A Dra. Meredith explicou todos os recursos que o hospital oferecia para aquele tipo de tratamento, enaltecendo os profissionais que faziam parte da equipe. Ainda assim, para alguns repórteres presentes, eu continuava sendo a peça mais importante daquela coletiva. Todos queriam saber mais sobre Ethan.— Dra. Sarah, a senhora é noiva do atleta Ethan Connor. Alguns afirmam que essa relação não passa de interesse. Gostaria de comentar algo a respeito?— Gostaria de entender que tipo de interesse exatamente. E por qual motivo o Ethan não poderia ter alguém que realmente goste dele e o valorize?— A senhora deve saber que com ele vem uma conta bancária muito farta. Ele está paralítico da cintura para baixo e alguns questionam a intimidade entre vocês e se não haveria algum tipo de interesse envolvido.— Mesmo esta coletiva não sendo para tratar desse assunto, permita-me esclarecer duas coisas. A primeira é que, sinceramente, acredito que a imprensa saiba mais sobre o patrimônio do meu noivo
Suas pupilas estavam dilatadas, o que me fez suspeitar que havia consumido algum tipo de substância. Foi então que algo chamou minha atenção. Próximo dali, em uma bancada, havia uma bandeja metálica com alguns frascos e seringas, provavelmente abandonada às pressas por algum profissional no momento em que ele entrou armado.Inclinei o corpo sutilmente, apenas o suficiente para ver o rótulo do medicamento. Cloridrato de Midazolam. Arregalei os olhos por um breve instante. Aquilo só podia ser um sinal do céu. Uma chance.Midazolam era um sedativo poderoso, e se eu conseguisse uma brecha, poderia usar aquela medicação para acalmar ou até imobilizar o homem... mas teria que ser rápida e extremamente cuidadosa.— Qual é o nome da pessoa que o senhor está procurando? — Perguntei, tentando manter a voz firme, mesmo com o coração disparado no peito.Ele me olhou rapidamente, depois voltou a mirar o olhar inquieto para todos os cantos da emergência, como um animal encurralado.— James. James O
Levantei-me, deixando o corpo dele ali, e segui o policial. Fui aplaudida no trajeto por pacientes e funcionários do hospital. Naquele momento, não me senti uma heroína. Simplesmente não conseguia me ver dessa forma.Pelo vai e vem na porta da emergência, pude observar os diversos repórteres que já se aglomeravam por ali. Devido à coletiva de imprensa mais cedo, imaginei que talvez nem tivessem deixado o hospital antes de se depararem com aquela cena.Fui conduzida até uma sala próxima. Pouco tempo depois, a Dra. Meredith entrou acompanhada do detetive Gabriel, que se surpreendeu ao me ver ali.Ainda tremia um pouco, e meu rosto estava machucado. Imediatamente, a Dra. Meredith solicitou a presença de outro médico da emergência para cuidar de mim. Eu estava tão focada em salvar aquele homem que nem havia me dado conta dos meus próprios ferimentos.Após ser atendida e medicada, o detetive Gabriel me perguntou o que havia acontecido. Então, relatei tudo… desde o início dos acontecimentos
ETHANEnquanto Sarah dormia, meu tio Gabriel havia ligado para saber como ela estava. Disse que ela fora muito corajosa e inteligente, mas que aquela atitude poderia ter lhe custado a vida.Eu tentava dissipar a raiva na academia, já que não havia mais nada que eu pudesse fazer. Deixei Sarah descansando em nosso quarto, embora tudo em mim gritasse para não me afastar dela.Quando ela apareceu na academia e me lançou aquele olhar atento, sondando o ambiente, fiz o possível para não deixar transparecer a fúria que ainda me consumia. Seu machucado parecia bem pior agora, e aquilo me dilacerava por dentro.Ao chamá-la para o meu colo, tudo o que eu queria era acalmar a tormenta que se agitava dentro de mim. No entanto, quando nossos lábios se tocaram e ela deixou claro o quanto precisava de mim, perdi completamente o controle.Sentia uma necessidade desesperadora de me perder nela, de afastar qualquer pensamento sobre o que havia acontecido. Quando ela verbalizou que precisava do mesmo, n
