Como os exames levariam cerca de duas horas para ficarem prontos, Grace sugeriu que fôssemos a um bistrô ali perto. Ethan hesitou, mas consegui convencê-lo.Enquanto caminhávamos até o local, notei olhares insistentes sobre nós. Foi então que compreendi o motivo de sua relutância em sair.Ao chegarmos, o bistrô estava relativamente tranquilo, com poucas mesas ocupadas. Escolhemos uma mesa em uma posição estratégica, não muito ao fundo, para que a saída do Ethan fosse facilitada sem atrapalhar ninguém.Próximo a nós, uma família estava sentada. Um casal e sua filha, uma garotinha de aproximadamente seis anos. Notei que a menina não tirava os olhos de Ethan, enquanto seus pais trocavam sorrisos e cochichavam entre si.Curiosa com a situação, fiz um sinal para a garotinha, que hesitou por um instante. Sua mãe, percebendo o convite, encorajou-a a se aproximar. Quando chegou perto, no entanto, ela ficou completamente tímida, escondendo-se atrás das próprias mãos. Vendo a cena, sua mãe se l
Estava furiosa demais para dizer qualquer coisa, então permaneci em silêncio. Ethan me conhecia bem e, sem dizer uma palavra, esticou o braço, puxando minha cadeira para mais perto dele. O gesto me fez rir, mas logo percebi estarmos sendo observados.Ethan, no entanto, nem se deu ao trabalho de olhar ao redor. Simplesmente segurou minha mão e a trouxe para seu colo.Vi quando aquela megera fez um leve movimento de cabeça, claramente me julgando. Mas eu sabia exatamente o que aquilo significava: inveja.Assim que o médico terminou de fazer suas anotações, aproveitei para esclarecer algumas dúvidas que começaram a surgir.— Dr. Severid, se houve uma melhora no quadro do Ethan, isso significa que ele poderá sentir dores com mais frequência, certo? — Ele confirmou com um aceno de cabeça. — Então, é como uma faca de dois gumes… O que pode ser feito para aliviar essas dores?— Temos três opções… a primeira é o uso de remédios à base de morfina por serem os mais eficazes para aliviar a dor d
Tentei me aproximar de Ethan, mas aquela megera se colocou no meu caminho. Olhei para ela e, sinceramente, nem a enxerguei de verdade. Onde cresci, diriam que ela merecia um tratamento especial e, já que eu não estava fazendo nada, resolvi oferecer exatamente isso.— Vou passar para ver meu namorado. E te garanto, se encostar um dedo em mim, vai se arrepender profundamente. — Ela cruzou os braços, me encarando com superioridade.— Você não vai a lugar nenhum, sua maluca! Ou sai dessa sala agora, ou chamo a segurança. — Dei de ombros, segurando um sorriso divertido.— Pode chamar até o papa, se quiser. Aliás, te empresto meu celular para isso.Forcei a passagem, e quando ela cravou as unhas no meu braço, não respondi por mim. Custava a me descontrolar, mas, quando acontecia, era difícil voltar atrás. Agarrando sua mão, torci-a para trás, fazendo-a soltar um grito de dor antes de empurrá-la contra a parede, na direção oposta ao meu caminho.No instante seguinte, já estava ao lado de Eth
Já havia se passado uma semana desde o episódio na clínica. Hoje, finalmente, era o dia marcado para a aplicação da toxina. Apesar de tentar disfarçar, Ethan estava visivelmente ansioso.Durante toda a semana, ele não parou de fazer perguntas sobre o procedimento. Fiz o possível para mantê-lo bem informado, respondendo a todas as suas dúvidas com paciência.Assim que chegamos à clínica, fomos recepcionados por Natasha, sempre muito atenciosa, mas com uma fisionomia bem diferente da última vez — parecia mais leve, serena. Na verdade, percebi que todo o ambiente da clínica estava com uma energia diferente.Não demorou muito até sermos chamados pelo Dr. Severid em seu consultório. Ele ainda parecia um pouco constrangido, mas me esforcei para agir com naturalidade, como se nada tivesse acontecido. Mesmo já conhecendo todo o procedimento, pedi que ele nos explicasse novamente. Isso pareceu ajudá-lo a relaxar.Com todas as dúvidas esclarecidas, seguimos para a sala onde a medicação seria ap
