Não tinha ideia do que procurar em um parceiro e apesar dos pedidos de seus pais, nunca pensou em se ligar a ninguém.
Pelo menos, não até agora.
No entanto, agora suspeitava que havia descoberto o parceiro ideal, talvez o amor de sua vida, mas eles tinham um espaço infinito entre eles.
Talvez estivesse inventando esse amor para justificar essa louca aventura que vivia e um pouco de seu medo em tentar a volta.
Quando o viu dormindo ao despertar pela primeira vez, ele era só um estranho, agora não. Ele beijou sua bochecha, guardou a pomada e continuou a tarefa de preparar o café para eles.
As coisas estavam
Quase no fim da tarde, ele estava ao lado dela na nave. Sentia um pouco de frio, mas atribuía isso ás nuvens pesadas que fechavam o tempo e ao vento que soprava, mexendo as árvores lá fora.Puxou mais a gola da jaqueta de couro, mas ele sabia que esse frio vinha de dentro._ Já terminei de gravar o vídeo - ele se abaixou _ Vai demorar ainda?_ Não muito - parou o que fazia _ Estou ajustando alguns comandos e refazendo os códigos.Levantou. Ele parecia um pouco triste._ Se quiser voltar para cabana, pode ir._ Gostaria de ajudar.
Ele preferia se envolver, conhecer a mulher e só então criar um laço verdadeiro. Agora entendia porque suas ex-namoradas se irritavam e terminavam os relacionamentos.Ele não estava mesmo envolvido em suas vidas, era só o presente, não havia um plano para o futuro como um casal.Ele não se sentia flechado á elas pelo desejo de um amor que fosse eterno.Se isso existisse.Suspirou e coçou a cabeça. Havia isso sim, ele só não encontrara a pessoa certa para isso. E agora Amina o fez se apaixonar tão rápido quanto a velocidade da nave que a trouxe até aqui.Sorr
Podia ver o rosto expressivo dele pela luz tênue que vinha lá de fora, ajudada pela luz do abajur no canto do quarto.Jamais esqueceria esse rosto. Seus olhos castanhos estavam vidrados, com uma cor brilhante como mel, a boca apertada, a respiração agitada.Perfeito.Carlo pensou que poderia morrer agora só para não ter que vê-la se afastar. Ele estava cego por ela. Sentiu ser puxado pelas profundezas cálidas do corpo macio dela e se abandonou ao melhor sentimento que tinha agora.Logo seus pensamentos o abandonaram.*******
Ambos ficaram enrolando quando acordaram. Ela o tinha ajudado a preparar o café, mas não conversaram muito.Ela parecia preocupada, um pouco desligada. Ele estava na mesma, só não queria perguntar. Tinha medo de ouvir algo que não gostasse.Os dois eram a cara da procrastinação.Ela tinha que voltar á nave para continuar o trabalho e ele tinha que entrar em contato com a faculdade. No entanto, os dois continuavam sentados á mesa, remexendo na comida que deixaram no prato.Ele estava ficando maluco. Suspirou devagar. O amor o pegou e agora não sabia o que fazer direito. Precisava encorajá-la para que se animasse a continuar sua tarefa.
_ Por que está tão nervoso? _ O que acha? - gesticulou _ Eles não podem saber sobre a nave. _ Verdade - mordeu o polegar _ Mas, tudo bem, é só inventar uma história. Eles vão embora depois, não é? _ Aí é que está. Meu pai resolveu ficar aqui um tempo. _ Essa não... Temos que ter cuidado até que eu possa ir. Ele travou um pouco. _ E, você já sabe... Quando vai? - seu coração parou uma batida. _ Posso ir depois de amanhã. “Tão cedo assim”?
Puxou o ar fundo, com um pensamento perigoso. E se ele e Amina tivessem uma história para contar de quando seus filhos eram pequenos? E se os dois estivessem juntos á noite, na varanda, olhando o céu, embalando seu bebê? Isso era um pensamento triste. Para formar uma família ele precisaria ter uma vida inteira com ela e tudo o que tinha eram dias, poucas horas. Depois ela iria embora e ele ficaria ali, sozinho, como antes. Mas a família dela deveria estar aflita sem saber o que acontecera com ela.Talvez estivessem até sofrendo pela ausência. — Bom, o papo de vocês vai longe - Gisele levantou — Vou para o quarto descansar um pouco.
Horas mais tarde, Clóvis estava boquiaberto com tudo o que havia visto. Até sua pressão se alterara ao ver a nave de Amina entre as árvores onde caíra. Ele entrou na nave, meio que atordoado e arrastado pelos dois, um de cada lado. Era algo que jamais imaginara ver na vida, apesar de gostar muito de ler e ver filmes de ficção que mostravam coisas assim. Só que aquilo era real. Amina lhe mostrou os arquivos de sua queda e ele saiu com Carlo para olhar a nave enquanto ela fazia novas avaliações e conversava com uma voz masculina que se chamava Hallo. Era como um sonho andar pelos corredores. Tinha até medo de tocar em algo. Quem sabe o que poderia acontecer?
— O que foi, pai? - se afastou dela. — Talvez Gisele tenha ouvido demais - apertou as mãos, preocupado. — Como assim? — Ela sabe que Amina não é exatamente o que diz ser - puxou o ar fundo e soltou devagar. — E por que? - Amina cruzou os braços. — Bem, ela descobriu sua moto lá fora - gesticulou — Claro que não sabe o que é mesmo, mas está querendo chamar a polícia. — Ela não pode - Amina arregalou os olhos — Não posso ser descoberta, isso vai causar um grande problema - abriu os braços, nervosa — Para mim e para vocês também. — Pai, eles não