IsabellaEu me sentia ansiosa por aquela conversa, a cada minuto minha curiosidade crescia cada vez mais, e creio que dessa vez eu não poderia deixar o assunto de lado sem saciá-la por completo.Nós demoramos pouco tempo para chegar até a lanchonete, o lugar estava calmo, Gustaf me acompanhou até uma mesa reservada em um canto, pedindo waffles e café, sem ao menos olhar o cardápio.— Os waffles daqui são os melhores, você vai gostar — ele garantiu assim que a garçonete se afastou.— Se você diz, eu confio no seu julgamento — eu respondi, sem saber como tocar no assunto anterior.Por um momento, nós permanecemos presos em um silêncio constrangedor, até que Gustaf começou a falar.— Ontem, eu te falei que minha última recaída tinha sido há quase dois anos, e aconteceu porque não contei a uma pessoa com quem eu me envolvi sobre a minha condição.Eu concordei com a cabeça, sentindo meu coração acelerar com a antecipação.— Essa pessoa foi Kate Monaghan, e não terminou nada bem — ele admit
IsabellaNós terminamos de comer em um clima mais leve, mas a curiosidade por todo o seu passado ainda me consumia, apenas quando estávamos já dentro do carro que eu tomei coragem para retomar o assunto.— Eu sei que você não gosta de falar sobre isso, mas… Gustaf soltou um suspiro, parecendo já esperar por algo do tipo.— Eu te devo isso, você contou sua história — ele deu um sorriso fraco.— Zachary e eu temos uma maneira de lidar com assuntos desconfortáveis, nós podemos tentar — decidi propor.— Qual?— Uma conversa franca e objetiva, e depois mudamos de assunto e colocamos uma pedra em cima, não tocamos nisso nunca mais — eu o incentivei, recebendo um olhar divertido.— Vocês encontraram muitas maneiras singulares de viver.— Tem dado certo até agora — sorri em resposta.Gustaf se focou na estrada por alguns segundos, parecendo pensar em como começar sua história.— Eu sempre bebi. Eu poderia inventar histórias, culpar meus pais, falar que eles foram ruins comigo, ou que eu não
Isabella— Você não faz ideia, eu passei dias tendo aulas teóricas sobre todo tipo de assunto, e então finalmente chegou o dia da nossa primeira aula prática, imagina a minha animação e frustração quando entrei na cozinha — eu relatei aos meus amigos durante um pequeno Brunch que preparamos no domingo.— Frustração? — Quinn perguntou confusa.Nós estávamos reunidos na mesa da cozinha, e ouvíamos em primeira mão toda a animação de Danny e Declan que brincavam juntos na sala.— Foi um saco ouvir ela reclamar no dia seguinte — Zachary revirou os olhos, se servindo de um muffin.Dessa vez, tanto Gustaf quanto eu havíamos ficado longe da cozinha, Gwen e Quinn compraram tudo em uma cafeteria na Santa Klaus Lane.— Eu me paramentei inteira, estava cozinhando dentro daquela dolmã, entrei na cozinha certa que faria um prato incrível, e me deparei com uma aula de cortes onde eu passei horas aprendendo a fazer cubos milimetricamente perfeitos — eu fiz um beicinho. — Ela reclama a toa, na prime
Isabella A tarde que passamos todos juntos foi deliciosa, Danny me arrastou para uma guerra de bolas de neve, assim que chegamos ao resort enquanto Gwen e Quinn reservavam uma piscina privativa para que pudéssemos aproveitar depois.O dia não estava tão frio quanto os anteriores, a temperatura não chegava a dez graus negativos e o céu estava bem limpo, deixando uma condição perfeita para uma tarde ao ar livre.— Não, tio! Você não pode acertar a tia Izzy — Danny esbravejou quando viu Gustaf prestes a jogar uma bola de neve em mim.— Estamos em guerra, Danny.— Mas ela é de Miami — ele explicou, antes de abaixar a voz para um sussurro — eles não tem neve lá.Danny havia assumido a missão pessoal de me proteger de qualquer ataque desde que me questionou sobre o inverno em Miami e descobriu que lá não fazia tanto frio quanto no Alasca.E eu aproveitei dessa proteção para concentrar meus ataques em Gustaf, que não podia revidar.— Esse é o privilégio de ser a tia preferida, Bergqvist — E