Após passar mais um tempo com Ethan, decidi tomar um banho e tentar relaxar. Talvez ele estivesse certo... talvez William estivesse somente tentando me desestabilizar.Ao voltar para o quarto, ainda enxugando os cabelos com a toalha, me deparei com uma cena que aqueceu meu coração: Ethan sorria de orelha a orelha, diante de uma mesa posta com tudo o que eu gostava de comer.Fiquei surpresa e, ao mesmo tempo, profundamente emocionada. Caminhei até ele, o abracei com força e agradeci pelo carinho. Era maravilhoso se sentir amada daquela forma.— Prometo que esses cretinos não vão encostar um dedo em você. Antes disso, eu mato cada um deles — disse ele com firmeza. Olhei para ele, surpresa com a intensidade de suas palavras.— Sei que o Caio é seu irmão, Sarah, mas se ele tentar te fazer mal, não vou pensar duas vezes — completou, sério.— Minha consideração por ele já acabou há muito tempo, Ethan. Entendi que o Caio não sente o mesmo por mim, então preciso deixar de ser boazinha e parar
ETHANSentia-me mal por omitir o fato de que meu tio havia descoberto que aquele desgraçado do William realmente havia entrado nos Estados Unidos com documentos falsos. Eu havia deixado isso subentendido para a Sarah, mas a confirmação, com certeza, a deixaria em completo desespero.Eu não sabia até onde esses caras seriam capazes de ir, mas uma coisa era certa: eles também não faziam ideia do que eu seria capaz de fazer para proteger a mulher que amo.Nunca fui fã de armas de fogo. Aprendi a atirar, como parte dos treinamentos que tive com meu tio, mas jamais senti a necessidade de ter uma arma em casa. Achava que era desnecessário... até agora.A situação mudou. E eu não vou me abster de exercer um direito meu se isso significar proteger a minha família.A partir de agora, eu estava disposto a fazer o que fosse preciso. Porque ninguém, absolutamente ninguém, iria tocar na Sarah.Falei com meu tio, e ele disse que ainda naquele dia traria uma arma para mim. Já havia enviado toda a do
SARAHConvidei o Ethan para ir comigo porque sabia que ele não ficaria tranquilo se eu saísse sozinha. No entanto, não conseguia evitar o receio quanto aos comentários que isso poderia gerar. Estava ciente de que a rádio peão era eficiente em qualquer lugar, e ali não seria diferente.Assim que chegamos, já chamamos a atenção. O Ethan não era visto com frequência desde o acidente, e lembro bem como foi no dia da visita à clínica — passamos quase uma semana estampando tabloides, cercados por comentários de todos os tipos. Desde a marca da cadeira de rodas até opiniões sobre como ele parecia ainda mais bonito do que antes. Nem queria imaginar o que diriam se ele fosse fotografado agora, me acompanhando no hospital.Era bem capaz de surgirem manchetes nos acusando de estarmos noivos, casados ou, pior ainda, de eu estar grávida, só porque ele havia me acompanhado. Bastava uma foto mal interpretada para virarmos notícias.Segui direto para o setor de RH do hospital, mas fiz questão de cum
Instintivamente, olhei para o Ethan, mesmo sabendo que a decisão cabia somente a mim. Havia carinho em seu olhar, mas ele respeitou meu silêncio. Voltei meu foco para a médica.— Tudo bem, então. Aceito a proposta do hospital. — Respondi, com serenidade. — Mas com uma condição, Dra. Meredith. Quero ser avaliada como a Dra. Sarah, e não como a médica que está tratando o Ethan.A médica me observou, visivelmente surpresa com minha firmeza, mas antes que dissesse qualquer coisa, o Dr. Severid interveio, com um sorriso leve no rosto.— Tive o prazer de conhecer seu trabalho por meio do Sr. Ethan, Dra. Sarah, e como afirmei anteriormente, acredito que a senhorita é uma profissional competente e inteligente.— Obrigada, Dr. Severid.— O hospital ganhou muito ao contratá-la. Portanto, não se preocupe quanto à sua reivindicação. Claro que associar o nome do Sr. Ethan ao nosso hospital é vantajoso, mas a sua permanência em nosso quadro não será baseada nisso. Inclusive, se a senhora estiver di