Os pés do homem pararam diante da bela jovem que tocava o piano graciosamente, embora o coração estivesse sofrendo tanto quanto seu rosto podia demonstrar. Ela fechou os olhos e tocou a música enquanto sentiu o olhar de julgamento queimando sobre sua pele macia, mas não ousou olhar o Cesare Santorini ao seu lado, tão paralisado quanto ela imaginou que ele estaria ao saber da verdade. Ela não queria revelar daquela maneira, mas não havia outra escolha, por que ela sabia que não importava o que tentasse fazer, a Lady Lucy a impediria. A verdade é que a pobre mulher viveu sua vida inteira rodeada de segredos monstruosos que a transformaram na jovem que não costumava se expressar. Talvez o fato de tentar aguentar tudo que o mundo jogou para ela fosse o causador de todos os problemas que enfrentou na vida. Talvez se ela tivesse protestado desde o início e mostrado que seu coração não era de gelo, as coisas pudessem ser diferentes. As lágrimas jorraram pelo rosto delicado que expressava a
O Cesare e a Madison permaneceram parados, olhando um para o outro por um certo tempo. Ela transmitia certeza e dor no olhar, e ele pareceu tão surpreso quanto decepcionado ao receber aquela afirmação de uma forma tão escancarada. – O que? O que você disse? A voz de um timbre tão forte saiu quase como um som inaudível de tanta dor que ele sentiu quando ela revelou aquelas palavras. – Você me matou, Cesare Santorini. – Porque? – ele não conseguiu completar a pergunta. Sua garganta queimava devido ao nó que havia se formado, e que tentava impedir com todas as forças que as lágrimas continuassem a avançar. – Porque você acha que eu seria capaz de tamanha monstruosidade? A mulher se sentiu tão abalada quanto ele. Havia uma dor na alma que ele transmitiu pelos olhos que somente ela podia conhecer, por que também havia sofrido mais do que considerava capaz de suportar. – Não precisa mais mentir. Eu escutei tudo. – Você escutou? O que? O que você escutou, Madison... Ele sorriu parcia
A Lady Lucy sentiu o ataque de ansiedade atingir primeiro os pulmões e embora as pessoas a interrogassem ao mesmo tempo, ela não conseguia ouvir com exatidão. Ela estava vendo embaçado e tinha o coração tão acelerado que faltava-lhe a oxigenação necessária. Então ela tentou focar na discussão ao fundo. E ao olhar para as pessoas que ainda estavam no ambiente, viu a Sara Reese bebendo uma taça de vinho branco como se assistisse ao melhor entretenimento da vida dela. A lágrima de culpa brotou no olhar da mulher mais velha, embora ela não tenha permitido que lhe escapasse pelo rosto. Então ela encarou a Madison Reese e percebeu que ela temia pela pior resposta. Mas não havia como escapar daquela verdade. – Você me traiu? Como você pôde fazer isso comigo? Como conseguiu me enganar por tanto tempo? – Querida, me perdoa, eu nunca quis que isso acontecesse. – Como não? Você me odeia tanto assim, mãe?– Claro que não. Não repita esse absurdo outra vez. – E o que quer que eu pense? Como v
A Lady Lucy estava preocupada, e após um grande esforço, conseguiu arrastar a Madison Reese até o sofá, deixando-a totalmente desalinhada. Ela olhou para o lado e viu a mulher sorrindo de felicidade ao descobrir que seu futuro havia mudado tão derrepente, e para a pobre senhora que guardou aquele rancor por tanto tempo, pareceu um pesadelo. A Sara Reese ergueu um copo enquanto desfilava pela sala, analisando a decoração que ela imaginou mudar com a fortuna que cabia a ela por direito. E então olhou para a irmã, sentindo-se superior novamente. Ela até pensou em se arrepender, mas não conseguiu, por mais que tenha tentado. A verdade é que ela gostava de ser má. Ela gostava de se exibir para os homens e de ser o centro das atenções, e o fato de ter dormido com o próprio irmão não pareceu tão ruim depois de tantos anos acreditando estar fazendo sexo com o próprio pai. Ela sorriu ao ver a irmã caída daquela forma e deduziu que ela não aguentou a emoção de saber que ela teria seu final fe
