Como eu imaginava, minha saída com a Sarah se tornou o assunto mais comentado nos sites de fofoca. Todos queriam saber quem era a mulher misteriosa ao meu lado.Alguns diziam que ela havia tirado a sorte grande. Outros, em tons mais pejorativos, insinuavam que ela só estava interessada no que poderia lucrar por estar com alguém rico. E havia ainda os comentários mais cruéis, que duvidavam da minha capacidade de satisfazer uma mulher como ela por eu ser cadeirante.Aquilo me encheu de um ódio terrível. Meu humor naquela manhã falava por si só. Quando Sarah saiu do banheiro e me viu com aquela expressão fechada, logo perguntou o que estava acontecendo. Sem dizer nada, mostrei a ela as postagens.Ela olhou para mim, leu algumas manchetes e, para minha surpresa, soltou uma gargalhada, o que só serviu para me deixar ainda mais irritado.— Amor, dou graças a Deus por eles não fazerem ideia do quanto estou satisfeita como mulher. — Disse ela, rindo, com aquele brilho provocante nos olhos. —
SARAHSempre tive receio da calmaria por tempo demais. Já fazia algumas semanas que nada acontecia… Nossa rotina estava tranquila, quase silenciosa. Nem mesmo a Dra. Meredith apareceu mais no meu setor para insistir sobre a tal campanha com o Ethan.Foi numa tarde qualquer, quando menos esperava, que Nayara surgiu no meu setor, toda eufórica.— Você viu a entrevista do Ethan? — Perguntou, com o celular já em mãos. Neguei com a cabeça, um pouco confusa, e ela logo me passou o aparelho.Achei estranho… Ethan nunca gostou de se expor em mídia. Sempre evitou os holofotes. E agora, assim do nada, estava num canal de televisão? Ele sequer comentou que daria uma entrevista e isso me deixou um pouco triste. Sempre compartilhei tudo com ele, e achei termos esse tipo de parceria.A repórter então perguntou sobre o dia do acidente. Ele contou com detalhes, relembrou cada momento. Falou também sobre as lesões que sofreu e revelou que, quase há um ano, estava completamente imóvel do pescoço para b
Dois dias se passaram, e eu realmente acreditei que o burburinho teria se dissipado. Mas, ao chegar no hospital naquela manhã, levei um choque. O saguão de entrada estava repleto de pessoas em cadeiras de rodas, algumas com familiares ao lado, outras claramente em sofrimento físico ou emocional. O mais impactante era a esperança estampada nos olhos de cada uma daquelas pessoas — esperança em mim.Fui até a sala da Dra. Meredith, que me recebeu com um sorriso satisfeito no rosto. Informou, visivelmente empolgada, que o hospital vinha recebendo cada vez mais pacientes graças à citação feita por Ethan durante a entrevista.Aquela felicidade dela diante de uma situação tão delicada somente aumentou minha incredulidade. Eu não queria fazer parte daquilo.— Quero pedir minha demissão. — Anunciei diretamente, pegando-a completamente de surpresa.— Por que você quer se demitir justo agora, depois de tudo que seu noivo fez? As pessoas estão vindo até aqui por sua causa, Dra. Sarah.— Não, Dra.
