— Porque é sempre constrangedor estar de short e top – Jeff soltou.
Ela revirou os olhos. Dois dias depois do ocorrido, ele ainda estava soltando todas as piadinhas que podia sobre o episódio do rio. Lívia estava envergonhada dele tê-la visto com poucas roupas, mas Jeff fazia tudo piorar, dizendo que ela tinha ficado toda balanceada porque ele estava vendo-a em roupas íntimas e se jogou na água por conta disso.
Ela estava se perguntando qual a parte do eu escorreguei que ele não havia entendido.
— Não entendo o que você vê de tão engraçado nisso – resolveu responder às provocações..
Suas piadas não a incomodavam.
Lívia havia aprendido a lidar com comentários constrangedores durante sua vida.
Não era como se ela fosse assumir, mas estava sentindo falta do Jefferson de
Lívia tentou não transparecer, mas ela ficara devidamente confusa com a declaração de Jefferson. Não podia negar que sempre tivera vontade de ter uma família, de ter algo especial como seus pais haviam tido, ver seus filhos crescerem e serem melhores do que sequer havia sonhado para eles.Ela sonhara com esses momentos enquanto estivera com Ric. Eles chegaram a tomar esse caminho, moravam juntos e só estavam esperando terminar o treinamento para procurar por uma casa para os dois. E ela havia ficado feliz só com a expectativa.Mas era Ric que sempre guardara seu coração. Ele estava entranhado em cada pedaço dela, era inegável, e ela nunca fora capaz de superá-lo. Nunca fora capaz de se sentir nem um pouco perto do que ele a fazia sentir. Nunca deixara outro garoto, qualquer um, se aproximar o suficiente.Até agora.Jefferson havia enchido seu dia-a-dia com co
Embora a confusão sobre Jeff não deixasse a cabeça de Liv por muito mais que poucos minutos, tudo pareceu se encaminhar com tranquilidade na semana em que completaram um mês de viagem por Esmeralda. . A rotina cansativa não parecia abalá-los tanto quanto no começo da viagem e Lívia começava a classificar tudo aquilo como natural.Por diversas vezes, pegou-se sorrindo enquanto andava atrás de Jeff. Sorrindo com a perspectiva de estar chegando onde deveriam chegar, de conseguir o que ela sonhara a vida toda e sorrindo pela boa companhia. Ela costumeiramente sacudia a cabeça para afastar a imaginação de um futuro ao lado de Jeff. Ele parecia cada vez mais entranhado nos seus dias e não conseguia mais ver como não poderiam funcionar juntos.E, então, ela se lembrava de Ric e da possibilidade de estar vivo, fazendo seu coração quebrar em dois
Eles respiraram aliviados quando o barulho de tiros cessou, mas a calmaria durou pouco. Voltaram a atirar e, por parecer mais alto, souberam que estavam mais próximos. Domado pelo desespero, Jefferson puxou Lívia para mais dentro da floresta e os dois engatinharam, buscando uma proteção maior da copa das árvores, mesmo que suas mochilas tivessem ficado para trás.Encontraram uma árvore oca e entraram, aliviados com a proteção extra. Ele encostou as costas na borda da árvore e Liv se posicionou à sua frente, encaixada entre suas pernas, de costas para ele, ambos olhando para fora, como se pudessem ver o que estava acontecendo.— Eu nunca ouvi nada assim – sussurrou.Ele chiou, pedindo silêncio Lívia sentiu a mão do rapaz em seu quadril, puxando-a para encostar o corpo no dele. Ela trincou os dentes por estremecer ao sentir o hálito dele em seu
