— Irmãos, entendo que muitos devem estar confusos e até mesmo aflitos e amedrontados com os acontecimentos que estão sendo mostrados nos jornais. O fim está próximo e isso não é novidade para aqueles que creem, mas lembrem-se, meus queridos, que para nós o viver é Cristo, mas o morrer é ganho. Permaneçam com seus corações em paz, pois o nosso querer é agradar o nosso Deus acima de qualquer coisa, ainda que para isso, precisemos nos desprender do nosso corpo físico para vivermos em eterna glória.
A igreja explodiu em palmas, os fiéis engoliam o que era ministrado de cima do altar, não existia questionamentos, dúvidas ou incertezas, se o líder estava dizendo, então seguiriam até o fim. Robert desceu do púlpito e foi ter com o pequeno grupo de pessoas que o aguardavam ainda sentados e sorridentes, como ovelhas pron
— Agora temos que ir. — Ele separou-se das duas, ainda segurando a filha pelos ombros.— Ir para onde, pai? — questionou curiosa, precisaria apenas de dois segundos para tudo mudar em sua casa, ela sabia muito bem daquilo.— Algumas coisas aconteceram na sua ausência, minha filha — disse receoso, sem saber ao certo até que ponto a filha estava mesmo com o domínio de seu poder.— Que tipo de coisas? — Quis saber de imediato. Detestava se afastar de casa e descobrir que algo aconteceu em sua ausência.O clima passou de carinhoso e amistoso para denso e tenso em um instante. Agares que até o momento não havia dito uma única palavra sequer, deu um passo à frente, aproximando-se de Naiara, voltando a segurar sua mão, como se precisasse protegê-la de alguma ameaça invisível. Amarantha sem nem ao menos perceber, revirou os olhos para a
Agares virou-se para Yekun e se o seu olhar pudesse matar, com certeza ele seria um caído mais do que morto naquele momento. Por segundos que pareciam a eternidade para ela, os dois se olhavam travando alguma batalha particular, em total silêncio. Yekun balançou a cabeça em negativa, seja lá qual tenha sido a conversa, ele estava nitidamente insatisfeito com a decisão escolhida por Agares. Aproximou-se de Naiara, sem dar importância para os dedos dos dois entrelaçados, segurou o rosto dela entre suas mãos e com cuidado, selou os lábios da menina, pegando-a de surpresa. Mas ela não se afastou ou ao menos o repreendeu, sabia que devia muito a Yekun, devia sua vida. Ele a resgatou das suas próprias sombras e em seus piores momentos, ele mergulhou em suas trevas e a trouxe para a luz. Não teria coragem de lhe negar um último beijo.— Ainda que tudo ao seu redor pareça sem
Pedro via tudo ao seu redor desmoronando, a fé das pessoas esvaindo entre os dedos, muitos desistindo de uma vida inteira de uma ligação que ele acreditava ter sido real e sincera, deixando-se levar pelas tribulações que os assolavam. Mortes e mais mortes aconteciam todos os dias, pequenos grupos de diferentes congregações davam fim à própria vida. A polícia procurava algo que ligasse um grupo ao outro, mas não havia nada, nenhuma carta, despedida, nada. Pessoas normais, com famílias, filhos, amigos, jovens com todo um futuro pela frente, um dia estavam bem, rindo, conversando e se divertindo e no outro, mortos. Mas não negaria a sua, não deixaria as pessoas que se apoiavam nele caírem. Há um tempo estava liderando um grupo que muitos torciam o rosto, mas, para ele, eram mais do que especiais. Jamais entendeu como conseguiam rotular as pessoas, como conseguiam olhar para a
Debatia-se tentando se soltar, sem conseguir muita coisa. Não usaria sua magia contra ele e, sem poderes, jamais ganharia de Agares somente com a força do corpo.Rendeu-se.— Hum... — ele murmurou e em resposta, inclinou o corpo sobre o dela, aproximando-se do pescoço da menina, deslizando devagar o nariz em todo o contorno até a altura do ombro, enquanto falava baixinho. — Acho que prefiro me divertir com você aqui.— Você não merece — disse manhosa, já sentindo o efeito que Agares causava em seu corpo.— Não mereço mesmo? — Devagar, mordeu o lóbulo da orelha dela, deixando a língua percorrer o seu pescoço em seguida.— Só um pouquinho...Os olhos de Naiara já queimavam em vermelho vivo, as mãos desciam em garras nas costas de Agares, marcando caminho, arrancando dele um gemido gutural
