Fiquei observando Ethan em silêncio por alguns instantes, sentindo a dor que ainda pairava sobre ele. Era como se o mundo dele tivesse desmoronado, e tudo o que restasse agora fosse escombros de um amor que só ele havia vivido de verdade.A verdade era que não existia maneira certa de reagir à decepção. Cada um tentava sobreviver como podia. E Ethan... ele sempre foi forte demais para admitir quando estava quebrado.Respirei fundo e passei a ponta dos dedos por seus cabelos, em um gesto calmo, buscando trazer a ele algum tipo de paz.— Sabe por que a decepção doí tanto, Ethan? — Ele me fitou por um instante. — Porque ela nunca vem de um inimigo. A partir do momento em que colocamos nossas expectativas em alguém, corremos o risco de nos decepcionar.— Nunca imaginei me sentir tão decepcionado quanto agora. — Disse ele, abatido.— Mas o erro, meu amor, não foi seu, e sim dela. Você não precisava se lamentar pelo que fez por ela. É ela quem deveria se arrepender pela forma como agiu com
Graças aos céus, aquela mulher não apareceu mais. No entanto, eu tinha quase certeza de que, em breve, teríamos notícias dela. Ela não foi tão longe somente para desistir. Eu não sabia que tipo de tormento ainda teríamos que enfrentar, caso aquele filho que ela dizia esperar fosse realmente do Ethan.Voltei a trabalhar no hospital. Algo que eu sempre amei fazer. Retornei para a emergência, apesar de a Dra. Meredith ter tentado me tirar do setor devido ao Ethan.Ela dissera que eu merecia algo mais tranquilo, mais diplomático, sem tanto esforço ou desgaste.Expliquei que, se fosse uma ordem, aceitaria a mudança sem questionar. Mas, se pudesse escolher, preferia permanecer exatamente onde estava.Trabalhar na área da saúde sempre foi um desafio constante. Todos os dias, enfrentávamos a difícil missão de salvar vidas. Ainda assim, para mim, era uma imensa satisfação lidar com o próximo e poder ajudar quem precisava.Isso era o que me incentivava a continuar, mesmo diante dos desafios que
Quando saí do hospital, vi o Ethan me esperando do lado de fora com um buquê de flores nas mãos. Eu realmente não esperava por aquilo, mas fiquei imensamente feliz com o gesto.Caminhei até ele e o beijei, sentindo meu coração aquecer com a delicadeza da surpresa. Algumas pessoas ao redor observaram a cena e chegaram até a aplaudir, o que me deixou um pouco envergonhada, mas também sorridente.E essa não foi a única surpresa da tarde. O Ethan estava dirigindo o próprio carro, o que me pegou completamente desprevenida. O veículo havia sido adaptado especialmente para atender às limitações físicas dele.— Alguns dias atrás, resolvi encomendar esse carro, para me tornar mais independente. — Ele explicou, empolgado. — E hoje, finalmente, ele chegou. Então pensei em te buscar e fazer uma surpresa… além de servir como test drive. — Ele sorriu, orgulhoso. Homens e seus brinquedos.— Foi uma surpresa maravilhosa. — Respondi, sorrindo de volta.Fiquei encantada com a agilidade com que ele fazi
ETHANQuando a Sarah me falou sobre o convite para a campanha, não fiquei nada à vontade com aquilo. Sempre havia me mantido recluso e essa foi a forma que encontrei para me defender dos comentários indesejados.Ninguém nunca soube ao certo quais foram as sequelas do meu acidente e, agora, até tinham uma ideia de como eu estava, mas não conheciam toda a evolução e os obstáculos que precisei superar para chegar até aqui. E, como eu disse, a Sarah foi uma das responsáveis por isso.Refleti muito sobre o que minha mãe havia dito naquela conversa na sala. E ela estava coberta de razão. Eu precisaria contar minha história para que uma das pessoas mais importantes da minha vida fosse reconhecida por sua competência profissional, e não apenas por ser minha mulher.Entendia também o que a Sarah havia me dito. Mas sabia que, se a história fosse contada por um canal sério e não apenas numa campanha cujo objetivo fosse promover o hospital, as coisas poderiam funcionar. Já tinha algumas ideias so