– Do que você está rindo, sua Imbecil? A Sara Reese se sentiu ofendida com a forma como a Madison Reese gargalhou tanto que por um instante esqueceu a vontade de chorar para substituir as lágrimas pela exaustão de uma barriga que já não aguentava mais rir tanto, então ela se tornou uma mulher inquieta e confusa. – Você? Uma Santorini? – Qual é a graça? Se você acha que eu me importo por ter dormido com o meu irmão, saiba que eu faria outra vez. Eu faria tudo de novo se fosse preciso para que você perdesse o homem que ama. Eu faria apenas pelo prazer de destruir a sua vida. – Você é muito engraçado, Sara. Realmente, eu não imaginava que você ainda poderia me surpreender a essa altura. – Do que você está falando? – Você não é filha do Santorini. Ela tentou manter o sorriso no rosto, mas a expressão de medo tomou conta das feições preocupadas da mulher rapidamente, e aos poucos o sorriso falso se desfez. – É claro que eu sou. A Lucy mesmo contou. – Eu tenho certeza que ela acre
O grito estridente ecoou pelas paredes da mansão que já haviam presenciado todo tipo de tragédias e revelações daquela família que estava muito longe de ser tediosa. A Lady Lucy pareceu tão desesperada que alarmou a Madison Reese no andar de baixo, e rapidamente ela correu em direção as escadas e subiu o mais rápido que conseguia. E apesar da jovem mulher tentar imaginar diversos cenários para o que poderia ter acontecido, ela não previu que acabaria flagrando algo tão pavoroso como o que viu. Então ela parou diante daquela quarto, notando que havia um rastro de sangue. A mulher temeu pelo pior. Ela temeu perder quem amava. E sua mente percorreu o mais profundo pensamento. Ele havia matado a própria mãe de tanto ódio que sentira? Tentando se concentrar na visão digna de um filme de terror, ela entrou no quarto e presenciou uma banheira, cuja água fôra tingida de vermelho. A Lady Lucy debruçada sobre a água a fez pensar que estava certa, mas a mulher se mexeu. Então ela correu em sua
Os olhos abriram devagar, e a mulher subiu as escadas daquela mansão sentindo o coração tão dilacerado de uma forma que ela pensou ser impossível, até aquele momento. Até o dia anterior. As crianças ficaram sob a guarda das babás exaustas depois de mais um dia de sobrecarga, por que a mãe sentia-se debilitada demais para lidar com tudo. Mas a verdade é que a Madison Reese recusava-se a vê-los. Para ela, o homem não aguentou a pressão de ser enganado como havia feito para ela, e apesar de achar que ele mereceu todo o castigo, ela não conseguia deixar de se culpar. Então, como explicar aos filhos que os privou do pai? Ela não sabia para onde ir ao chegar ao segundo andar da mansão, e os olhos claros passearam em direção a porta do quarto do casal, mas ela se lembrou do momento em que o viu com a Sara Reese, a garota rejeitada que roubou-lhe a infância, a vida e até mesmo o marido. Então ela se virou e percebeu a porta do quarto que já foi dela fechado. Sem pensar muito, ela girou a ma
A respiração era ofegante e nada silenciosa num quarto mal acabado em paredes de madeira caindo aos pedaços. A chuva tórrida que caia naquela manhã levemente mais gelada que o habitual o fazia tremer de frio, especialmente por causa do telhado cuja as goteiras o impediam de se sentir tranquilo. O homem deitado na cama como um invalido avaliava se valeria a pena sentir tanta dor por um copo de água que uma boa alma o havia servido, mas que deixou distante demais para que ele pudesse alcançar. Os olhos claros se focaram na silhueta de uma mulher que entrou no ambiente com o raio de luz que invadiu o cômodo escuro. Mas aquela voz. O doce e aveludado timbre da Madison Reese ele jamais poderia esquecer. Então ele colocou o braço em frente ao rosto e expôs a mão infeccionada devido a falta de cuidados com as feridas que o Cesare Santorini havia causado a ele ao queimar-lhe as mãos. Mesmo assim, os olhos cansados não conseguiram enxergar com tanta clareza.A mulher entrou na sala acompanhad