Fiquei sem palavras e apenas permaneci em silêncio.Jean arqueou as sobrancelhas, me olhando com curiosidade:— Kiara, você não está pensando em desistir, está?— Hã? — Voltei minha atenção para ele e, ao entender o que ele quis dizer, balancei a cabeça rapidamente. — Claro que não! Eu jamais faria isso. Seria uma falta de respeito enorme com você.— Que bom. — Ele soltou um suspiro de alívio.Tentei explicar:— É que, no momento, minha reputação não está muito boa, sabe? Estou famosa na internet, mas de uma forma negativa. E você ainda assim se orgulha de me apresentar como sua namorada...Jean deu uma risada abafada e respondeu:— Quero que todos saibam que minha namorada não é alguém fácil de ser intimidada. Assim, ninguém vai ousar mexer comigo.— O quê? — Olhei para ele com os olhos arregalados. — Você é o Mestre Jean! Quem teria coragem de te provocar? Está brincando, não é?Na verdade, o mais lógico seria as pessoas saberem que meu namorado é o Mestre Jean e, por isso, ninguém o
Eu já sabia que Bela iria me provocar, e, como esperado, ela começou logo de cara.Suspirei:— A gente tinha combinado de almoçar, mas no meio da refeição ele recebeu uma ligação e teve que sair correndo. Era trabalho urgente.— Ah, entendi. Então, quando ele te deixou de lado, você lembrou da sua melhor amiga, né?— Ai, para de me zoar. — Fiquei sem graça e pedi trégua rapidamente. — Se vocês não tiverem nenhum plano, eu vou voltar pra casa e dormir. Não dormi direito essa noite.— Dormir? Hoje é o primeiro dia do ano, Kiara! — Bela me interrompeu e mencionou o nome de um clube. — Reservei um lugar lá para a tarde. Achei que você não tivesse tempo, então nem te avisei.— Entendi. Já já estou indo.Quando cheguei ao clube, fiquei esperando Bela descer para me buscar. Enquanto isso, sentei-me em um sofá próximo e comecei a folhear uma revista.Mal tinha aberto a primeira página quando ouvi uma voz familiar me chamando de lado:— Kiara?Levantei os olhos e vi um grupo de quatro pessoas p
Embora eu tenha sentido uma pontada de decepção no fundo do coração, ainda sorri e disse:— Mesmo que não possamos ficar juntos, pelo menos eu já tive algo real. É bem melhor do que esses pobres coitados que só conseguem sonhar.— Você...! — Emilia rangeu os dentes de raiva.— Kiara! — A voz de Bela surgiu de repente. Ela veio correndo em minha direção e, assim que chegou, segurou meu braço com firmeza. — Desculpa a demora! Me puxaram para terminar uma rodada de cartas e acabei atrasando. Você está bem?Balancei a cabeça, tranquila:— Tudo bem. Vamos?Bela conhecia Emilia. Afinal, a nossa rivalidade vinha desde os tempos da universidade.Ao passar por ela, Bela não perdeu a oportunidade e lançou um olhar de desprezo, murmurando:— Essa cara cheia de plástica... Onde será que ela encontrou o médico? Ficou parecendo um alienígena.Emilia tinha claramente feito várias intervenções: abriu os olhos, levantou o nariz, afinou o queixo e aplicou Botox no rosto inteiro. No final, seus olhos eno
— Não precisa. — Apesar de estar doída pelos dez mil reais que perdi, não sou do tipo que aceita dinheiro do namorado logo no início do relacionamento. Isso me faria parecer interesseira. — Jogar cartas é só para se divertir. Fazia meses que eu não jogava, foi uma oportunidade rara.— Hm, o importante é que você se divertiu. — Jean disse num tom sério, mas com um leve toque de desculpas. — Foi nossa primeira saída como namorados, e eu te deixei sozinha. Estava preocupado que você ficasse chateada. Mas, vendo que você está com suas amigas, fiquei mais tranquilo.— Você me ligou só para dizer isso?— Ainda estou ocupado. Provavelmente vou trabalhar até tarde. Então, depois do jantar, volta cedo para casa. Sua perna ainda não está totalmente recuperada. Cuide de si mesma, ok?Era o primeiro dia do ano. Enquanto todos estavam comemorando e se divertindo, ele estava preso no trabalho e teria que virar a noite. Meu coração apertou de leve, e minha voz saiu mais suave:— Entendido. Não se pre