Cheguei em casa transbordando de alegria, ansioso para contar a novidade a todos. No entanto, decidi esperar até o jantar, quando estaríamos reunidos na cozinha. Minha mãe, percebendo meu entusiasmo, perguntou o motivo da minha alegria. Respondi somente que tinha uma novidade para compartilhar, mas que ela teria que esperar até o jantar.Quando Sarah chegou, me cumprimentou com um beijo e seguiu direto para o quarto, dizendo precisar de um banho devido ao cloro. Foi então que me dei conta de que ela havia provavelmente entrado na piscina com aquele idiota. Espero, sinceramente, que ela não tenha usado somente o maiô… como fazia comigo.Pensei em questioná-la naquele momento, sondar a história, mas fui interrompido pelo segurança dela, que apareceu dizendo precisar falar comigo com urgência.Aquilo me deixou inquieto, então pedi que me acompanhasse até o escritório. Assim que chegamos, indiquei uma cadeira e pedi que se sentasse para me relatar o problema.— Sr. Ethan, o veículo em que
SARAHAlgumas semanas se passaram desde o episódio em que William quase conseguiu me alcançar. Por mais que o Ethan dissesse que eu não precisava ter medo — somente redobrar a atenção —, eu simplesmente não conseguia relaxar.Aquela tensão constante estava me levando à exaustão. O único momento em que realmente me permitia baixar a guarda era quando estava em casa. Ainda assim, por mais difícil que fosse, eu havia decidido não deixar William destruir a minha vida.Com o tempo, comecei a perceber que, sempre que voltava para casa, um veículo nos acompanhava. No início, isso me deixava nervosa, sem saber se era mais uma ameaça. Mas agora, saber que aquele veículo fazia parte da equipe de segurança me trazia alívio.Apelidei-os carinhosamente de “meus anjos da guarda”, mesmo sem conhecer pessoalmente quem eram. Saber que estavam ali, por mim, me dava forças para continuar.Quase todos os dias, eu perguntava ao Ethan se os seguranças haviam descoberto algo novo, mas a resposta era sempre
Meus pensamentos foram interrompidos pelos gritos de uma criança. Virei rapidamente e vi os paramédicos trazendo mais uma vítima do acidente. O menino estava muito agitado, gritando toda vez que alguém tentava tocá-lo para mantê-lo na maca.Já havia presenciado uma situação parecida no Brasil… na época, foi difícil até entendermos o que realmente estava acontecendo com o garoto. Caminhei decididamente em direção ao aglomerado de profissionais ao redor da maca, tentando tranquilizar a criança.— Por favor, se afastem da maca! — Pedi em voz firme. Todos me olharam surpresos, já que o menino estava com um ferimento visível na cabeça. — Por favor, afastem-se! — Repeti com mais suavidade e, mesmo sem entenderem de imediato, todos obedeceram, inclusive a pediatra de plantão.Me aproximei devagar, respeitando o espaço dele, e me abaixei um pouco para ficar mais próxima do seu campo de visão.— Olá, meu amor… me chamo Sarah. — Disse com a voz mais calma e doce que consegui, sem o tocar nem in
Ela nos deixou em uma sala apropriada para crianças. No entanto, Luke não demonstrou interesse por nada ali, continuava agarrado à minha mão. Entrei com ele e me sentei em um canto da sala. Ele me acompanhou e sentou ao meu lado.Perguntei se queria beber ou comer alguma coisa, mas ele apenas balançou a cabeça, recusando. Foi então que me lembrei de uma barrinha de chocolate que guardava no bolso do jaleco. Peguei-a, abri e a ofereci a ele, dessa vez, ele aceitou.Permanecemos ali por algum tempo, até que a assistente social retornou, acompanhada por um homem que exibia um olhar aliviado ao ver Luke. No entanto, a criança não esboçou nenhuma reação e continuou comendo a barra de chocolate que eu havia lhe dado.O homem se aproximou com cuidado. Embora fosse visível sua vontade de abraçar o garoto, conteve-se, respeitando o espaço dele. Olhou para mim e, ao perceber que Luke ainda segurava firme minha mão, esboçou um pequeno sorriso agradecido.— E aí, campeão... preparado para ir para