Isabelle— Golpe baixo, Gustaf.— Vale tudo na guerra, Zazie — Ele piscou para mim.Eu cruzei os braços, desviando o olhar com uma expressão emburrada, o fazendo rir.— Zazie,você arruma cada apelido engraçado, Gustaf — Gwen zombou, atraindo nossa atenção.Será possível que ela ainda não sabe? Não, ela deve ter percebido. Provavelmente ela deve ter ido ao meu quarto ontem para me checar e notou minha ausência.— Danny, vamos brincar com sua nave nova? — Kate mudou de assunto.Nós observamos a mulher se sentar em um canto acompanhada do menino.— Então, Gustaf dará um carro para o Danny no aniversário de dezesseis anos? — Gwen comentou me entregando um embrulho.Eu o abri, encontrando um belo cachecol de lã.— Eu ganhei o meu primeiro carro do irmão da minha mãe. Ele era bem velho e vivia quebrando, e eu tive que esperar uns meses até que completasse a idade mínima para dirigir, mas eu adorei o presente — Gustaf relatou distribuindo seus pacotes para meus amigos.— Eu ganhei o meu do m
Isabelle— O que foi? — Na verdade, eu tenho outro presente para você, mas achei melhor não dar na frente de todo mundo — Ele parecia sem jeito.Outro presente? Eu não comprei mais nada para ele. — Gustaf, você já me deu um presente, eu não posso aceitar — eu tentei devolver o envelope que ele me entregou, desistindo ao ver sua expressão.— Se você aceitar, será um presente para mim também — ele insistiu.Eu abri o envelope, franzindo o cenho ao retirar uma passagem de avião, voltei a encará-lo com o cenho franzido, esperando uma explicação.— Eu espero que você volte no verão para ver o sol da meia noite, então eu comprei essa passagem sem data definida, você pode tentar se organizar no trabalho e voltar, Gwen e Zachary ficariam muito felizes — ele explicou, acrescentando a última parte depois de pensar um segundo — e eu também.Meu coração disparou ao ouvir aquilo. Eu fiquei encarando o envelope em minha mão, digerindo tudo o que seu gesto significava. Ele vai querer retomar de on
Gustaf— Você está bem agasalhada? — Eu perguntei ao estacionar o carro na fazenda de Huskies onde tinha reservado o passeio.— Sim, eu já aprendi como não morrer congelada, e hoje eu vesti algumas camadas a mais — Izzy sorriu para mim.Correspondi de maneira imediata, seu sorriso me chamou a atenção desde o primeiro momento que a vi naquele aeroporto, mas agora, depois dos dias que passamos lado a lado e de conhecê-la mais profundamente, seus sorrisos ganharam outro significado para mim, e eu adorava quando seu sorriso era de pura felicidade e excitação, como naquele momento.Izzy ajeitou as luvas, pegando a touca em seu colo, eu me inclinei, tirando a peça da sua mão.— Acho que você precisa de ajuda com isso — eu a provoquei, arrumando a touca em sua cabeça, ficando com meu rosto a centímetros do dela.Izzy manteve o olhar fixo no meu enquanto eu arrumava o grosso cachecol que Gwen tinha dado a ela de presente no dia anterior, verificando se ela estava pronta para sair, roubando um
GustafO silêncio dominou boa parte da nossa viagem de volta, o clima leve de antes deu lugar a uma nuvem negra que parecia crescer a cada minuto que não falávamos sobre o que aconteceria dali em diante, e foi só quando eu estacionei o carro de volta na pousada que Izzy decidiu se manifestar.— Eu sei que evitei o assunto o dia todo, mas eu não queria correr o risco de estragar o nosso momento juntos — Ela suspirou, descendo do carro.Aquela frase me incomodou, apesar de ter passado o dia fazendo a mesma coisa pelo mesmo motivo, aquilo apenas serviu para mostrar o quanto minha insegurança era fundamentada.— Então essa conversa vai estragar o nosso momento? — eu forcei um sorriso, começando a caminhar em direção à cabana.— Talvez.Talvez.Eu coloquei as mãos no bolso da jaqueta, caminhando em silêncio ao seu lado, esperando que ela fizesse mais alguma declaração e acabasse de vez com toda a esperança que vinha nutrindo durante aquele dia. Mas ao alcançar a porta da cabana eu percebi