A Dra. Meredith explicou todos os recursos que o hospital oferecia para aquele tipo de tratamento, enaltecendo os profissionais que faziam parte da equipe. Ainda assim, para alguns repórteres presentes, eu continuava sendo a peça mais importante daquela coletiva. Todos queriam saber mais sobre Ethan.— Dra. Sarah, a senhora é noiva do atleta Ethan Connor. Alguns afirmam que essa relação não passa de interesse. Gostaria de comentar algo a respeito?— Gostaria de entender que tipo de interesse exatamente. E por qual motivo o Ethan não poderia ter alguém que realmente goste dele e o valorize?— A senhora deve saber que com ele vem uma conta bancária muito farta. Ele está paralítico da cintura para baixo e alguns questionam a intimidade entre vocês e se não haveria algum tipo de interesse envolvido.— Mesmo esta coletiva não sendo para tratar desse assunto, permita-me esclarecer duas coisas. A primeira é que, sinceramente, acredito que a imprensa saiba mais sobre o patrimônio do meu noivo
Suas pupilas estavam dilatadas, o que me fez suspeitar que havia consumido algum tipo de substância. Foi então que algo chamou minha atenção. Próximo dali, em uma bancada, havia uma bandeja metálica com alguns frascos e seringas, provavelmente abandonada às pressas por algum profissional no momento em que ele entrou armado.Inclinei o corpo sutilmente, apenas o suficiente para ver o rótulo do medicamento. Cloridrato de Midazolam. Arregalei os olhos por um breve instante. Aquilo só podia ser um sinal do céu. Uma chance.Midazolam era um sedativo poderoso, e se eu conseguisse uma brecha, poderia usar aquela medicação para acalmar ou até imobilizar o homem... mas teria que ser rápida e extremamente cuidadosa.— Qual é o nome da pessoa que o senhor está procurando? — Perguntei, tentando manter a voz firme, mesmo com o coração disparado no peito.Ele me olhou rapidamente, depois voltou a mirar o olhar inquieto para todos os cantos da emergência, como um animal encurralado.— James. James O
Levantei-me, deixando o corpo dele ali, e segui o policial. Fui aplaudida no trajeto por pacientes e funcionários do hospital. Naquele momento, não me senti uma heroína. Simplesmente não conseguia me ver dessa forma.Pelo vai e vem na porta da emergência, pude observar os diversos repórteres que já se aglomeravam por ali. Devido à coletiva de imprensa mais cedo, imaginei que talvez nem tivessem deixado o hospital antes de se depararem com aquela cena.Fui conduzida até uma sala próxima. Pouco tempo depois, a Dra. Meredith entrou acompanhada do detetive Gabriel, que se surpreendeu ao me ver ali.Ainda tremia um pouco, e meu rosto estava machucado. Imediatamente, a Dra. Meredith solicitou a presença de outro médico da emergência para cuidar de mim. Eu estava tão focada em salvar aquele homem que nem havia me dado conta dos meus próprios ferimentos.Após ser atendida e medicada, o detetive Gabriel me perguntou o que havia acontecido. Então, relatei tudo… desde o início dos acontecimentos
ETHANEnquanto Sarah dormia, meu tio Gabriel havia ligado para saber como ela estava. Disse que ela fora muito corajosa e inteligente, mas que aquela atitude poderia ter lhe custado a vida.Eu tentava dissipar a raiva na academia, já que não havia mais nada que eu pudesse fazer. Deixei Sarah descansando em nosso quarto, embora tudo em mim gritasse para não me afastar dela.Quando ela apareceu na academia e me lançou aquele olhar atento, sondando o ambiente, fiz o possível para não deixar transparecer a fúria que ainda me consumia. Seu machucado parecia bem pior agora, e aquilo me dilacerava por dentro.Ao chamá-la para o meu colo, tudo o que eu queria era acalmar a tormenta que se agitava dentro de mim. No entanto, quando nossos lábios se tocaram e ela deixou claro o quanto precisava de mim, perdi completamente o controle.Sentia uma necessidade desesperadora de me perder nela, de afastar qualquer pensamento sobre o que havia acontecido. Quando ela verbalizou que precisava do mesmo, n
SARAHJá havia se passado uma semana desde o episódio no hospital. Meu rosto, que antes estava roxo, agora parecia mais com o do Incrível Hulk, um verde nada discreto, mas, por incrível que pareça, isso era um bom sinal. Em mais alguns dias, esse hematoma desapareceria provavelmente de vez.Aproveitei esse tempo em casa para focar nos exercícios com o Ethan. Felizmente, muitos avanços eram feitos para proporcionar mais qualidade de vida às pessoas com limitações de locomoção, como o Ethan.Um dos que mais nos chamou atenção foi uma cadeira de rodas inovadora, capaz de permitir que o usuário fique em pé. Esse aparelho oferece mais autonomia, conforto e bem-estar, além de trazer benefícios comprovados para o corpo humano.Fizemos uma pesquisa detalhada antes da compra. Queríamos ter certeza de que o modelo escolhido atenderia às necessidades do Ethan da melhor forma possível. Ethan estava empolgadíssimo com a chegada do equipamento, mal conseguia conter a ansiedade.Infelizmente, esse t