IsabellaEu estava deitada no sofá, bebericando uma taça de vinho, ignorando um filme que passava na TV. Danny tinha dormido há alguns minutos e eu tinha decidido salvar minha noite, apesar de saber que não tinha salvação.Eu não conseguia compreender como eu tinha terminado ali sozinha depois de tantos sinais que Gustaf me passou. Será que eu entendi tudo errado? Sua reação extrema diante do meu convite claramente mostrava que sim.Qual é o problema comigo? Será que ele não me acha bonita? Ou será que eu o assustei com toda a conversa sobre minha família falida? Ou talvez ele seja um daqueles caras que acredita que a mulher deve esperar o primeiro movimento do homem.— Que belas férias eu fui arrumar — eu murmurei, voltando a beber.E no fim, estou assistindo um desses filmes bregas de natal. Já não basta o que eu estou passando com essa droga de decoração. Mas no fundo, eu me sentia triste e solitária com a auto estima ferida. Eu esperava passar ótimos dias com meus amigos, e de re
IsabellaPara minha surpresa, apesar de acordar cedo, eu me sentia descansada. Danny insistiu em comer apenas uma tigela de cereal antes de ir para a escola. Eu poderia insistir em preparar algo para ele, mas, naquele momento, eu conseguia me focar em apenas uma coisa. A ausência de Gustaf.Eu não o via desde o fatídico convite, ele não apareceu para o café da manhã como de costume, e eu estava começando a temer que ele tivesse fugido de vez. — Ótimo, consegui espantar o único que estava me ajudando — Eu murmurei, abrindo a geladeira.Eu vi alguns muffins ingleses que tinham sobrado do jantar de ontem, decidindo o que fazer a seguir. Comecei a retirar os ingredientes da geladeira antes de prender o cabelo em um coque, me abaixando para pegar uma panela no armário.— Acho que eu perdi meu posto de cozinheiro particular — A voz de Gustaf me surpreendeu, distribuindo arrepios pelo meu corpo.Eu me ergui depressa, me virando para a porta recém fechada, onde ele continuava parado.O
GustafEu observei Izzy comer seu cereal, parecendo descontraída. Em minha mente eu ainda repassava tudo o que aconteceu. Eu passei a noite lutando contra o desejo de ir até ela e aceitar seu convite, e apenas apareci depois de decidir o que lhe falar e de ter certeza que havia me controlado.E naquele momento eu podia afirmar que me sentia mais leve depois de esclarecer tudo com ela. Izzy lidou com minha situação melhor do que eu esperava, e confesso que eu estava ainda mais animado em passar as próximas três semanas ao seu lado.Isabella me surpreendeu em todos os sentidos, e algo me dizia que até o fim daquelas semanas ela não deixaria de me surpreender.— Eu estou com cereal no nariz? — Ela franziu o cenho, levando a mão até o rosto.— O que? — A pergunta me tirou da minha contemplação.— Quando me encaram assim na cozinha, ou estou com molho na testa ou estou pegando fogo, nenhuma das opções é possível no momento — explicou, esfregando a ponta do nariz.Aquela declaração me fez r
Gustaf Foi quando um arranhar de garganta nos surpreendeu, Izzy e eu nos afastamos depressa, encontrando Gwen e Zachary parados no corredor que levaria ao hotel. Eu dei as costas, voltando a cuidar do restante dos cookies, me sentindo um pouco sem graça por ter sido pego naquela situação, principalmente depois do que aconteceu com a Kate. Izzy se recuperou mais depressa, correndo em direção aos amigos,abraçando os dois efusivamente. — Vocês chegaram, nós dois estamos preparando um Brunch pra vocês! — ela explicou enquanto eu me limitei a acenar para meus amigos. — Então, vocês dois estão cozinhando juntos? — Gwen parecia desconfiada. Eu vi Zachary sussurrar algo para a amiga, que logo revirou os olhos, voltando para a cozinha, acendendo o fogo para a panela de água. — Nós estamos tentando ser legais e fazer algo para recepcionar vocês, então se puderem não atrapalhar, eu ficaria feliz — Izzy murmurou. — É isso mesmo que você está tentando, Izzy? — Zachary provocou.
