Capítulo 3

A senhora o olhou com espanto, foi saindo na calçada de roupão

- Mais o que aconteceu?

Ele abriu a porta do carro

- Sou o chefe dela e recebi uma ligação, sobre os gastos no cartão, da empresa.

- Fui até lá e a encontrei assim, achei melhor trazê-la para casa.

Prestativa a senhora foi pegando a bolsa dela no carro

- Coitada da Amira, não sabia que ela tinha voltado a beber.

- Ela não tem ninguém, mora sozinha.

Ele a pegou no colo

- Entendi, sou novo na empresa, devo ter me confundido, obrigado pela ajuda.

- Ela sempre bebia assim?

A senhora ficou parada na porta da sala

- As vezes, faziam meses que não se repetia, ela é muito reservada. Você é mesmo o chefe dela?

Ele a colocou no sofá, deu um cartão e mostrou as mensagens deles, daquela semana, para comprovar tudo, mais tranquila e fugindo de ajudar, a senhora foi embora bem rápido, só desejou melhoras.

Ele fechou a porta, foi verificar os cômodos, no quarto principal tinha uma cama e guarda roupa de casal, tudo indicava que moravam mais pessoas lá.

No banheiro tinham produtos infantis, shampoo e sabonete, curioso foi abrir a porta do outro quarto, era todo decorado com temática de floresta, com animais de todos os tipos, duas camas e um guarda roupa com muitas fotos dos Gêmeos.

Ele chegou abrir uma porta e tudo parecia normal, ouviu um barulho na sala e correu ver, ela havia caído do sofá, estava suja de bolo, bebida, com o cabelo coberto de chantilly, ele a pegou no colo, levou para o quarto e precisou tomar uma decisão, mais pensando que marido, ela não tinha, optou por fazer a coisa mais lógica, tirar aquele vestido imundo.

A segurou sentada, enrolou o cabelo como deu, quando foi procurar o zíper e olhou melhor no pescoço, viu cicatrizes, de queimaduras, agindo no impulso, desceu o zíper todo e puxou as mangas também, os braços, costas, eram cheios de marcas, ela estava de sutiã e um shortinho curto de malha agarrado, ao sentir o vestido saindo por baixo, sendo puxado nas pernas, se moveu sonolenta

- Meu amor? Não vai, por favor.

- Fica comigo, só hoje, eu prometo que não vou te decepcionar.

Ele se aproximou a colocando deitada no travesseiro

- Amira o que aconteceu?

- Quem eu posso chamar?

Ela tentou o abraçar, muito desorientada

- Kadu por favor só hoje, eu não quero mais ficar sozinha.

Começou chorar

- Eu te amo muito, me leva com vocês.

- Kadu? Por favor, não me deixe.

Quase tão desorientado quanto ela, Andrus parou de tentar conversar, sentou próximo e a cobriu

- Pode dormir, estou aqui, vai ficar tudo bem.

- Durma Amira, está tudo bem! Estamos em casa.

Ela adormeceu em sono profundo, ele a deixou dormindo e foi embora de madrugada, com muita raiva e a certeza de que ela era maluca.

Achou melhor nem comentar com ninguém, até ela aparecer e se explicar, durante o domingo passou o dia todo olhando o celular, ela não se manifestou, passou o dia na cama arrependida e com medo.

Na segunda feira foi trabalhar, como se nada tivesse acontecido e de fato, não lembrava como chegou em casa, só ficou com a sensação de ter estado com o Kadu.

Chegou pontualmente, começou resolver as pendências, organizar os currículos para ver quem se encaixava melhor, Andrus chegou bem cedo, passou por ela sério

- Amira na minha sala, agora!

Ela se levantou apreensiva, entrou cabisbaixa

- Já terminei as pastas de apresentação, para a viagem e selecionei onze candidatas para...

Ele interrompeu, indo encostar na porta, a barrando de sair caso tentasse

- Não tem nada para me contar?

- Gastou mais de cinco mil reais no cartão da empresa e acha que vai ficar elas por elas?

- Já acionei um advogado de fora, da minha confiança, não confio nada em você.

Mostrou a foto dela desmaiada na balada

- Além de mentirosa, é ladra? Vai pagar cada centavo, que gastou no fim de semana!

- Sua vizinha disse que você não tem marido, então a hora de começar a falar, é agora.

- Todos acham que você é perturbada mentalmente. Posso chamar um psiquiatra também!

- Seus documentos são uma completa bagunça, usa o nome de solteira e não colocou seus filhos como dependentes no convênio.

Ela começou chorar, respondeu alterada

- Você não sabe nada de mim. Cala a boca!

Ele mostrou o celular

- É só ligar e o psiquiatra virá, quero saber o que aconteceu, essas cicatrizes.

- Tire o casaco, ou quer ser vista assim? Descontrolada?

- Quer perder a guarda dos seus filhos? Será que são seus mesmo?

- Tire o casaco!

Ela se aproximou o encarando fixamente, chorando

- Não fale deles.

Estava de vestido social regata e um cardigã por cima, foi tirando

- Porque se importa com as minhas marcas?

- Já me demitiu, eu nunca te fiz mal algum, porque me odeia dessa forma?

Ele passou por ela, olhando

- Odeio mentirosos, pode ir embora, já limparam sua mesa e o advogado irá entrar em contato, para ver o que faremos com a sua dívida.

Ela saiu cabisbaixa, na porta um segurança a esperava, com as coisas dela em uma caixa organizadora, também chateado até se desculpou por aquilo, alguns colegas foram se aproximando sem entender, queriam se despedir, Andrus saiu de sua sala irritado

- Vocês não tem o que fazer?

- Alguém quer ir junto?

Todos voltaram correndo a trabalhar, ela foi embora chorando arrasada, foi pegar um ônibus como de costume, Andrus estava inconformado e curioso, conversou com um amigo da polícia, pedindo para investigar o passado dela, porque algo de muito errado, devia ter acontecido.

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