GustafEu estava saindo do banho após mais uma noite na cozinha. Eu me sentia frustrado na minha função, é claro, era sempre ótimo trabalhar em uma cozinha, mas eu não conseguia evoluir.Nessa parte eu invejava Izzy, que sendo tão jovem já comandava a própria cozinha, enquanto eu, com trinta e cinco anos, não conseguia sequer me tornar o patissier do restaurante, me contentando em ser apenas mais um confeiteiro, apesar de ser responsável pela criação de mais da metade das atuais sobremesas do lugar.Mas eu sabia que eu precisava apenas ter um pouco de paciência, em alguns meses eu teria juntado o suficiente para comprar o local que eu tanto almejava e começaria a reformá-lo para montar minha própria confeitaria, como falei para Isabelle que faria.Isabelle…Como alguém pode ter mexido tanto comigo em um período tão curto de tempo? Depois de tudo o que aconteceu com Pernilla, eu pensei que nunca mais me apaixonaria por alguém. Mas a cada momento ao lado de Izzy, eu me sentia mais compl
Gustaf— Infelizmente eu não consegui pegar sobremesa — Izzy me observou com um sorriso no rosto. Eu me inclinei, beijando sua boca, me afastando quando ela começou a aumentar a intensidade.— Eu posso cuidar dessa parte — eu me levantei, pegando os pratos do chão e levando até a bancada. Izzy se deitou nas almofadas espalhadas no chão me observando enquanto eu pegava um pedaço de torta no frigobar. Eu espiei ela naquela posição, com a seda negra de seu vestido contrastando com sua pele. Izzy Dempsey era um espetáculo natural, e eu tive sorte de ter aquele espetáculo à minha disposição nas últimas semanas!— O que você está aprontando, Gustaf? — ela fez menção de se levantar ao ver eu me aproximar.— Fique como está — eu pedi, me abaixando ao seu lado.Ela alternou o olhar entre o pedaço de torta na minha mão e o meu próprio olhar, parecendo não saber o que fazer. Por fim, ela se apoiou em seus cotovelos, erguendo um pouco o tronco para me observar melhor.— Aqui, abra a boca — eu m
Isabelle Me movi na cama devagar enquanto voltava a consciência, abri os olhos observando as paredes de madeira da cabana de Gustaf. Me virei de costas, vendo o visco que eu tinha pendurado sobre a cama na noite anterior. Gustaf dormia ao meu lado tranquilamente, sua respiração pesada revelava um sono profundo me fazendo sorrir.Me acomodei para observá-lo melhor, sentindo meu coração bater mais forte ao me lembrar da noite anterior. "Você foi a melhor coisa que me Aconteceu nos últimos tempos" Aquela frase estava gravada em minha mente e fazia meu estômago revirar, de uma maneira boa. Eu nunca pensei que me apaixonaria por alguém em tão pouco tempo, e ainda assim, era o que estava acontecendo!— Você vai ficar me olhando dormir até que horas? — Gustaf balbuciou ainda de olhos fechados.— Bom, agora que você acordou, fica um pouco difícil continuar te olhando dormir. A não ser que eu te desmaie — eu apontei.Gustaf abriu os olhos, me lançando um olhar caloroso que disparou ainda ma
Isabelle— Golpe baixo, Gustaf.— Vale tudo na guerra, Zazie — Ele piscou para mim.Eu cruzei os braços, desviando o olhar com uma expressão emburrada, o fazendo rir.— Zazie,você arruma cada apelido engraçado, Gustaf — Gwen zombou, atraindo nossa atenção.Será possível que ela ainda não sabe? Não, ela deve ter percebido. Provavelmente ela deve ter ido ao meu quarto ontem para me checar e notou minha ausência.— Danny, vamos brincar com sua nave nova? — Kate mudou de assunto.Nós observamos a mulher se sentar em um canto acompanhada do menino.— Então, Gustaf dará um carro para o Danny no aniversário de dezesseis anos? — Gwen comentou me entregando um embrulho.Eu o abri, encontrando um belo cachecol de lã.— Eu ganhei o meu primeiro carro do irmão da minha mãe. Ele era bem velho e vivia quebrando, e eu tive que esperar uns meses até que completasse a idade mínima para dirigir, mas eu adorei o presente — Gustaf relatou distribuindo seus pacotes para meus amigos.— Eu ganhei o meu do m
