A Carmem entrou na cozinha completamente desesperada e colocou as mãos para cima, como se quisesse coloca-la na cabeça, mas parou no meio do caminho. – Senhor Santorini, solte a minha filha. Mas ele estava tão descontrolado que não podia ouvir a velha senhora logo atrás dele. Os olhos tinham as pupilas tão dilatadas que ele já não se parecia o mesmo homem de sempre, e a Amélia sentiu que as ameaças do Cesare Santorini não eram tão vazias quanto pareceram num primeiro momento. Ele ainda a apertava com firmeza e agressividade, e ele ainda parecia completamente descontrolado ao encara-la. A garota tinha certeza que o pescoço estaria roxo no dia seguinte e sabia que se sobrevivesse, usaria aquilo como mais um troféu. Sexo violento, agressão domestica... Dependeria apenas do humor e o que ele estava disposto a fazer para faze-la se calar. A sensação de estar completamente sem ar a deixava aflita e com medo da morte, mas ela encarou o Cesare com firmeza por que sabia que ele não ser
– Então você não está mais brava comigo? – Não, papai. – A Charlotte disse, embora ela ainda olhasse a babá logo ao fundo, encostada na porta e observando tudo atentamente como se estivesse a vigia-lo. O Cesare abraçou a filha e sentiu o peso deixar-lhe parte do coração, embora ele ainda estivesse preocupado com a esposa em uma sensação de aflição que não passava, não importava o que ele fizesse para mudar. – O papai sente muito que você tenha visto aquelas coisas. – Tudo bem, papai. A Baba já me explicou tudinho. E ela pareceu tão fofa e tranquila enquanto dizia aquilo que ele ficou agradecido a ela, e ele odiava a sensação disso. Ele odiava sentir que devia-lhe qualquer coisa. Então ele olhou para ela que sorria parada na porta como se de fato amasse a cena, e quando a Charlotte a encarou, ela sorriu ao piscar um olho. Havia um combinado, e entre isso, o segredo mas bem guardado não podia ser revelado. Então ele encarou as duas com surpresa como se desconfiasse da tram
Ela estava sentindo tanta dor no coração que pensou que fosse morrer. Não era nada demais, e mesmo assim ela sabia que havia algo de errado. Talvez o Cesare só estivesse tentando ser amigável, ou talvez existisse um motivo para que ele tivesse tantas ressalvas com a garota. E que garota... Ela era notavelmente bonita, e agora a Madison Reese Santorini não era a mesma. Ela estava visivelmente doente e debilitada, sem saber o por que e como se deixou chegar naquela situação. Talvez ela devesse se esforçar e levantar um pouco da cama. E quanto mais ela pensava nisso, mais ela pensava que acabaria enlouquecendo. “Confiança, confiança, confiança...” ela repetiu dentro da cabeça atordoada varias vezes como num mantra que ela deveria seguir a risca. Mas e quanto mais ela repetia, maiores se tornavam as paranoias. Ela jogou o corpo de lado e tocou os pés no chão. Havia uma clara fraqueza por que ela já não comia como devia. Mas ela estava disposta a mudar isso. Então ela encheu a boca
– O Senhor aqui a essa hora? Não esperava te ver tão cedo. – Dada as circunstâncias da sua saúde frágil, eu acreditei que devia-lhe uma visita. Mas acho que esta bem melhor. – Como pode ver, eu resolvi reagir. – Resolveu? – Sim. O repouso que o senhor recomendou não estava funcionando. Eu sempre gostei da natureza e do ar puro. – Entendo. – Ele se prostrou em tanta formalidade que pareceu deslocado. – O senhor não vai me recriminar também, não é? – Também? – Ele ficou bastante curioso. – Sim... O Cesare quis morrer quando me viu aqui em baixo. Ele sorriu com uma certa prepotência. – Eu entendo por que... – O que quer dizer? – Eu a senhora podemos conversar? Mas ela olhou para o filho de bochechas grandes e ele pareceu tão fofo. Ela não queria sair dali. Ela já sentia que havia perdido tanto nos últimos dias. – Precisa ser agora? Mas ele tirou o chapéu da cabeça e passou a amassa-lo com a ponta dos dedos. E a Madison Reese Santorini sentiu que havia uma clar
