Gabriel começava a se cansar de toda aquela situação, ainda deitado sobre a cama de seu novo quarto, cômodo esse que parecia mudar, não somente de lugar, mas os moveis e a disposição deles no espaço, constantemente, era também tão branco quanto a espada que Miguel usava, cegando o menino todas as manhãs. Não havia entendido ainda como as coisas funcionavam naquele lugar, mesmo Diego com toda a paciência que era possível ser destinada à um ser, explicar que estavam somente em um plano inferior da eterna morada e que portanto não havia algo fixo, solido ou constante, estavam somente de passagem, dizendo que era por isso que a cada dia não somente os moveis, mas os cômodos da morada, como a paisagem em volta deles, alteravam de forma. Tudo isso era confuso demais para Gabriel. Esticou o corpo sobre os lençóis extremamente brancos e macios, sentindo a
E pela terceira vez naquela manhã Diego riu.— Irmão, vou me divertir muito com você. Venha, vamos tomar um banho – Gabriel parou onde estava e o desespero estampou sua face – Separados Gabriel, cada um em seu quarto, oras irmão, pelo Pai, acha que somos assim? – Gabriel respirou aliviado, aceitando a ajuda de Diego para se levantar, quando estava ao lado dele, Diego aproximou-se e falou baixo em seu ouvido – Darei banho em você, somente quando me pedir – Fazendo Gabriel pular metros para longe dele.— Por Deus!!! Cadê a ordem e a decência que teria que existir nesse lugar??? Claro que não vou pedir nada, não rola um castigo, umas broncas para quem faz essas coisas aqui não? Sou novo aqui, convidado do Pai, mereço ser tratado com mais respeito – Ele ainda falava por sobre o ombro enquanto voava de volta para seu quarto, deixando Diego para trá
E por mais que Heylel quisesse fazer o anjo engolir sua soberba e cada palavra dita até aquele momento, reconhecia que uma guerra não seria algo bom para seu domínio. Posicionou o corpo um passo à frente, detendo Amarantha que ainda brincava com a chama azul em suas mãos.— Fale. E. Suma. Daqui.O anjo deixou um sorriso carregado de sarcasmos estampar seus lábios e notou o olhar de Heylel em suas asas, graça aquela que ele não alcançaria novamente. Assim que caiu, recebendo seu castigo, não foi deixado nenhuma marca celestial nos que se rebelaram contra Deus, muitos não aguentaram a queda e suas asas queimaram por completo e os que conseguiram resistir, elas se tornaram negras como a noite mais escura, mas ninguém soube em qual das duas situações Heylel se encaixava, ele jamais revelou sua situação, nem mesmo em seus anos mais sombrios.— S
Estava acontecendo, o tão esperado dia chegou, enfim os 18 anos. Naiara levantou-se naquela manhã e não teve a presença de Agares ao seu lado, ele ainda estava chateado com ela por causa do quase-não-beijo de Yekun e ela entendia, afinal, ela mesmo mataria se alguma daquelas demônias chegasse perto de Agares, mas dizia a ela mesmo que não teve culpa, não conseguiu evitar e essa mentira a tranquilizava. Acordou como todos os outros dias, tomou banho e comeu seu café da manhã ainda em seu quarto, os pais haviam saído na noite anterior para irem buscar o presente dela em outro território e ainda não haviam voltado, para Naiara, aquilo foi somente uma desculpa para ficarem sozinhos. Mas nada mais estava diferente, não acordou em chamas, aos berros, levitando ou vomitando verde pela casa, era somente ela e nada mais.— Sem poderes descontrolados.Dizia enquanto comia seu c
Agares deixou claro a que roupa ele se referia, todos estavam usando de algum poder para camuflar sua real forma e aquilo de alguma maneira, teve reação contraria em Naiara, claro que ela ficou grata pela preocupação que todos tiveram com ela, mas não era isso que queria, não queria comandar um reino onde não conhecia realmente as pessoas ao lado dela.O barulho abafado de um microfone, trouxe à tona todos os temores de Naiara, alguém iria falar sobre a sua chegada e matá-la de total vergonha, Agares sentiu a tensão se apoderando dela e puxou-a para mais perto, deixando a lateral de seus corpos colados.— Meus caros – a voz alta e bem colocada de seu pai invadiu todo o ambiente, ele estava ao microfone e sua mãe ao lado dele, com o rosto bondoso, mas o queixo erguido. Naiara não conseguiu saber se de orgulho ou impondo sua presença – Por séculos va