Isabella — Izzy, isso estava delicioso, eu vou buscar os cookies — Gwen se levantou, parecendo não perceber nada de estranho no que tinha acabado de acontecer.Zachary e eu observamos ela se afastar antes de voltar nossa atenção para o outro.— O que foi isso? — eu sussurrei.— Eu que pergunto, vocês estavam se pegando na nossa cozinha? — ele devolveu com diversão.Se eu não fosse tão boa em disfarçar, tenho certeza que meu rosto teria ficado vermelho por ter sido descoberta.— Eu não sei do que você está falando. Por que Gustaf fugiu daqui? — Ele não fugiu, estava cansado.— Zach, a única vez que eu vi ele fugir mais rápido que hoje, foi na noite passada quando eu… você sabe… — eu devolvi, ainda sussurrando.Nós ouvimos os passos da Gwen se aproximando, voltando a nos calar em seguida.— Ele fez os meus preferidos, cookies de coco com limão e amêndoas, você tem que provar, Izzy — Gwen se sentou, colocando uma travessa com cookies de chocolate e Coco na mesa, completamente alheia a
IsabellaNós continuamos naquele clima, enfeitando a árvore juntos e não tocamos mais no nome de Gustaf. No dia seguinte, eu aproveitei para ficar na cama até mais tarde, levantando quando já passava das nove horas. Eu estranhei ao ir até a cozinha, a encontrando vazia. Eu tinha me acostumado com a presença de Gustaf mais do que eu gostaria de admitir.Me servi de uma xícara de café, me apoiando no parapeito da janela, observando a luz da cabana do Gustaf iluminando a escuridão do lado de fora.Será que vou vê-lo hoje? O que será que causou sua mudança de humor ontem? — Sua ausência foi notada hoje — Zachary veio pelo corredor da residência.— Hoje eu não precisei acordar cedo como nos outros dias — Eu dei de ombros, me afastando da janela.Ele me observou por alguns segundos antes de desistir do assunto, indo em direção ao saguão da pousada.— Os primeiros hóspedes da temporada da cabana do papai Noel chegarão a qualquer minuto, Gwen sempre fica ansiosa, então eu vou deixar você t
IsabellaEu me sentia ansiosa por aquela conversa, a cada minuto minha curiosidade crescia cada vez mais, e creio que dessa vez eu não poderia deixar o assunto de lado sem saciá-la por completo.Nós demoramos pouco tempo para chegar até a lanchonete, o lugar estava calmo, Gustaf me acompanhou até uma mesa reservada em um canto, pedindo waffles e café, sem ao menos olhar o cardápio.— Os waffles daqui são os melhores, você vai gostar — ele garantiu assim que a garçonete se afastou.— Se você diz, eu confio no seu julgamento — eu respondi, sem saber como tocar no assunto anterior.Por um momento, nós permanecemos presos em um silêncio constrangedor, até que Gustaf começou a falar.— Ontem, eu te falei que minha última recaída tinha sido há quase dois anos, e aconteceu porque não contei a uma pessoa com quem eu me envolvi sobre a minha condição.Eu concordei com a cabeça, sentindo meu coração acelerar com a antecipação.— Essa pessoa foi Kate Monaghan, e não terminou nada bem — ele admit
IsabellaNós terminamos de comer em um clima mais leve, mas a curiosidade por todo o seu passado ainda me consumia, apenas quando estávamos já dentro do carro que eu tomei coragem para retomar o assunto.— Eu sei que você não gosta de falar sobre isso, mas… Gustaf soltou um suspiro, parecendo já esperar por algo do tipo.— Eu te devo isso, você contou sua história — ele deu um sorriso fraco.— Zachary e eu temos uma maneira de lidar com assuntos desconfortáveis, nós podemos tentar — decidi propor.— Qual?— Uma conversa franca e objetiva, e depois mudamos de assunto e colocamos uma pedra em cima, não tocamos nisso nunca mais — eu o incentivei, recebendo um olhar divertido.— Vocês encontraram muitas maneiras singulares de viver.— Tem dado certo até agora — sorri em resposta.Gustaf se focou na estrada por alguns segundos, parecendo pensar em como começar sua história.— Eu sempre bebi. Eu poderia inventar histórias, culpar meus pais, falar que eles foram ruins comigo, ou que eu não