Prática como sempre, Lívia tirou a faca do cinto e levou ao peito da garota, que apertou os olhos com um sorriso no rosto. Apesar daquilo ter-lhe sido pedido, Lívia não conseguia fincar a faca, não conseguia sequer se mexer.— Liv? – Jeff chamou-a, como se apressasse.A garota tossiu e mais um montante de sangue saiu de sua boca. Seu peito subiu com sua respiração falhada e Lívia levantou a faca por um momento, parecendo tomar força para afundá-la, mas sua mão apenas continuou no ar, trêmula.— Por favor – a garota sussurrou mais uma vez. – Por favor, por favor.A mão de Lívia continuava no ar, tremendo mais do que quando ela levara o primeiro susto com as naves extraterrestres. E ela se viu ali, prestes a tirar uma vida e, embora a garota estivesse lhe pedindo, não tinha certeza se seria capaz.Elas poderiam ter se
Na metade do dia seguinte, eles chegaram ao rio e encheram os odres. A noite mal dormida pesava em Lívia, mas a pior parte tinha sido encarar a morte tão de perto.Por mais que não quisesse admitir, estava com medo.O que mais a assustou foi ter passado o resto da noite de olhos fechados, sem conseguir dormir, pensando no que faria se fosse Jeff.E doeu.Isso significava que ela se importava.Por anos, manteve-se afastada das pessoas, evitando se envolver; Jeff era o primeiro com quem ela se importava em muito tempo e isso era muito complicado de lidar.— Nós devíamos seguir o rio por um tempo – Jeff sugeriu.Lívia concordou com a cabeça, mas mudaram o curso ao fim da tarde, acampando no pé de um morro. O dia seguinte seria um dia cansativo de subidas para sair do vale.— Você está bem? – Jeff perguntou pela décima vez naquele di
— Eu nunca vi nada assim – murmurou, encerrando o silêncio entre os dois.Jeff ainda estava sorrindo abertamente para o mar e ela ainda mantinha o mesmo olhar de admiração apaixonada. Eles ainda levariam uns dois ou três dias para chegar até onde as ondas quebravam, isso se o pé dela não os atrapalhasse.— É muito, muito bonito mesmo – Jeff disse, suspirando.Sem dizer uma palavra, os dois concluíram que passar um momento naquela pedra, admirando o horizonte, seria uma boa ideia, então almoçaram com aquela vista maravilhosa. Lívia se sentiu leve como há muito tempo não se sentia.Ela balançou a cabeça com um sorriso leve no rosto. Deviam estar parados há quase meia hora, mas não queria ser a que iria interromper aquele momento, não depois de tanto tempo em apuros. Então, deixou-o curtindo enquant
Lívia ficou de pé do lado de fora da proteção das raízes e seu pé falhou um pouco e ela não pôde evitar soltar um resmungo de dor. Jeff saiu franzindo a testa pra ela, que olhou para o outro lado e apertou o pingente do colar, incomodada. Para disfarçar, ela olhou para o alto, como se estivesse procurando um vestígio das naves, mas isso não distraiu Jeff de forma alguma.— Seu pé está pior, não está? – Perguntou.Ela não respondeu, mas ele conseguia ver que mantinha o pé machucado quase sem encostar no chão, deixando o peso todo sobre o outro. Suspirou e puxou sua faca de seu cinto. Sem dizer uma palavra ele subiu meio metro da árvore e se dependurou no galho mais baixo da mesma, forçando seu peso até que ele se quebrasse.Sob o olhar atento e questionador de Lívia, cerrou um pedaço de galho c
— Eu realmente sinto muito por estar atrasando tudo – Lívia disse, após mais um momento de parada para descansar.Apesar de seu pé ter melhorado bastante com as ervas mastigadas, ainda estava inchado e vermelho e os dois estavam tomando muito cuidado com seu caminhar. Lívia estava evitando colocar o pé no chão – Jeff realmente acreditava que ela não conseguia – e toda vez que ela começava a arfar por estar pulando com sua bengala, Jeff os fazia parar.— Está tudo bem – disse – Nossa chegada pode demorar um pouquinho mais, mas seu pé tem que ficar bom, então vamos devagar.Lívia discordava. Ela gostaria de chegar logo e poder esticar a perna e ficar imóvel por uns dois anos até ele não doer mais. E apesar de saber que tinha seus limites, eles estavam perto, já deviam estar quase lá.— E