Mas eu sabia que Amélia não estava dormindo. Na verdade, ela provavelmente estava de ouvidos atentos, escutando tudo.
Entre mim e Jean, o silêncio se instalou por algum tempo. A atmosfera na cabine do carro ficou cada vez mais tensa e desconfortável.
Eu comecei a sentir calor. Não sabia se era porque estava nervosa demais ou se o vinho finalmente estava fazendo efeito. Depois de um bom tempo tentando me controlar, senti um leve suor se formando nas costas e não aguentei mais ficar calada:
— Está ligado o ar-condicionado? Está um pouco quente…
O motorista de Jean, um rapaz jovem que eu já tinha visto algumas vezes, respondeu rapidamente. Ele tinha a pele bronzeada, era alto, com uma postura impecável que denunciava seu passado provavelmente era um ex-militar, agora trabalhando como motorista e segurança.
Ele olhou rapidamente pelo retrovisor, claramente surpreso com a pergunta, e respondeu:
— Srta. Kiara, a temperatura está em 22°C.
Era a temperatura mais confortável para o corpo humano