Isabelle— O que foi? — Na verdade, eu tenho outro presente para você, mas achei melhor não dar na frente de todo mundo — Ele parecia sem jeito.Outro presente? Eu não comprei mais nada para ele. — Gustaf, você já me deu um presente, eu não posso aceitar — eu tentei devolver o envelope que ele me entregou, desistindo ao ver sua expressão.— Se você aceitar, será um presente para mim também — ele insistiu.Eu abri o envelope, franzindo o cenho ao retirar uma passagem de avião, voltei a encará-lo com o cenho franzido, esperando uma explicação.— Eu espero que você volte no verão para ver o sol da meia noite, então eu comprei essa passagem sem data definida, você pode tentar se organizar no trabalho e voltar, Gwen e Zachary ficariam muito felizes — ele explicou, acrescentando a última parte depois de pensar um segundo — e eu também.Meu coração disparou ao ouvir aquilo. Eu fiquei encarando o envelope em minha mão, digerindo tudo o que seu gesto significava. Ele vai querer retomar de on
Gustaf— Você está bem agasalhada? — Eu perguntei ao estacionar o carro na fazenda de Huskies onde tinha reservado o passeio.— Sim, eu já aprendi como não morrer congelada, e hoje eu vesti algumas camadas a mais — Izzy sorriu para mim.Correspondi de maneira imediata, seu sorriso me chamou a atenção desde o primeiro momento que a vi naquele aeroporto, mas agora, depois dos dias que passamos lado a lado e de conhecê-la mais profundamente, seus sorrisos ganharam outro significado para mim, e eu adorava quando seu sorriso era de pura felicidade e excitação, como naquele momento.Izzy ajeitou as luvas, pegando a touca em seu colo, eu me inclinei, tirando a peça da sua mão.— Acho que você precisa de ajuda com isso — eu a provoquei, arrumando a touca em sua cabeça, ficando com meu rosto a centímetros do dela.Izzy manteve o olhar fixo no meu enquanto eu arrumava o grosso cachecol que Gwen tinha dado a ela de presente no dia anterior, verificando se ela estava pronta para sair, roubando um
GustafO silêncio dominou boa parte da nossa viagem de volta, o clima leve de antes deu lugar a uma nuvem negra que parecia crescer a cada minuto que não falávamos sobre o que aconteceria dali em diante, e foi só quando eu estacionei o carro de volta na pousada que Izzy decidiu se manifestar.— Eu sei que evitei o assunto o dia todo, mas eu não queria correr o risco de estragar o nosso momento juntos — Ela suspirou, descendo do carro.Aquela frase me incomodou, apesar de ter passado o dia fazendo a mesma coisa pelo mesmo motivo, aquilo apenas serviu para mostrar o quanto minha insegurança era fundamentada.— Então essa conversa vai estragar o nosso momento? — eu forcei um sorriso, começando a caminhar em direção à cabana.— Talvez.Talvez.Eu coloquei as mãos no bolso da jaqueta, caminhando em silêncio ao seu lado, esperando que ela fizesse mais alguma declaração e acabasse de vez com toda a esperança que vinha nutrindo durante aquele dia. Mas ao alcançar a porta da cabana eu percebi
Isabelle— Izzy, eu estou falando sério, você está bem? — a voz de Gwen soou do outro lado da linha.Ela tinha me ligado enquanto eu arrumava na despensa os mantimentos que tinha comprado no mercado.Já fazia alguns dias que eu tinha voltado para Miami, e apesar de não admitir para ninguém, eu me sentia miserável. Desde o momento em que eu desembarquei em Miami, aquela solidão que parecia me perseguir se tornou evidente. Não havia ninguém por mim naquela cidade, nem mesmo uma única alma para sentir minha ausência.Até mesmo Cora parecia ter lidado bem com a minha distância, desde que retornei ao trabalho pude notar o quanto ela vinha elogiando Hugo e sua liderança enquanto estive fora.— Eu estou ótima, eu quero saber como você tem se alimentado, você sofreu muito para comer na gravidez do Danny — eu procurei mudar de assunto.— Eu estou bem, e eu não sou o assunto aqui, Izzy. Você pode parar de tentar fugir? Faz dias que estou tentando conversar direito com você — ela reclamou.Aquil