O quê?Eu fiquei completamente atônita. Tânia estava grávida? Eu congelei no lugar, tentando processar aquela notícia chocante. Minha mente parecia trabalhar com dificuldade, mas, depois de alguns segundos, consegui recuperar a compostura. Olhei para Davi e perguntei, com a voz hesitante:— E ela… ela sabe quem é o pai da criança?Assim que fiz essa pergunta, o rosto de Davi mudou completamente. Uma expressão de raiva e constrangimento tomou conta dele, e eu senti um calafrio percorrer minha espinha. Só então percebi o quão insensível aquela pergunta tinha sido.Imediatamente, me desculpei:— Desculpa, eu não quis dizer isso… Não foi por mal.A verdade era que minha mente tinha disparado aquela questão automaticamente, sem filtro. Mas, pensando bem, a resposta era óbvia. Tânia tinha sido vítima de um estupro coletivo. Ela provavelmente não sabia quem era o pai, a menos que fizesse um teste de paternidade.Ainda assim, como ela poderia carregar o filho de um dos agressores? Aquilo era
Ao mencionar isso, me lembrei da visita de Davi. De repente, arregalei os olhos e me virei rapidamente para olhar para Bela:— Bela, preciso te contar uma coisa.— O que foi? — Ela perguntou, curiosa.— Tânia está grávida.— O quê? — Bela exclamou, chocada, exatamente como eu reagi quando soube.— Ela está grávida daquele estuprador? Não eram dois marginais? Então, isso... — Bela também pensou imediatamente na mesma coisa que eu.Enquanto tomava um gole do meu leite, respondi com calma:— Ela não vai ter esse filho. Então, no fim das contas, de quem é, não importa. Davi veio falar comigo querendo que eu desistisse e aceitasse um acordo judicial. Mas, nesse ponto do processo, já consultei meu advogado. Não faz diferença se aceitarmos um acordo ou não.— Acordo? Por quê? Foi ela que causou tudo isso! Se não fosse azar dela, seria o seu azar! — Bela falou com a voz rouca, claramente irritada. Seus pensamentos eram os mesmos que os meus.— Mas... Agir assim, de forma tão dura, não seria cr
— Não! — Eu imediatamente cobri a boca com a mão, inclinando o corpo para trás, desviando do beijo dele.— O que foi? — Jean perguntou.— Eu nem escovei os dentes, estou toda descabelada. Eu respondi rapidamente, me virei e fui direto para o banheiro, começando a me arrumar apressada. Jean colocou o café da manhã na mesa e, em seguida, foi até a porta do banheiro e ficou parado ali, me esperando.Eu estava com a boca cheia de espuma da pasta de dente e olhei para ele por cima do ombro. Ele continuava com aquele sorriso no rosto.— Para de olhar! Vai sentar no sofá um pouco... — Murmurei com a fala embolada.Mas ele não se mexeu. Quanto mais ele ficava ali, mais sem graça eu ficava. Acabei empurrando ele para fora e fechei a porta. Quando terminei de me arrumar e saí, Jean imediatamente abriu o recipiente térmico e começou a colocar o café da manhã na mesa.Havia suco natural, sanduíches de abacate, camarões cozidos e dois ovos fritos.— Nossa, que banquete! Você já comeu? — Eu pergun
Depois do café da manhã, eu ainda precisava me maquiar. Minha ideia era que Jean fosse embora antes, mas ele insistiu em esperar para me levar ao trabalho.— Você vai me levar, e quando eu sair do trabalho à noite? Vou ter que pegar metrô? — Perguntei, piscando os olhos, confusa.Jean revirou os olhos e respondeu com um tom de leve impaciência:— Eu vou te levar e vou deixar você voltar de metrô? Claro que não. Vou te buscar depois do trabalho.Eu fiquei surpresa.Jean sorriu e disse:— Como homem, levar e buscar a namorada no trabalho não é o mínimo que posso fazer? É sério que suas expectativas para um namorado são tão baixas?Eu mordi os lábios, sem saber o que responder. Na verdade, eu nunca tinha tido esse tipo de tratamento. Depois de tantos anos, já estava acostumada a depender apenas de mim mesma.Jean pareceu perceber algo. Ele se aproximou, suspirou com um ar de pena e disse, com uma voz cheia de ternura:— Pobrezinha... Ainda bem que agora você tem a mim.Eu dei um sorriso l
