— Certo, entendi. — Ele finalmente respondeu, levantando a mão para bagunçar levemente o topo da minha cabeça. Porém, em seguida, acrescentou. — Mas, se eu for procurá-lo, será por você. Isso não é gastar tempo ou energia à toa.Fiquei surpresa e levantei o olhar para ele, sentindo uma onda de calor aquecer meu coração. A forma como Jean sempre via as situações era tão única e, ao mesmo tempo, tão convincente.Murmurei, quase como uma criança teimosa:— Mesmo assim, não precisa. Pessoas como ele, a gente só ignora.— Tudo bem, farei como você quiser.Nossos olhares se encontraram, e por um momento nenhum de nós disse nada. O silêncio parecia estranho, mas ao mesmo tempo carregado de algo que não precisávamos verbalizar. O jeito como ele me olhava, com seus olhos profundos e intensos, fez meu coração disparar sem motivo aparente.Aquela atmosfera, aquele olhar... Era o tipo de cena que, em filmes, levaria a um beijo inevitável: as duas pessoas se aproximariam lentamente, até que o homem
Eu o olhei, sentindo um calor suave irradiar do coração. Sem conseguir evitar, murmurei:— Mas eu me importo ainda mais em te poupar de qualquer julgamento moral.Assim que terminei de falar, desviei o olhar para a janela. Meu rosto queimava de vergonha, e eu não tive coragem de encará-lo.Mas Jean não parecia se importar. Ele se aproximou, me abraçando por trás. Sua voz baixa e quente ecoou ao pé do meu ouvido:— Só de ouvir isso de você, já valeu a pena.Eu sorri sem dizer nada, sentindo uma doce felicidade inundar meu peito. Durante todo o caminho de volta para casa, eu ainda estava em êxtase.Bela me enviara várias mensagens pelo Line. Ao abri-las, percebi que o show de drones já havia viralizado em toda a internet.Como era de se esperar, os comentários eram uma mistura de emoções: alguns estavam emocionados, outros invejosos, alguns nos parabenizavam, enquanto outros lançavam críticas ou insultos. Mas, naquele momento, nada disso me incomodava. Meu bom humor era imune a qualquer
De fato, já era hora do almoço. A voz de Jean era calma e carregava um tom divertido:— Vi que você passou a noite inteira discutindo com pessoas na internet. Nem tive coragem de te ligar mais cedo. Mas agora já é meio-dia. Ontem à noite, não combinamos de almoçar juntos?Eu tinha me esquecido completamente do nosso combinado, mas meu cérebro captou algo na primeira frase dele. Curiosa, perguntei:— Como você sabe que passei a noite discutindo com pessoas?— Você ficou famosa. Como eu não saberia? — Jean riu do outro lado da linha e explicou. — Alguns perfis de fofoca tiraram prints das suas discussões com os haters e postaram online. Viralizou. Tem muita gente dizendo que sua língua é afiada demais.— O quê? — Sentei-me na cama com esforço, ainda meio sonolenta, mas em choque. — Não pode ser! Quem tem tanto tempo sobrando assim?— Calma. Na verdade, até que foi bom. Pelo menos agora ninguém tem coragem de te insultar mais. Estão com medo de levar uma resposta sua, direto e reta.Ele f
Depois de combinar o local do almoço com Jean, levantei, tomei banho e comecei a me arrumar. Aproveitei também para dar uma olhada na internet e conferir os "feitos gloriosos" que os perfis de fofoca estavam explorando à minha custa.Olhar aquilo foi um choque. Eu quase não conseguia acreditar que aquelas respostas afiadas tinham saído da minha boca. Será que eu tinha perdido completamente a cabeça na noite passada?Por exemplo:Um hater me insultou dizendo que eu parecia uma súcubo e que devia ser especialista em seduzir homens.Eu rebati:[Está com inveja? Sua aparência é tão horrível que nem consegue se olhar no espelho, né? Deve ter medo de ter pesadelos à noite.]Outro disse que eu tinha acabado de me divorciar e já estava com outro homem, insinuando que eu era viciada em sexo e não conseguia ficar sozinha nem por um dia.Minha resposta foi:[Você deve ser muito infeliz. Os homens provavelmente fogem de você. Que tal comprar uns brinquedos? Pelo menos se diverte sozinha.]Teve tam
