Buscando ajuda
Em alguns momentos da minha vida, eu me encontrava com meu eu interior, era onde minha mente se confundia, o real com o imaginário, a tristeza se encaixava em minha vida e não dava tréguas, fazendo eu entrar em desespero total.
Me vi com mais 20 quilos, sem ao menos alterar minha alimentação, isso me deixava angustiada e constrangida, não conseguia me olhar no espelho, não conseguia me trocar na frente de meu marido, queria me esconder, queria sumir desse corpo, eu sentia como se tivesse em um corpo que não era meu.
Quando entrei em colapso com minha mente, decidi que não tomaria mais o remédio que estava me fazendo engordar dois quilos por semana, onde eu iria parar se continuasse assim?
Marquei uma consulta no endocrinologista, e por mais presas que eu tinha, marcaram para um mês depois, eu fiquei nervosa, pois mesmo pagando caro e
DesesperoPercebi que não podia mais aguentar, somente um vinho não melhoraria meu status, minha vida, meus sentimentos.Era muito mais profundo que isso, a angústia já tinha passado do limite, eu já não conseguia explicar o que sentira.Muitas vezes, as pessoas ficam questionando._O que você tem?_Angústia__. Mas, porque?Era aí que meu coração desacelerava, eu não tenho um porque, eu simplesmente estou angustiada, muitas vezes, até dava alguma desculpa, para ter argumentos, comecei a virar uma mentirosa, já que meus argumentos tinham se esgotado, e, eu queria muito que parassem de me fazer perguntas.Infelizmente as perguntas não paravam, eu não conseguia me livrar dos sermões, que, ao invés de ajudar só complicava mais minha cabeça._Procura Deus.
Nova chanceAcordei no dia seguinte com a sensação de que eu estava dormindo a semanas, mas, como se nada tivesse acontecido, estava estranhamente bem, porém, eu lembrava de tudo, pura infelicidade, seria bom esquecer de uma vez.Comecei a refletir sobre o real motivo da vida, e porque eu sempre que tentava morrer, conseguia uma nova chance, resolvi então viver, e se entregar totalmente à essa vida pós morte, era como eu considerava.Eu decidi que não tomaria nunca mais remédio nenhum e que eu jamais precisaria deles novamente, essa era uma decisão só minha, meu marido insistia para que eu tomasse os remédios e ficava aflito, pois não queria me ver mal novamente.Mas, dizem que os problemas psicológicos nós temos o poder de afastá-lo com nossos pensamentos positivos, então eu comecei a ignorar tudo de negativo qu
AbstinênciaEu achava que estava bem e que nunca mais precisaria do remédio, eu conseguia dormir, mesmo que depois das duas da manhã, tinha disposição para lavar a louça e cozinhar, já que eram minhas principais funções, minha filha estava sendo bem cuidada.Passou-se exatamente duas semanas sem o remédio, comecei a ter pesadelos horríveis, acordava em menos de duas horas de sono já chorando e gritando, meu marido com seu sono leve, sempre acordava e dizia “calma amor, foi só um sonho”, mas uma ou duas horas depois estava eu lá, agarrando ele e gritando novamente.Certa noite eu estava dormindo, quando minha filha começou a tossir e chorar no quarto, resolvi ver o que era, porém, quando abri meus olhos, me deparo com uma sombra de uma senhora de idade, acariciando o rostinho de um bebê, virei para o meu
ViagemTínhamos uma viagem, fomos convidados a ser padrinhos de casamento, ficamos muito felizes pela consideração, e, é claro, teríamos que estar apresentável, então decidi fazer meu próprio vestido de crochê, já que estava animada com os crochês, terminei de fazer em duas semanas, na minha opinião ficou perfeito, eu amei.Chegou o grande dia da minha sobrinha, ela iria se casar, para ela já estava passando da hora, mesmo que tinha somente 18 anos, nós, a mãe dela e eu, a aconselhávamos para que ela não fizesse nada de cabeça quente, casamento não era brincadeira, ela poderia sofrer caso não pensasse muito bem antes.Mas, ela estava decidida, era realmente o que ela queria, todas nós estávamos cientes que a pressa dela era de sair de casa e ser independente, nós tamb&eacut
O retornoAssim que retornamos para São Paulo, eu precisava voltar ao psiquiatra, para uma avaliação e se necessário renovar a receita, agendei a consulta para dali a duas semanas, enquanto isso fiquei tranquila por não estar tomando o remédio, pois ele me faria engordar mais do que eu já estava.A essa altura eu já tinha engordado dez quilos acima de meu peso normal, eu já estava começando a me preocupar, minhas roupas já não serviam, eu sentia um calor excessivo, e um incômodo nos joelhos.No dia da minha consulta com o psiquiatra, ele me pediu que mantivesse a medicação e ele passaria um remédio a mais, para ajudar a não ganhar mais peso do que estava, eu não gostei muito dessa sugestão, eu queria mesmo era mudar de remédio, pois eu estava virando uma bomba relógio, só engorda
GatilhoEra uma tarde, eu estava sentada em frente ao computador, fazendo alguns backups do celular, enquanto minha filha brincava no quintal silenciosamente, eu esperava pelo menos 15 minutos para ver o que ela estava fazendo.Ela entrou no quarto eufórica e ansiosa para me mostrar algo, quando olhei para minha filha não pude conter o espanto, foi um choque, não sabia o que fazer, então comecei a chorar desesperadamente.Minha filha tinha cortado todo seu cabelo, e de um lado, quase na raiz, além de cortar, o que eu jamais permitiria, ela estava com uma tesoura de 30cm na mão, corria um grave risco de se machucar grandemente, eu a abraçava e chorava amargamente repetindo “porquê? ” “Porque? ”.Eu liguei imediatamente para meu marido, pois precisava desabafar e contar a alguém o que tinha acontecido, eu não sabia o que fazer ou com
Recuperando a vidaAssim que voltei a tomar os remédios, minha disposição voltou, comecei a acordar cedo, e limpava toda a casa, todos os dias, porém eu não tinha nada para fazer em meu tempo livre, e nada que me trouxesse conforto e valorização.Quando comecei a me sentir a “empregada”, procurei algo para fazer, algo que realmente me valorizasse, algo que eu pudesse sentir orgulho depois e me lembrei que eu tinha um talento, tirando lá do fundo do baú, encontrei o meu talento.Comecei a fazer crochê, e comecei a todo vapor, fiz uma página de divulgação no facebook e trabalhava arduamente para divulgar os trabalhos e pegar encomendas, enquanto isso resolvi fazer alguns vestidos no meu número, que se caso não vendesse, ficaria para meu uso.Eu terminava um vestido a cada duas semanas, consegui fa
Três anos depois Hoje, eu não sei dizer se alcancei o grande futuro, mas estou me sentindo tão feliz que não poderia reclamar nem dizer que não era isso que eu queria. Continuei escrevendo pois, reconheci que na escrita eu poderia desabafar, ajudar pessoas que passam pelo mesmo problema que eu e acreditam não ter nenhuma saída. Desde que iniciei na escrita, muitas pessoas me procuram para dar entrevistas e esclarecer dúvidas sobre a depressão. Eu sempre digo que não sou expert, mas encontrei uma forma de lidar com meu problema sem ter vontade de me matar o tempo todo e sem prejudicar a vida dos meus familiares e amigos, principalmente das pessoas que me amam e estão à minha volta todo o tempo. Tive uma segunda filha que tem uma história incrível também. Ela nos trouxe tanta alegria que hoje só de ver ela debruçada na cama assistindo peppa pig no celular, mesmo eu sabendo que não é bom para crianças, eu sorrio feito uma boba.