As mãos estavam tão machucadas, mas ele ainda conseguiu sentir cada prazer que o golpe proporcionou ao acertar o rosto com o qual sonhava machucar por tanto tempo. O grito ao fundo foi escutado, mas pareceu tão abafado como se fosse silenciado de propósito apenas para não ter que parar a atividade tão prazerosa. Mas ela estava mais alta, mais próxima agora. Era tão difícil de ignorar, mas ele ainda precisava chutar-lhe a cara em cheio, e quebrar o maldito nariz fino e grande. O Cesare Santorini tinha o rosto tão transtornado que só podia traduzir um único estado de espirito: O ódio. Então a Madison Reese tentou acalma-lo e a única maneira de faze-lo parar foi segura-lhe no braço direito e assim ela conseguiu impedir mais um soco. Um soco... Mas ele ainda tinha as pernas grandes e fortes, e não hesitou em usa-las. – Não! Não, Cesare. Você fico maluco? Mas ele ainda continua. – Me deixa! Sai daqui, Madison. E então ele a empurrou. Mas ele nunca a machucaria, ele só pretend
Mas a risada ao fundo parecia tão irritante e a Madison Reese Santorini estava de saco cheio daquele homem, então ela arrancou o sapato do pé e arremessou contra ele. Apenas alguns milímetros e ele ficaria definitivamente sem nariz por um bom tempo. – Ficou maluca? – ele gritou para ela. Mas a Madison Reese Santorini estava perdida nos olhos perfeitos daquele homem como a melhor imersão em aguas mornas e cristalinas. – Cala a boca, Dr Ortega. Então o Cesare enrugou a testa e a encarou. – Você acredita em mim? Você confia em mim? Ela observou o semblante serio por alguns segundos, mas então ela se lembrou da janela, e da Amélia... Algo nela gritou como um pressentimento. Foi a mesma dor que ela sentiu ao subir as escadas e escutar todas aquelas mentiras que rondaram-lhe a cabeça por meses a fio. Ela sabia que não podia confiar, mas ela também sabia que havia algo de muito sincero nele, e talvez houvesse uma explicação. Talvez estivessem mesmo sendo sincero. – Você nunca m
– O que você tem, Madison? – A mulher perguntou com tanta intimidade que a mulher pensou ter abusado da própria boa vontade. Ela podia até tentar confiar no marido, mas sabia que havia algo de errado, e ela já não estava disposta a aguentar o que quer que fosse. Então encarou a garota parada, usando uma farda com um olhar enviesado de arrogância. – Do que você me chamou? – Madison? Eu achei que... – Bom, você não pode em sã consciência me chamar de senhora em um momento e de Madison quando bem entender. As coisas não funcionam assim. – Mas... Mas foi a senhora quem disse que... – Eu acho que eu me enganei. Esta vendo só? Todo mundo erra uma vez. – Desculpe, senhora. Achei que fossemos amigas. A Madison Reese Santorini bateu os dedos contra o sofá enquanto pensava um pouco. – Bom, nós não somos. – Porque, senhora Santorini? Por que mudou assim? Então a Madison Reese Santorini se levantou, ainda sentindo aquela mesma tontura estranha e um mal estar que e se recusava
– Eu não sei se vou aguentar isso por mais tempo! – Você precisa disso. Nós precisamos. Ela olhou para os lados com toda a desconfiança a flor da pele. O vento que soprava do lado de fora da casa deixava a pele da Amélia arrepiada. Ela encarou a escuridão como a um fantasma, e nele havia uma aura de terror que parecia tomar conta de todo o ambiente. – Mas eu não posso viver assim por tanto tempo. Você sabe. E agora que ela esta pensando coisas erradas de mim, tudo vai ficar muito mais difícil. – Você tem que aguentar por nós duas. Você sabe que é preciso. Eu preciso disso, Amélia! Então ela enfiou a cabeça para dentro da casa a espiar os rumores de passos que acreditou ter criado dentro da própria mente. – Eu sei, mas não podemos procurar outra maneira? Eu estou me arriscando muito. Eu não posso mais ficar assim. – Não! Você não vai recuar. Está me ouvindo. – Por que? Por que nós estamos fazendo isso, afinal? Então a voz pareceu engrossar-se de uma forma assustadora, m