Fiquei sem palavras e apenas permaneci em silêncio.Jean arqueou as sobrancelhas, me olhando com curiosidade:— Kiara, você não está pensando em desistir, está?— Hã? — Voltei minha atenção para ele e, ao entender o que ele quis dizer, balancei a cabeça rapidamente. — Claro que não! Eu jamais faria isso. Seria uma falta de respeito enorme com você.— Que bom. — Ele soltou um suspiro de alívio.Tentei explicar:— É que, no momento, minha reputação não está muito boa, sabe? Estou famosa na internet, mas de uma forma negativa. E você ainda assim se orgulha de me apresentar como sua namorada...Jean deu uma risada abafada e respondeu:— Quero que todos saibam que minha namorada não é alguém fácil de ser intimidada. Assim, ninguém vai ousar mexer comigo.— O quê? — Olhei para ele com os olhos arregalados. — Você é o Mestre Jean! Quem teria coragem de te provocar? Está brincando, não é?Na verdade, o mais lógico seria as pessoas saberem que meu namorado é o Mestre Jean e, por isso, ninguém o
Eu já sabia que Bela iria me provocar, e, como esperado, ela começou logo de cara.Suspirei:— A gente tinha combinado de almoçar, mas no meio da refeição ele recebeu uma ligação e teve que sair correndo. Era trabalho urgente.— Ah, entendi. Então, quando ele te deixou de lado, você lembrou da sua melhor amiga, né?— Ai, para de me zoar. — Fiquei sem graça e pedi trégua rapidamente. — Se vocês não tiverem nenhum plano, eu vou voltar pra casa e dormir. Não dormi direito essa noite.— Dormir? Hoje é o primeiro dia do ano, Kiara! — Bela me interrompeu e mencionou o nome de um clube. — Reservei um lugar lá para a tarde. Achei que você não tivesse tempo, então nem te avisei.— Entendi. Já já estou indo.Quando cheguei ao clube, fiquei esperando Bela descer para me buscar. Enquanto isso, sentei-me em um sofá próximo e comecei a folhear uma revista.Mal tinha aberto a primeira página quando ouvi uma voz familiar me chamando de lado:— Kiara?Levantei os olhos e vi um grupo de quatro pessoas p
Embora eu tenha sentido uma pontada de decepção no fundo do coração, ainda sorri e disse:— Mesmo que não possamos ficar juntos, pelo menos eu já tive algo real. É bem melhor do que esses pobres coitados que só conseguem sonhar.— Você...! — Emilia rangeu os dentes de raiva.— Kiara! — A voz de Bela surgiu de repente. Ela veio correndo em minha direção e, assim que chegou, segurou meu braço com firmeza. — Desculpa a demora! Me puxaram para terminar uma rodada de cartas e acabei atrasando. Você está bem?Balancei a cabeça, tranquila:— Tudo bem. Vamos?Bela conhecia Emilia. Afinal, a nossa rivalidade vinha desde os tempos da universidade.Ao passar por ela, Bela não perdeu a oportunidade e lançou um olhar de desprezo, murmurando:— Essa cara cheia de plástica... Onde será que ela encontrou o médico? Ficou parecendo um alienígena.Emilia tinha claramente feito várias intervenções: abriu os olhos, levantou o nariz, afinou o queixo e aplicou Botox no rosto inteiro. No final, seus olhos eno
— Não precisa. — Apesar de estar doída pelos dez mil reais que perdi, não sou do tipo que aceita dinheiro do namorado logo no início do relacionamento. Isso me faria parecer interesseira. — Jogar cartas é só para se divertir. Fazia meses que eu não jogava, foi uma oportunidade rara.— Hm, o importante é que você se divertiu. — Jean disse num tom sério, mas com um leve toque de desculpas. — Foi nossa primeira saída como namorados, e eu te deixei sozinha. Estava preocupado que você ficasse chateada. Mas, vendo que você está com suas amigas, fiquei mais tranquilo.— Você me ligou só para dizer isso?— Ainda estou ocupado. Provavelmente vou trabalhar até tarde. Então, depois do jantar, volta cedo para casa. Sua perna ainda não está totalmente recuperada. Cuide de si mesma, ok?Era o primeiro dia do ano. Enquanto todos estavam comemorando e se divertindo, ele estava preso no trabalho e teria que virar a noite. Meu coração apertou de leve, e minha voz saiu mais suave:— Entendido. Não se pre