Yekun não ousou abrir os olhos, apertava seus dedos aos dedos dela, vivendo um conflito interno assombroso. Desejava ter o poder da escolha, queria poder decidir o caminho a seguir, mas, ao mesmo tempo, sentia-se ligado a ela de muitas formas e desejava manter seus corações ligados, ainda que não fosse correspondido. Seu peito subia e descia violentamente, seu corpo mostrava o quanto tudo aquilo o abalava. Naiara estava alheia ao que acontecia ao seu redor, mergulhada dentro de si e de seus pensamentos e, quanto mais buscava a quebra da predestinação, mais fora de seu próprio corpo ela ficava. Seus olhos se abriram abruptamente revelando a névoa branca que envolvia todo o seu globo ocular, sua cabeça foi projetada para trás e as palavras escapavam de seus lábios como se tivessem vida própria, nem mesmo o tom de voz parecia ser o dela.A magia envolvia Yekun ao ponto de levantar seu corpo do ch
Agares estava sentado na cama de Naiara, esperando. Ela surgiu em seu quarto, seus joelhos tremeram e caiu sem forças, ele levantou-se rapidamente a tomando em seus braços, sentou na cama com ela em seu colo e tentava acalantar a dor que sentia em sua amada que chorava copiosamente. A dor parecia exalar dos poros de Naiara, não conseguia conter o vazio que sentia dentro de si, como se não sentisse mais a sua alma. Deitou a cabeça no peito de Agares e respirou fundo, tentando se encontrar novamente. Ele fechou os olhos e deixou com que sua essência invadisse o corpo da namorada, dividindo com ela o que era, quem ele era. Aos poucos o choro foi controlado e as lágrimas secando. Não disseram nada, ficaram somente se encontrando um no outro, tendo a certeza da decisão tomada.Heylel e Azazyel entraram na morada e não se deram o trabalho de chamar por sua família, sabiam que viriam ao encontro deles assim
O coração do jovem líder estava em paz, sua fé em Deus era inabalável, mesmo diante aos caos que tomava a Terra, ainda assim ele somente cria que seu Pai estava ciente e no controle de tudo, fé essa que era visível em seus olhos e transpassava em suas palavras, acalmando não somente a menina machucada, mas as outras pessoas que ali estavam. As portas da igreja, pela primeira vez em muitos anos, encontravam-se fechadas. Algumas pessoas foram separadas, pois permaneciam visivelmente alteradas. Pedro andava de uma sala a outra tentando, sem muito sucesso, contê-los. Orava e clamava, pedindo por uma intervenção divina. Reuniu todos os jovens que conseguiam conter suas emoções, estavam na nave da igreja e levantaram um clamor, pedindo ajuda para aquela situação. As portas se abriram em um rompante e nem mesmo toda a barricada de bancos, moveis e empecilhos colocados para impedir uma in
Passaram correndo por onde Pedro acabara de sair, deparando-se com um largo corredor com portas dos dois lados, ouviam os gritos atrás de cada uma delas, uns pedindo por ajuda, outros clamando a Deus e muitos deles eram somente urros e palavras ruins. Mas foi uma voz especifica que chamou a atenção de Diego e o guiou até uma das portas. Abrindo-a, se deparou com uma jovem enraivecida em cima de Fernando que tentava sem muito sucesso se livrar da menina que berrava as palavras mais terríveis já ouvidas pelo jovem, arranhando onde suas grandes unhas alcançavam. Diego tirou a jovem de cima de Fernando em um só movimento, mantendo-a afastada com uma das mãos e a outra esticou para ajudá-lo a se levantar. Ele aceitou a ajuda, chorava e limpava os filetes de sangue que escorriam em seu rosto e pescoço, aturdido e confuso diante daquela loucura que acontecia ao seu redor, mas não foram os machucados f&iacut