Depois de algum tempo deitados na cama, conversando sobre assuntos aleatórios, Guadalupe bateu à porta para avisar que Victória estava na portaria e queria falar com Ethan. Eu e Grace trocamos um olhar.— Ethan, depois do que aconteceu aqui naquele dia, acredito que o melhor seja ignorá-la. Essa mulher não tem nada a acrescentar à sua vida. — Disse Grace ao filho. Eu apenas observei em silêncio.— Você se incomodaria se eu falasse com ela, só para deixar claro que não temos mais nada a tratar? — Ele me perguntou, e eu apenas balancei a cabeça em negação.— Guadalupe, informe que pode deixá-la entrar. Vou recebê-la na sala. — Completou Ethan. Grace claramente não gostou da decisão.Guadalupe se retirou, e Ethan se levantou da cama, sentando-se na cadeira ao lado. Para minha surpresa, ele nos convidou para acompanhá-lo até a sala.Pouco tempo depois, Victória entrou. Estava visivelmente retraída, com uma postura completamente diferente daquela que demonstrara da última vez.— Você gosta
Ethan me encarou, surpreso, como se o chão tivesse começado a desmoronar sob seus pés. Em seguida, seu olhar se voltou para Victória e era um olhar que eu nunca vi nele antes. Frio. Letal.— Quem era, Victória? — Sua voz saiu baixa, mas carregada de raiva. — Com quem você me fez de idiota, porra? Eu quero saber! Eu tenho o direito de saber!— Isso é mentira, Ethan! Estão dizendo isso só porque não querem que você fique comigo. Elas estão inventando histórias! — Victória exclamou, fazendo a maior cena, com os olhos marejados e a voz embargada. Mas seu desespero soava mais forçado do que real.Ethan virou-se para a mãe, visivelmente magoado.— A senhora tem um nome? — Perguntou, a voz baixa, carregada de dor.— Não — Grace respondeu com sinceridade. — Seu tio só disse que, depois do acidente, o rapaz conseguiu contrato com outro time... e ela foi com ele.Ethan ficou pensativo por um instante, revirando memórias que talvez estivesse tentando esquecer. E então, como se algo se encaixasse
Fiquei observando Ethan em silêncio por alguns instantes, sentindo a dor que ainda pairava sobre ele. Era como se o mundo dele tivesse desmoronado, e tudo o que restasse agora fosse escombros de um amor que só ele havia vivido de verdade.A verdade era que não existia maneira certa de reagir à decepção. Cada um tentava sobreviver como podia. E Ethan... ele sempre foi forte demais para admitir quando estava quebrado.Respirei fundo e passei a ponta dos dedos por seus cabelos, em um gesto calmo, buscando trazer a ele algum tipo de paz.— Sabe por que a decepção doí tanto, Ethan? — Ele me fitou por um instante. — Porque ela nunca vem de um inimigo. A partir do momento em que colocamos nossas expectativas em alguém, corremos o risco de nos decepcionar.— Nunca imaginei me sentir tão decepcionado quanto agora. — Disse ele, abatido.— Mas o erro, meu amor, não foi seu, e sim dela. Você não precisava se lamentar pelo que fez por ela. É ela quem deveria se arrepender pela forma como agiu com
ETHANNo jogo, quase sempre a felicidade de um começa na queda do outro. E não existe nada mais emocionante do que vencer a NFL. Coração acelerado, pupilas dilatadas, pressão nas alturas. Esse é o carrossel de emoções que o jogador vive ao marcar um touchdown. A euforia se traduz em comemoração. E nada mais justo do que comemorar.— Cara, vamos para a casa do James. A comemoração vai ser lá. — Caleb gritou para mim.— Beleza! Vou pegar a Victória e nos encontramos lá! — Afirmei.Ao sair do vestiário, encontrei minha linda namorada me falando ao telefone, e descrevendo a emoção que sentiu ao me ver fazendo o touchdown que nos garantiu a vitória.Assim que me viu, se despediu da amiga e correu para me abraçar, pulando alegremente nos meus braços. Precisei soltar a bolsa, para que nós dois não fossemos parar no chão, de tanto que era a euforia da Victória.— Meu amor, estou tão feliz por você! — Disse ela, me beijando.Eu e Victória namoramos há três anos, mas nos conhecemos desde a époc
