Ainda parece ser de noite mesmo já sendo 1PM. A chuva cai do lado de fora como um tsunami acompanhado de raios e relâmpagos. Com certeza não vamos conseguir fazer nada hoje além de andarmos pelados pelo chalé enquanto esperamos nossas roupas secarem e a chuva passar.
Estou sozinho no primeiro andar tomando um café da manhã ou o que devia ser um café da manhã. Maçãs, um copo de água e um doce de abóbora enlatado que encontramos aqui.
“Abóbora enlatada, feijões misturados enlatado, molho de tomate enlatado, almôndegas enlatada, mais feijões enlatados, suco artificial em pó e massa de macarrão,” dizia Angus tirando as coisas do armário e colocando em cima do balcão da cozinha.
“A massa de macarrão também é em latada?” Ele riu e depois balançou a cabeça em negativo.
“Temos comida suficiente para cinco ou seis dias."
“Bom, mas não vamos ficar cinco ou seis dias, no mais possível vamos embora amanhã se a chuva melhorar.”
“Eu espero.”
“Esper
Acho que eu não merecia essa vida. Deus poderia ter me matado quando ainda estava na barriga, que seria bem melhor. Mas acho que Deus queria me ver sofrer muito antes de encontrar Angus.“Vi seu namorado em uma festa gay em South Battleford. Ele estava sendo espancado por dois brutamontes no estacionamento,” Jojo Gatget comentou uma vez comigo no trabalho. Eu era assistente de caixa em uma loja de cupcake e às vezes também fazia cupcakes. Jojo era uma das minhas amigas de trabalho na loja de cupcakes. Ela era uma garota loira com piercing no nariz, lábios e língua, e um braço recheado de tatuagens aleatórias.“Não somos namorados, só fiquei com ele algumas vezes.”“Pensei que eram, mas… dou graças que não são. Ele é meio bizarro para você. Eu acho mais provável você namorar um dos caras que tava espancando ele do que ele próprio,” Jojo gargalhou e pegou uma bandeja de cupcake para levar a uma mesa.“Os caras me bateram tanto que nem senti eles roubando mi
Nos enfiamos debaixo do chuveiro, no banheiro da suíte. Estamos tendo praticamente uma estadia gratuita nesse chalé, e nem imagino qual seja o valor da diária aqui.— Quantas vezes vou precisar dizer que te amo até você me dizer o mesmo? — digo, enquanto esfrego as costas de Angus com shampoo.— Eu direi quando for a hora. Estou confuso ainda sobre várias coisas, não especificamente você, mas muitas coisas comigo — passo o shampoo em sua cabeça e começo a entrelaçar os dedos pelos os fios.— Angus… — começo —, eu te dou o tempo que quiser. Mas logo mais, você estará morando comigo e estará vendo minha cara todo o dia, e piorará quando casarmos.— Do casamento eu não tenho medo, só do meu futuro. Não faço a menor ideia se ficaremos por muito tempo ou terminaremos logo no começo — seu corpo vibra sutilmente quando massageio seu ombro.— Só terminará no começo se você quiser, por mim, pode durar facilmente cinquenta anos — movo com carinho sua cabeça
— Sul fica na esquerda e norte fica na direita — ainda no chão da cabana tento descobrir para qual caminho Hector foi.A porta do chalé está arreganhada. O vento traz além do frio, a chuva, que molha o piso de madeira e faz a água escorrer.Minhas lágrimas já pararam de descer, talvez por consequência do vento que as secou.Merda! Quero gritar outra vez e outra até as cordas vocais estourarem. Ódio, raiva, angústia, dor e mais sei lá o que estou sentindo. O que foi que fiz? Horrível. Hector vai encontrar o caminho de volta e vai estragar tudo. Tudo!O que vou dizer para Eltery? O que ele fará na verdade? Ficará com muita raiva com certeza. Vejo o rosto dele de decepção e vejo também Hector me ignorando quando voltarmos ao internato. Acabou… acabei com tudo.Se pelo menos Hector não fosse tão desconfiado é provável que as coisas estariam de pé até agora, mas ele é muito inteligente, e eu não sei mentir. Nunca soube e nunca vou saber.
