente havia perdido a disputa, virou-se para Davi e começou a despejar sua frustração:— Vamos embora! Ficar aqui pra quê? Não tem mais nada que eu queira!Davi, por sua vez, parecia atordoado, como se tivesse levado um golpe que ainda não conseguia processar.Sem me im
Davi me lançou um olhar de puro ódio antes de sair correndo com Clara nos braços, sem dizer uma única palavra.Fiquei parada no lugar, confusa. O que significava aquele olhar? Ele parecia me odiar profundamente. Será que ele ainda me culpava por eu não ter deixado ele gastar os duzentos milhões?Quanto a Clara, nunca soube o que aconteceu com ela depois disso.Com o Bracelete de Jade da minha mãe finalmente em mãos, voltei para Cidade Saurimo com o coração leve. No mesmo dia, fui ao cemitério visitá-la. Queria contar a ela a boa notícia.Já era noite quando, sozinha em casa, finalmente pude me acalmar. Olhei para o bracelete e, de repente, uma preocupação começou a me consumir. Como eu poderia retribuir uma dívida tão imensa quanto os trezentos milhões que Jean havia gasto?Decidi que no dia seguinte procuraria Jean para conversar. Não importava o que fosse preciso, eu tinha que pagar essa dívida. Do contrário, jamais teria paz. Mas, para minha surpresa, antes mesmo que eu pudesse ir a
Na verdade, para ele, gastar alguns milhões provavelmente não passava de um simples gesto.Eu segurava o celular, hesitando. Não sabia se deveria ou não entrar em contato para agradecer. Depois de pensar por alguns minutos, decidi que, por uma questão de princípios, precisava expressar minha gratidão.Aceitar a ajuda de alguém e não agradecer seria falta de educação. Se ele aceitaria ou não meu agradecimento, isso já era outra história. Mas eu, pelo menos, precisava demonstrar respeito.Então, peguei o cartão de visita que Leonardo havia me dado naquele dia, quando saímos da fábrica, e liguei.— Srta. Kiara, boa tarde. — A voz de Leonardo atendeu do outro lado.Na hora, entendi que aquele número devia ser da equipe de trabalho de Jean. Alguém como ele, com certeza, não sairia distribuindo seu contato pessoal para qualquer um.— Sr. Leonardo, boa tarde. Ontem, o Sr. Jean me ajudou muito, e eu gostaria de agradecê-lo pessoalmente. Seria possível? — Expliquei logo de cara o motivo da liga
Como podia existir alguém tão incrível assim? Não tinha nenhum segundo interesse, nenhum pensamento impróprio. Só achava que ele era uma pessoa excepcional.Apesar de ser alguém tão ocupado e com uma posição tão alta, Jean não só aceitou meu convite para jantar, como o fez de forma educada, sem sequer demonstrar desdém.Mas aí veio outra preocupação: onde levar alguém como ele para jantar? Com a vida que leva, tudo ao seu redor deve ser impecável, desde o que come até onde se hospeda. Um restaurante sofisticado qualquer não estaria à altura. Por sorte, minha melhor amiga, Bela, tem uma família que administra uma rede de restaurantes de luxo.Peguei o celular e mandei uma mensagem para ela no WhatsApp:[Bela, preciso de ajuda. Quero levar alguém muito importante para jantar amanhã, como forma de agradecimento. Me recomenda algum restaurante com classe?]Ela respondeu na mesma hora:[Quando?][Amanhã à noite.][Então vá ao Bom Sabor. Vou pedir para reservarem uma sala privativa de nível
Havia limites para a paciência, e Isabela definitivamente os havia ultrapassado. Vir até minha empresa para fazer escândalo? Isso não ia ficar assim.Peguei o celular e imediatamente liguei para a polícia. Meu "querido pai" ainda estava detido, e pensei que seria ótimo se os dois tivessem a chance de passar um tempo juntos.Assim que ouviu as palavras "polícia", Isabela ficou ainda mais descontrolada. Ela contornou minha mesa e veio para cima de mim, pegando outro monte de documentos para me atacar:— Você ainda tem coragem de chamar a polícia, sua vadia? Seu pai está preso por sua causa! A polícia disse que ele foi pego com uma prostituta e vai ficar detido por mais de dez dias! Você é venenosa, muito pior que sua mãe! Você destruiu nossa família, transformou tudo em um inferno! Por que você não pega uma doença terminal e morre logo? Assim vai fazer companhia para sua mãe no inferno! Deus é tão injusto... minha filha tão jovem... tão jovem e prestes a morrer...Ela gritava, histérica,
Fui ao hospital para fazer um check-up e, de propósito, pedi ao médico que exagerasse no curativo de um pequeno corte na minha cabeça. Saí de lá com um curativo enorme e um daqueles gorros brancos de malha médica. Quando cheguei à delegacia para dar meu depoimento, o policial já havia terminado de interrogar a Isabela.Com as gravações do meu escritório como prova, ficou claro quem estava certo e quem estava errado.No final, o policial concluiu que o comportamento da Isabela infringiu as normas de segurança pública. Ela foi condenada a dez dias de detenção administrativa, uma multa de dois mil reais e ainda teve que me pedir desculpas na minha frente.Quando voltei a encontrar Isabela, toda sua arrogância havia desaparecido. Ela me encarava com um olhar cheio de ódio, os dentes rangendo de raiva.— Vai pedir desculpas ou quer que a detenção aumente mais alguns dias? — O policial advertiu, ao perceber que ela não abria a boca.Ao ouvir que poderia ficar presa por mais tempo, Isabela im
Pensei comigo mesma: “por mais bonito que fosse, ele não poderia superar alguém que eu já conhecia.”Sorri e respondi com um áudio:— Você foi falar com ele? Ou pelo menos pediu o número de telefone?Bela respondeu:— Vou ser sincera, não tive coragem! Ele parecia tão educado e acessível, mas ao mesmo tempo tinha um ar tão inacessível... Sabe? Dá aquele medo de se aproximar.Dei uma risada abafada. Eu achava que só eu ficava intimidada assim na presença do Jean. Mas, aparentemente, existe um homem capaz de deixar até a Bela, que sempre foi cheia de atitude e personalidade, sem palavras.Ri ainda mais e perguntei:— E você não tirou uma foto?— Ah, nem me fala... Quando estava esperando o elevador, tentei tirar uma foto escondida, mas uma pessoa que estava com ele percebeu e veio até mim, super educada, pedindo que eu apagasse.Não acredito!Estava prestes a responder quando alguém bateu educadamente na porta do meu reservado. O gerente entrou, todo formal:— Srta. Kiara, seu convidado