— Claro que não! — Eu respondi imediatamente.Jean fez um gesto de quem estava chateado, como uma criança emburrada. — Te chamei para sair várias vezes, e você sempre está ocupada. Resolvi vir ver se você não enfiou a cabeça na carapaça de novo. — Ele parecia realmente ofendido.Eu fiquei sem palavras. Por que ele sempre achava que eu ia me arrepender de algo? — Não é isso. Eu realmente estou ocupada, já te expliquei antes. — Eu tentei me justificar, mas minha voz soou um pouco vacilante.— Por mais ocupada que você esteja, ainda precisa comer. Hoje você não vai fazer hora extra. Vai jantar comigo. — Ele disse em um tom tão doce quanto irrefutável.Eu fiquei um pouco sem jeito. Ainda tinha trabalho acumulado que precisava terminar. — Hm… Será que você pode esperar uma hora? Prometo que termino tudo e a gente vai. — Eu levantei os olhos para ele, tentando exibir a expressão mais inocente e suplicante que consegui.Jean sorriu de leve, inclinando-se sobre a mesa, aproximando-se de
Falando sério, aquelas palavras do Lucas realmente não tinham nada de mais. Era só ele mostrando lealdade na frente do chefe, algo completamente normal. Mas Jean, ao ouvir, pareceu levar a coisa a sério.Quando entramos no elevador, Jean virou-se para mim. Ele arqueou levemente uma sobrancelha, com um brilho curioso no olhar, e perguntou: — Você disse que não foi má com ele, quero detalhes. Como assim "não foi má"?Eu olhei para ele de soslaio e respondi: — Bem… Eu pago um salário muito bom para ele! Nesse aspecto, eu sou uma chefe extremamente generosa.— Só isso? — Ele insistiu, sem mudar a expressão.— E o que mais seria? — Eu retruquei, cruzando os braços.— E então, por que você soltou minha mão mais cedo? — Jean me encarou, aprofundando a questão.Eu virei a cabeça para ele, dei um sorriso meio sem jeito e resolvi ser direta: — Você está com ciúmes?— Um pouco. — Jean admitiu sem rodeios, sem desviar o olhar. — Você parece admirar bastante ele, e, pelo que vejo, ele também
— Por que não? Você já esteve na minha casa antes. — Eu disse com um sorriso.Jean riu de leve e respondeu:— Mas agora o significado é outro.E era mesmo. Tinha razão. Essa era a primeira vez que eu o convidava para o meu apartamento depois de termos assumido nosso relacionamento. De certa forma, era um tipo de sinal, talvez uma aprovação silenciosa.Eu lancei um olhar rápido para ele e murmurei quase inaudivelmente:— Vem se quiser.Ele apenas sorriu, sem dizer nada, e desceu do carro comigo. Passamos pela portaria juntos. No elevador, nenhum de nós falou. Quando nossas mãos se esbarraram por acaso, ambos recuamos rapidamente. Ao abrir a porta do apartamento, ele estava tão perto de mim que eu podia sentir sua respiração quente roçando o topo da minha cabeça. Aquele calor me provocou um arrepio imediato, que subiu pela minha nuca.Assim que entrei, coloquei minha bolsa no móvel, mas antes que eu pudesse fazer qualquer outra coisa, Jean segurou meus ombros, me virou para ele e me beij
Eu não fui até a porta para me despedir. Fiquei no quarto e apenas gritei: — Ah, tá bom, já ouvi!Ele foi embora, e só depois de um bom tempo eu saí do quarto. Quando cheguei à sala vazia, deixei o olhar vagar pelo espaço, como se estivesse vendo tudo de cima, revivendo mentalmente as cenas intensas que havíamos compartilhado.Eu e Davi ficamos juntos por tantos anos, mas nunca tivemos momentos tão intensos e apaixonados assim. Já Jean, que no dia a dia era sempre tão correto, tão sério, tão cavalheiro… No calor do momento, ele podia se transformar em alguém completamente diferente, ardente, visceral. Era impressionante como as aparências podiam enganar.Na manhã seguinte, enquanto eu estava em uma reunião na empresa, o celular vibrou. Peguei o aparelho e, ao olhar a notificação, fiquei surpresa.[Kiara, eu viajei a trabalho.]Uma viagem de trabalho tão repentina? Pensando na noite anterior e em tudo o que aconteceu entre nós, não consegui evitar a sensação de que havia algo estranho