Isabelle— Izzy, eu estou falando sério, você está bem? — a voz de Gwen soou do outro lado da linha.Ela tinha me ligado enquanto eu arrumava na despensa os mantimentos que tinha comprado no mercado.Já fazia alguns dias que eu tinha voltado para Miami, e apesar de não admitir para ninguém, eu me sentia miserável. Desde o momento em que eu desembarquei em Miami, aquela solidão que parecia me perseguir se tornou evidente. Não havia ninguém por mim naquela cidade, nem mesmo uma única alma para sentir minha ausência.Até mesmo Cora parecia ter lidado bem com a minha distância, desde que retornei ao trabalho pude notar o quanto ela vinha elogiando Hugo e sua liderança enquanto estive fora.— Eu estou ótima, eu quero saber como você tem se alimentado, você sofreu muito para comer na gravidez do Danny — eu procurei mudar de assunto.— Eu estou bem, e eu não sou o assunto aqui, Izzy. Você pode parar de tentar fugir? Faz dias que estou tentando conversar direito com você — ela reclamou.Aquil
IsabelleNós saímos do restaurante parando alguns metros adiante na calçada, eu me encostei na parede observando o Céu azul. Eram quase 5:30 da tarde e o sol estava perto de se pôr, me fazendo pensar que nesse mesmo horário todos já estariam na mais absoluta escuridão no Alasca.— Você não me contou como foi a sua viagem — Hugo comentou.— Foi incrível, aquele lugar me surpreendeu de tantas maneiras. Eu não esperava que fosse gostar tanto — eu admiti ainda olhando o céu.— Eu nunca pensei ir para o Alasca para mim aquele lugar não tem nada além de gelo, eu gosto do calor.Não pude evitar rir diante do seu comentário que era tão parecido com a minha própria opinião quando embarquei um mês atrás. — Eu vi Aurora boreal — eu comentei — e andei de trenó com husky.— Isso parece interessante, como é Aurora? Eu me lembrei do dia que passamos na fonte termal, e de toda a explicação que Gustaf me deu sobre as auroras depois. Aquele pensamento me fez sorrir mais uma vez, pois eu sabia que p
Gustaf Cambaleei pelas ruas próximas a pousada sem saber exatamente para onde ir, minha mente parecia nublada e desnorteada, aquele tormento não me deixava desde que deixei a cabana alguns minutos antes.Eu tinha chegado a considerar a possibilidade de pegar o carro e ir para Fairbanks em busca do meu conforto, mas eu descartei a possibilidade de dirigir em seguida, me contentando em ir até a mercearia ver o que poderia conseguir ali.Uma semana era tudo o que eu precisava aguentar para completar dois anos de sobriedade, e eu me sentia péssimo por não ser capaz de suportar, mas eu precisava daquele alívio. Mas antes que eu pudesse chegar ao meu destino, uma mini van parou ao meu lado, abaixando o vidro.— Gustaf, que bom que eu te encontrei — Gwen me cumprimentou sorrindo, parecendo alheia a tudo o que se passava em minha mente — eu preciso buscar um hóspede no aeroporto, e o Zach está ocupado, você pode ir comigo? Eu pisquei atordoado, e por um momento pensei em negar seu pedido.
GustafGwen conseguiu uma vaga e logo estacionou, se virando para mim em seguida, olhando em meus olhos.— Izzy sabe que você é um cara maravilhoso, Gustaf. E ela valoriza isso. Mas tem muita coisa acontecendo dentro dela. E você pode me odiar por te impedir hoje, mas eu não posso deixar que ela sinta a culpa pela sua recaída.Eu me senti a pior pessoa do universo naquele momento por sequer ter cogitado a hipótese de beber. Eu havia prometido a ela que a esperaria e a aceitaria como fosse. Como eu posso ser tão fraco?Eu desviei o olhar, me sentindo um fracassado. Se não fosse pela intervenção da minha amiga, meu arrependimento seria bem maior. Uma notificação chegou ao celular dela, fazendo ela franzir o cenho enquanto encarava a tela do aparelho.— Tudo bem?— Sim, o voo adiantou, o grupo que viemos buscar já desembarcou — ela balbuciou — Gustaf, eu tenho algo urgente para resolver e pensei que daria tempo, você se importa de encontrá-los?Grupo? Pensei que era apenas um homem. Ma