O assalto
Pela milésima vez, estava eu decidida que nunca mais procuraria um médico para questões psicológicas, mas infelizmente não temos o controle de tudo.
Procurei coisas para fazer, qualquer coisa mesmo.
Queria definitivamente esquecer desse caso, queria simplesmente viver como um ser humano comum.
Comecei a vender Avon, Natura, Demillus, primeiro essas três.
Investi tudo o possível nesses catálogos, comecei a divulgar e logo começou a aparecer pessoas procurando, o mais procurado era Avon, tinha várias revistas, então sempre que alguém pedia a revista tinha de sobra.
Comprei placas de divulgação e coloquei no portão, isso chamou mais a atenção de vários clientes e, o que eu não esperava era que, chamaria a atenção de pessoas mal-intencionadas também.
VisitaEm meio a tantos acontecimentos, comecei a me isolar, ficar mais dentro de casa, alguns dias nem a porta de casa eu abria, só levantava para alimentar minha filha que agora tinha 2 aninhos, e voltava para cama.Tentava não ser uma pessoa insuportável, mas não estava sob meu controle, meu marido chegava eu reclamava de tudo, da vida, do lugar, da casa, enfim, tudo estava ruim, eu não sei como ele me aguentava, pois eu era muito chata.Agora nós visitamos minha sogra pelo menos uma vez por mês, pois ela sente falta da netinha dela.Quando chegávamos na casa dela, meu marido ia para o quarto as vezes para arrumar o computador, ou para tocar violão com o irmão dele, eu ficava na sala assistindo TV com minha sogra e minha filha ficava sempre junto de nós, não existia assunto para discutirmos.Eu não sei se era fruto da minha
RecaídaO meu psiquiatra me falou que tudo o que eu sentia era reflexo ou sintoma da depressão, eu não aceitava essa condição, eu queria ser alguém, eu queria ter algo que pudesse me orgulhar futuramente.Eu comecei a tomar o antipsicótico para dormir, e o antidepressivo de manhã, eu não me sentia bem, esse remédio me dava tanto sono que eu não conseguia acordar antes de uma da tarde, ou quando me levantava, ficava zonza, irritada, e com mal-estar, sentia que meu corpo estava adormecido, só conseguia dormir e mais nada, vivia num transe total.As consultas com o psiquiatra eram uma vez por mês, então tinha que esperar completar um mês para me informar sobre o que estava acontecendo, passei o mês todo tomando o remédio, e quando passei com o médico ele me informou que era normal, que com o tempo meu corpo iria
Ganho de pesoHavia alguma esperança?Algum dia eu iria me ver bem, me sentir bem, tratar bem a minha família?Porque eu?Porque muitos morrem sem querer, muitas pessoas com câncer, luta para sobreviver, e eu, sem nenhuma doença visível, tento constantemente morrer e nunca dá certo?Eu vivo em perguntas frequentes na minha cabeça, e nunca consigo uma resposta que me convença.Meu marido me levou no outro dia após minha tentativa de suicídio, para o meu psiquiatra, ele explicou para meu marido._. Se ela não tiver o tratamento adequado, ela vai tentar sempre se matar, e uma hora irá conseguir, por isso, peço que você, guarde os medicamentos em local fora de alcance e você a medica, todos os dias, não pode falhar, vou passar um remédio que é top de linha, é um pouco caro
Algumas alternativasEmbora tomar aqueles remédios me deixava bem, com muita disposição, eu queria de uma forma ou de outra, parar de tomar, eu estava virando uma viciada, pois em dois dias sem tomar o remédio, sentia uma sensação de choque na cabeça, tinha alguns espasmos musculares e por mais que eu tentava não conseguia dormir, então me via na obrigação de toma-los.Em um encontro com minha amiga e manicure, ela me perguntou o que eu tinha, porque estava pálida e sem reação as conversas que ela tinha comigo, era como se eu estivesse no mundo da lua, não prestava atenção nela, por mais que eu tentasse, ela quis saber o que estava acontecendo comigo._. Ah, amiga, estou em crise depressiva, parei com os remédios a dois dias, pois estavam me fazendo engordar demais, eu quero parar de toma-los, mas aí
Buscando ajudaEm alguns momentos da minha vida, eu me encontrava com meu eu interior, era onde minha mente se confundia, o real com o imaginário, a tristeza se encaixava em minha vida e não dava tréguas, fazendo eu entrar em desespero total.Me vi com mais 20 quilos, sem ao menos alterar minha alimentação, isso me deixava angustiada e constrangida, não conseguia me olhar no espelho, não conseguia me trocar na frente de meu marido, queria me esconder, queria sumir desse corpo, eu sentia como se tivesse em um corpo que não era meu.Quando entrei em colapso com minha mente, decidi que não tomaria mais o remédio que estava me fazendo engordar dois quilos por semana, onde eu iria parar se continuasse assim?Marquei uma consulta no endocrinologista, e por mais presas que eu tinha, marcaram para um mês depois, eu fiquei nervosa, pois mesmo pagando caro e
DesesperoPercebi que não podia mais aguentar, somente um vinho não melhoraria meu status, minha vida, meus sentimentos.Era muito mais profundo que isso, a angústia já tinha passado do limite, eu já não conseguia explicar o que sentira.Muitas vezes, as pessoas ficam questionando._O que você tem?_Angústia__. Mas, porque?Era aí que meu coração desacelerava, eu não tenho um porque, eu simplesmente estou angustiada, muitas vezes, até dava alguma desculpa, para ter argumentos, comecei a virar uma mentirosa, já que meus argumentos tinham se esgotado, e, eu queria muito que parassem de me fazer perguntas.Infelizmente as perguntas não paravam, eu não conseguia me livrar dos sermões, que, ao invés de ajudar só complicava mais minha cabeça._Procura Deus.
Nova chanceAcordei no dia seguinte com a sensação de que eu estava dormindo a semanas, mas, como se nada tivesse acontecido, estava estranhamente bem, porém, eu lembrava de tudo, pura infelicidade, seria bom esquecer de uma vez.Comecei a refletir sobre o real motivo da vida, e porque eu sempre que tentava morrer, conseguia uma nova chance, resolvi então viver, e se entregar totalmente à essa vida pós morte, era como eu considerava.Eu decidi que não tomaria nunca mais remédio nenhum e que eu jamais precisaria deles novamente, essa era uma decisão só minha, meu marido insistia para que eu tomasse os remédios e ficava aflito, pois não queria me ver mal novamente.Mas, dizem que os problemas psicológicos nós temos o poder de afastá-lo com nossos pensamentos positivos, então eu comecei a ignorar tudo de negativo qu
AbstinênciaEu achava que estava bem e que nunca mais precisaria do remédio, eu conseguia dormir, mesmo que depois das duas da manhã, tinha disposição para lavar a louça e cozinhar, já que eram minhas principais funções, minha filha estava sendo bem cuidada.Passou-se exatamente duas semanas sem o remédio, comecei a ter pesadelos horríveis, acordava em menos de duas horas de sono já chorando e gritando, meu marido com seu sono leve, sempre acordava e dizia “calma amor, foi só um sonho”, mas uma ou duas horas depois estava eu lá, agarrando ele e gritando novamente.Certa noite eu estava dormindo, quando minha filha começou a tossir e chorar no quarto, resolvi ver o que era, porém, quando abri meus olhos, me deparo com uma sombra de uma senhora de idade, acariciando o rostinho de um bebê, virei para o meu