Sempre aproveitávamos muito esses tipos de festas, mas em particular hoje, não estava muito a fim de beber. Tomei algumas cervejas, mas há algumas horas estava somente no refrigerante.Olhei para Victória e percebi que ela bebera demais e estava um pouco embriagada, e vê-la feliz como estava me fez sorrir. Era completamente apaixonado por essa mulher, pela simplicidade dela levar a vida e pelo otimismo que cativava todos ao seu redor.Procurei Caleb com o olhar e o encontrei rodeado por duas mulheres lindas. Esse não mudaria nunca, mas o amava também. Ele já fazia parte da minha família e minha mãe já o considera como filho pelo tempo que ele passava em minha casa. Entramos juntos para o mesmo time, mas nossa amizade era de antes mesmo da faculdade.Na metade da madrugada, todos insistiram muito para irem a uma boate muito badalada próximo dali, cerca de meia hora de carro. Não estava muito a fim de ir, todos haviam bebido bastante e alguns não tinham condições de dirigir.No entanto,
SARAHMeus pais sempre foram pessoas admiráveis. Apesar de sermos pobres, eles sempre fizeram questão de nos incentivar a estudar, porque para eles, isso era algo que jamais ninguém poderia nos tirar.Meu pai costumava dizer que — A lâmina de uma gilete é afiada, mas não corta uma árvore com tanta eficiência. E minha mãe completava a frase dele dizendo — O machado é forte, mas não corta os cabelos com tanta delicadeza. Eles sempre repetiam isso para mim e para meu irmão Caio.Eles nos diziam que todo mundo é importante de acordo com seus próprios propósitos. E que jamais deveríamos olhar para alguém com desprezo ou de cabeça baixa, exceto se fosse para admirar seus sapatos.Eu tinha o maior orgulho dos meus pais, eles poderiam não ter completado seus estudos, mas tinham uma grande sabedoria. Meu pai, mal conseguia assinar seu nome, mas levantava uma casa da planta em poucos dias e sem erros.Minha mãe, era um pouco mais estudada, porém, não conseguiu concluir seus estudos porque engra
Todos começam a sair lentamente, ainda comemorando o upgrade que ganharam. Percebi estar sendo observada enquanto seguia para a cozinha em busca de um copo de água. Precisava respirar fundo e buscar o restinho de paciência que existia no fundo do poço.— Você devia agradecer ao Pavão por permitir que a festa rolasse na casa dele. — Meu irmão disse, seguindo para a geladeira que terminei de fechar.— Se você não percebeu, já fiz isso. Mas se não fosse assim, eu seria a primeira a ligar para a polícia. Diria estar incomodada com a baderna, para que eles viessem até aqui acabar com sua festinha. — Nesse momento, meu irmão soltou uma gargalhada.— Depois de toda merda que eles fizeram, você ainda acredita que eles viriam? Você é muito ingênua, Sarah. Nessa comunidade, quem manda somos nós agora!— E eu não sei quem é pior, vocês ou eles. — Disse, automaticamente.Nesse momento, meu irmão levantou a mão para me bater, o que me fez encolher assustada. Apesar de ele ser mais novo, era homem,
ETHANNão notei quando os médicos saíram. Só me dei conta de que o tempo havia passado quando minha mãe se aproximou de mim e perguntou se desejava alguma coisa.— Sim, mãe! Quero sentir meu corpo novamente. Será que isso será possível?Minha mãe me olhou com tristeza, e sabia que, se fosse possível, ela trocaria de lugar comigo sem pensar duas vezes.Estava com muita raiva contida, e a única parte do meu corpo que eu desejava que não estivesse funcionando nesse momento era a única que não me deixava em paz… minha cabeça.— Vou chamar a enfermeira para mudar você de posição, isso vai ser bom para sua circulação. Se tudo dê certo, em breve estaremos em casa.— Obrigado, mãe! Talvez seja bom mudar de posição, já gravei cada detalhe desse teto. — Respondi com ironia.Minha mãe saiu sem falar mais nada. Após alguns instantes, ela voltou com duas enfermeiras. Nesse momento, senti meus lábios secos e tive vontade de beber água.— Mãe, a senhora pode pegar um pouco de água para mim?— Claro,