Eu comecei a rir, meus ombros balançando levemente:— Até o Higger está te apressando para ir embora. Vai logo! Jean olhou para o cachorro e respondeu: — Isso é a sua ração, aproveita. Ele me levou até o prédio da empresa. Era hora de pico, e assim que desci do carro, dei de cara com alguns funcionários. Todos me cumprimentaram educadamente, mas seus olhares curiosos se voltaram para o veículo preto de Jean onde eu tinha acabado de sair. Senti um leve desconforto e me arrependi de não ter descido antes, longe da entrada principal. Mas, já que tinham me visto, não ia fazer cena. Cumprimentei os colegas e, em seguida, me virei para Jean, ainda dentro do carro: — Vou subir. Até mais! — Espero você na saída. — Ele disse, com um sorriso tranquilo. — Combinado. Me virei e caminhei em direção à entrada com passos firmes, o som dos meus saltos ecoando pelo chão. Apesar de amanhã ter audiência no tribunal, nada parecia abalar meu ânimo naquele momento. Talvez fosse a segurança q
Jean me levou em direção à parte principal da casa, explicando a estrutura e o layout ao nosso redor.Eu pensei comigo mesma:“Quem sou eu para não gostar? Uma mansão independente que vale mais de bilhões... Não deve haver muitas assim na cidade inteira.”Assim que entrei, meu olhar se ampliou para os detalhes dentro da casa. Não importava para onde eu olhasse, tudo parecia digno de uma exposição de arte.Eu não respondi ao que Jean estava dizendo. Em vez disso, me virei, curiosa, e perguntei:— Você mora aqui sozinho? Não sente que o lugar é grande e vazio demais?Jean sorriu e abaixou o olhar para mexer no celular. Com alguns toques, ele ativou o sistema de automação da casa, e todos os equipamentos inteligentes começaram a funcionar.— Eu gosto de silêncio, por isso não tenho empregados aqui. O pessoal do Condomínio Florensa vem de tempos em tempos para limpar.Eu assenti, em silêncio:— É realmente muito bom.Mas, então, me perguntei:“Ele me trouxe aqui para quê? Será que ele está
Eu fiquei boquiaberta, arregalando os olhos para ele.Jean rapidamente explicou:— Não entenda mal. Só acho que aquele apartamento alugado é muito apertado para você. E também para o Higger. Ele mal tem espaço para se movimentar.— Até com a minha cachorra você se preocupa? — Eu lancei um olhar de lado para ele, fingindo indiferença, mas, por dentro, estava radiante.Que namorado generoso eu arrumei.Jean percebeu o sorriso contido nos meus lábios e, encorajado, avançou um pouco mais. Ele segurou minha mão, acariciando as costas dela com o polegar, em movimentos suaves.— Amar você significa aceitar tudo o que vem com você. Seu cachorro foi muito simpático comigo, então, claro, eu também penso nele.Ele disse isso em um tom doce e envolvente, e os olhos dele ficaram ainda mais calorosos, como se quisessem me envolver por completo. Então, perguntou novamente:— Que tal? Se você gostar daqui, pode se mudar para cá. Prometo respeitar você completamente, até o momento em que estiver pronta
Amor é amor, dívida é dívida. Essas duas coisas não podem se misturar. Caso contrário, qual seria a diferença entre mim e uma sugar baby que vive às custas de um homem?Jean assentiu com seriedade:— Você tem razão. Eu não considerei isso completamente. Foi um erro meu.Eu sorri de forma travessa e brinquei:— Mas os juros podem ser negociados, né? Um desconto seria bem-vindo.Ele respondeu prontamente:— Claro, e sem prazo para pagar.— Obrigada, Mestre Jean.Achei que, ao recusar a generosidade dele, Jean ficaria incomodado ou talvez até chateado. Mas, enquanto trocávamos essas provocações, percebi que ele continuava o mesmo, com a expressão tranquila de sempre. Isso me deixou aliviada.Jean, de fato, era incrivelmente tolerante e educado. Sua elegância não era uma fachada, mas algo genuíno e enraizado em sua personalidade.O julgamento do meu caso contra Tânia aconteceu no dia marcado. Quando a vi novamente, quase não a reconheci. Ela estava magra como um esqueleto, com as bochechas