SARAHJá havia se passado uma semana desde o episódio no hospital. Meu rosto, que antes estava roxo, agora parecia mais com o do Incrível Hulk, um verde nada discreto, mas, por incrível que pareça, isso era um bom sinal. Em mais alguns dias, esse hematoma desapareceria provavelmente de vez.Aproveitei esse tempo em casa para focar nos exercícios com o Ethan. Felizmente, muitos avanços eram feitos para proporcionar mais qualidade de vida às pessoas com limitações de locomoção, como o Ethan.Um dos que mais nos chamou atenção foi uma cadeira de rodas inovadora, capaz de permitir que o usuário fique em pé. Esse aparelho oferece mais autonomia, conforto e bem-estar, além de trazer benefícios comprovados para o corpo humano.Fizemos uma pesquisa detalhada antes da compra. Queríamos ter certeza de que o modelo escolhido atenderia às necessidades do Ethan da melhor forma possível. Ethan estava empolgadíssimo com a chegada do equipamento, mal conseguia conter a ansiedade.Infelizmente, esse t
Meu retorno ao trabalho foi, no mínimo, estranho. Pessoas que antes mal falavam comigo faziam questão de me cumprimentar, como se o que eu tivesse feito fosse algo extraordinário.Mas, para mim, aquilo não parecia um ato heroico. Eu vim de uma região do Rio de Janeiro onde, sempre que havia tiroteios ou invasões, fosse da polícia ou de traficantes rivais, a gente se apoiava. A população inocente era sempre a que ficava no meio do fogo cruzado.Acho que foi por isso que tomei aquela decisão no hospital. Quem entrava ali, no mínimo, acreditava estar em um lugar seguro. Um ambiente voltado para salvar vidas, não para tirá-las.E eu amava meu trabalho. Amava o que aquele lugar representava. Quando vi o medo nos olhos das pessoas e um homem armado pronto para matar, não hesitei.Não pensei em mim. Pensei nos outros. Nas crianças. Nos pais. Nos idosos. Em todos que estavam ali desprotegidos. Hoje, as pessoas me olhavam com admiração, como se eu fosse corajosa. Mas, no fundo, eu só fiz o que
ETHANEstava realmente muito feliz com a nova cadeira. Poder abraçar minha mãe e minha noiva olhando em seus olhos, sem que elas precisassem se abaixar, não tinha preço. Achei que jamais voltaria a ficar em pé novamente, e, graças à Sarah, aquilo estava sendo possível, mesmo que por meio de uma cadeira.A verdade era que, se ela não tivesse entrado na minha vida, eu provavelmente ainda estaria deitado naquela cama, desejando, a cada dia, que a morte viesse me buscar.Quando cheguei ao trabalho, minha felicidade estava estampada no rosto. Os caras logo notaram e comemoraram comigo aquela nova conquista. Era realmente bom tê-los de volta na minha vida, sentir-me parte de algo novamente.Depois de todos os cumprimentos calorosos, o treinador me chamou para uma conversa em particular.— Ethan, temos um problema... o Kael informou que não vai mais permanecer no nosso time. Recebeu outra proposta e, mesmo sendo inferior à nossa, disse que não pretende continuar. O outro time está disposto a
SARAHQuando chegamos à sala, mostrei a mensagem ao detetive Gabriel. Ethan também pediu para ver e pegou meu celular logo em seguida, analisando o conteúdo com atenção.Mas percebi que sua fisionomia mudou completamente. Sabia que, provavelmente, ele não tinha gostado do teor da mensagem, ainda mais porque aquele idiota o chamava de playbozinho de merda.— Vocês contaram a alguém sobre a data do casamento? — Perguntou ele. Todos negamos. — Alguém mais estava presente?— A Nayara, mas tenho certeza de que ela não contou a ninguém. Foi a primeira pessoa que questionei depois que recebi a mensagem. E tenho certeza de que não foi ela, porque foi ela quem me deu cobertura para sair do Brasil. Então, se o William a pegar, isso também trará consequências para ela. — Expliquei.— Tenho certeza de que não pode ser nenhum dos nossos funcionários. Temos poucos, mas todos são de muita confiança. — Explicou Grace.— Alguém estranho entrou aqui nos últimos dias? Algum serviço que vocês possam ter