Naiara havia passado o restante do dia em seu quarto, o ir e vir de todos envolvidos nos preparativos finais da festa de seu aniversário a deixava nervosa demais, todos a olhavam como se esperassem que a decisão de tudo viesse dela e ela sempre recorria à mãe, então sua presença não era mesmo importante. Agares ainda continuava sumido, deixando claro seu aborrecimento e por vezes ela imaginou o que faria se ele não aparecesse ou o que ele poderia estar fazendo ou pior, com ele estava. Pensar em Agares com outra pessoa, imaginar que ele poderia se deixar levar por um momento de tristeza e se entregar a outro alguém, ela já estava sufocando quando sentou-se na cama e se obrigou a respirar, a força de seus pensamentos e o desespero de perde-lo, era esmagadora. Longos minutos haviam se passado e ela ainda estava sentada na mesma posição, ouviu uma batida a sobressaltando, a porta abriu-se em segui
Agares deixou claro a que roupa ele se referia, todos estavam usando de algum poder para camuflar sua real forma e aquilo de alguma maneira, teve reação contraria em Naiara, claro que ela ficou grata pela preocupação que todos tiveram com ela, mas não era isso que queria, não queria comandar um reino onde não conhecia realmente as pessoas ao lado dela.O barulho abafado de um microfone, trouxe à tona todos os temores de Naiara, alguém iria falar sobre a sua chegada e matá-la de total vergonha, Agares sentiu a tensão se apoderando dela e puxou-a para mais perto, deixando a lateral de seus corpos colados.— Meus caros – a voz alta e bem colocada de seu pai invadiu todo o ambiente, ele estava ao microfone e sua mãe ao lado dele, com o rosto bondoso, mas o queixo erguido. Naiara não conseguiu saber se de orgulho ou impondo sua presença – Por séculos va
Dentro da nova realidade que a vida apresentava para Naiara, tudo estava correndo bem, Agares estava sorrindo cada vez mais, tanto que ela acreditou que machucaria sua própria bochecha a qualquer momento, seus pais estavam transbordando felicidade e de uma forma muito calorosa, Amarantha estava sendo, não somente recebida, mas acolhida por todos. Naiara se orgulhava da mãe e desejou ser mais parecida com ela, que desfilava ao lado de Heylel, com o queixo erguido e sem perder em momento algum a compostura, estava mesmo tomando o lugar como seu. E seu pai, bem, não havia em qualquer mundo, alguém mais feliz do que ele, apresentava Amarantha para um e para outro, puxando uma vez ou outra Naiara para a mesma apresentação, enquanto a menina sorria e tentava, sem sucesso algum, se lembrar o nome e de onde era a última pessoa apresentada. Aquilo lhe rendeu alguns risos baixo.Estava de costa, sendo servida por um garçom
Naiara procurou o olhar de Gabriel novamente e o que viu fez a menina cambalear alguns passos para trás, sendo amparada por Agares. Não havia mais nada de seu amigo ali, assim que seu olhar foi capturado pelo de Gabriel, ela foi envolvida por um buraco negro, um vazio, sem sentimento, sem amor, sem alegria, sem essência, sem Gabriel.Naiara respirava com dificuldade e toda a magia que ondulava por seu corpo, foi extinta, não por interferência de outra pessoa, mas por simplesmente não ter mais forças. O sorriso que tomou os lábios de Miguel foi assustador, era claro a sensação de guerra vencida que ele sentia, gostava de ferir, de magoar, sabia que algumas palavras eram mais cruéis que o corte da espada mais afiada, as palavras certas poderiam facilmente dividir a alma do espirito e destruir os dois. Diego balançava a cabeça com incredulidade diante do que via, por mais que entendesse que