Hector quase escorregou na porta do chalé por causa da chuva. Segurei um riso, enquanto continuava o segurando por causa do tornozelo torcido.Subimos com cuidado para o segundo andar, queria ter o ajudado a tomar banho, mas ele preferiu tomar sozinho após um rosnado.O bom que no final tudo deu certo, tirando meu corte na testa e o tornozelo de Hector.Sentado na cama, enquanto passo os dedos pelo corte na testa e espero Hector sair do banheiro, sinto uma fome quase agoniante. Como se meu estômago estivesse se desolvendo para dentro.Talvez ainda tenha maçãs jogadas no chão lá de debaixo. Claro que elas poderiam estar limpas e gurdadas na minha bolsa, mas Hector precisava dar um showzinho.Escorrego da cama como um cadaver e ando para fora do quarto como uma lesma tentando fugir do sal.Está de dia, mas a chuva parece só estar no começo outra vez. Se continuar
“Trouxe comida!” Gritou Amster batendo à porta.Era quente em casa como em um deserto, eu estava escorado na janela do quarto, no segundo andar, observando um cachorro correr atrás do próprio rabo enquanto uma mangueira estourada o molhava.“Se vista e desça!” Amster avisou outra vez. Larguei a visão do cachorro e caminhei para as minhas roupas jogadas próximo a cama. Vesti a cueca, a calça e a camiseta do Mickey.O espelho me olhou por um breve momento, julgando-me e me desprezando. “Putinha,” dizia e era na voz de Jack.“Eu realmente não gosto disso,'' justificava-me rápido e desesperado. “É ele que faz. É ele que me obriga.”“Você gosta… você goza e sente prazer com ele tocando. Gosta de como ele faz.”“Não! Eu não gosto!”“Gosta
Brigar, gritar, apanhar, vomitar, fazer birra, enfiar o lápis no olho de Jack, jogar café no rosto de Jack, discutir com Heather, virar amigo de Heather, brigar com Jack, virar amigo de Jack e brigar outra vez com Jack.Esse foi o resumo dos meus primeiros cinco anos no internato, nada de relevante ou marcante. Tudo construindo em base de brigas, discussões e desfazer e refazer amizades.No dia que completei treze anos, meu colega de quarto decidiu ter um ataque de alergia e morrer agonizando no chão. Péssimo.Era noite e eu estava quase dormindo quando ele começou a gemer. Ergui o rosto do travesseiro dando tempo apenas de vê-lo levantar da cama se tremendo e depois despencar no chão.Devia ter feito alguma coisa, tive bastante tempo, mas fiquei parado vendo ele estourar a cabeça no chão.Nossa, foi realmente muito sangue. Quando decidi sair do quarto para pedir ajuda, meus pés se encharcaram de sangue. Lembro que mesmo depois de ter l
Senti o sabor e engoli. Eltery retirou o pau da minha boca com um sorriso aliviado, logo me puxou para cima e me deu um beijo.Estávamos dentro de uma sala de aula — matando aula —, obviamente ficaríamos de reforço para algum aluno só para recuperar nossas faltas quem vinham sendo mais frequentes que o sexo. Bem, a maioria das faltas eram por causa do sexo."Devíamos tentar fugir daqui,” sugeri pela segunda vez na semana. Aquele mês tinha sido o ponto inicial do meu desespero quando relembrei da promessa de Amster. Isso me fez refletir naqueles dias que por algum motivo, quando Amster fez a promessa, já sabia que eu não ficaria muito tempo com ele.Agora preso em um chalé com Hector, isso parece tão idiota de se ter medo. Amster não deve nem pensar mais em mim, nem lembrar dessa promessa tosca. Ele só tinha quinze anos, e agora deve ter a idade do Hector.
“O que você sente por mim?” Perguntou Eltery entrando no banheiro. Era segunda, da semana seguinte, após o belo acontecimento de eu tentar seduzir o segurança. “Não esperava isso de você. Por que fez isso?”Continuei lavando as mãos encarando meu reflexo no espelho.“Já tínhamos terminado. Foi o suficiente.”“Não foi o suficiente!” Gritou. “Achei que você estava brincando.”“Não sou de brincar com isso. Não estava claro o suficiente?” Parei de olhar o espelho e passei a olhá-lo. Eltery estava visivelmente decepcionado com o que eu estava fazendo. Eu também não queria estar fazendo aquilo, mas estava mais preocupado comigo mesmo do que com ele. Sempre estive mais preocupado comigo mesmo do que com os outros.“Você está me rasgando, Angus. Você tornou isso uma brincadeira, não é uma brincadeira para mim.”“Sinto muito, preciso fazer isso.”“Precisa fazer isso? Você não precisa fazer isso. Nunca precisou.”“Já precisei, lembra?”“Ma