IsabellaA aurora durou pouco mais de cinco minutos antes de desaparecer, me trazendo de volta à nossa realidade. Gustaf ainda me abraçava e eu tinha encostado a cabeça em seu ombro para olhar melhor, de forma que não foi difícil virar o rosto para um último beijo.— Eu acho que precisamos voltar, já passamos muito tempo aqui, e estamos de carona com os outros — ele comentou antes de beijar a ponta do meu nariz.— Eu aposto que estão fazendo piadas sobre o nosso sumiço — eu suspirei, me afastando dele, indo em direção à saída do lago.— Nosso plano de manter a discrição não deu muito certo — Gustaf concordou, parecendo um pouco sem graça — a única que ainda não percebeu foi a Gwen. E não consigo entender como isso aconteceu.Nós passamos por um casal que parecia satisfeito em finalmente ficar sozinhos ali, e eu preferia não pensar no motivo. Deixar o conforto da água quente foi difícil, mas a pele enrugada das minhas mãos mostrava que já estava na hora. Gustaf pegou duas toalhas em um
Isabella Eu observei Gustaf lidando com três panelas no fogão enquanto Zachary abastecia as garrafas com café e chocolate quente. Já haviam se passado dois dias desde nossa ida ao lago termal, e as manhãs estavam cada vez mais corridas. A pousada agora estava com sua capacidade máxima de lotação, deixando vago apenas o quarto que Kate ocuparia na próxima semana, e com isso o trabalho havia se multiplicado. — Zach, você quer ajuda para levar as garrafas? — eu comecei a me levantar. — Não, você pode tomar seu café — ele garantiu. — Gustaf, quer que eu faça as panquecas? — eu ofereci. — Não, eu quero que você continue sentada e aproveite seu café, Danny já está vindo te fazer companhia — Ele se aproximou com dois pratos prontos. Eu observei o ovo frito coberto com queijo em cima de uma tortilla de milho e algumas fatias de abacate ao lado. Aquilo estava com uma cara ótima, e se eles me deixassem ajudar, poderíamos oferecer algo assim para os hóspedes, ao invés de simplesmente deixar
Isabella— E agora? Qual o plano de ataque? — Eu tentei não pensar muito naquilo.Gustaf checou o horário em seu celular, antes de voltar a guardá-lo no bolso.— Eu preciso ir trabalhar em duas horas, então talvez nós devêssemos passar na lanchonete da Celeste, comprar o almoço para viagem e comer em um lugar tranquilo, como minha casa…Na casa dele… um local com total privacidade sem ninguém para nos interromper. Meu coração acelerou diante das possibilidades que surgiram em minha mente.— O que você acha?— Eu não vejo nenhum defeito nesse plano — eu respondi com uma expressão pensativa, antes de abrir um sorriso.Nós voltamos para rua, caminhando juntos, atraindo atenção de alguns moradores que nos observavam com curiosidade, cumprimentando Gustaf de longe. Talvez não demore tanto assim para Gwen descobrir sobre nós dois, mas eu não me importava.— Está vendo aquele lugar? Eu observei uma construção de dois andares do outro lado da rua. A frente era composta de grandes vidraças c
Gustaf Eu caminhei até a pousada um pouco mais tarde que o habitual, como era meu aniversário, Gwen e Zachary tinham me dado a manhã de folga, garantindo que conseguiriam cuidar do café da manhã do hotel. Uma música animada chegou aos meus ouvidos, e através da porta eu pude ver Izzy no fogão. Ela vestia uma calça de moletom justa e uma blusa de tecido fino, apesar de ter mangas compridas. Seu cabelo estava preso em um coque, deixando a tatuagem em sua nuca à mostra.Ela estava especialmente animada hoje, o que me fez sorrir. Izzy parecia conversar com alguém fora do meu campo de visão. Eu cruzei os braços, tirando um momento para admirar a mulher que não saia da minha mente nos últimos dias. Gwen se aproximou dela, parecendo provocar a amiga. Por um momento eu me senti mal por espionar as duas em um momento delas, mas então, o som das gargalhadas que se seguiram com o fim da música mostrou que elas não estavam sozinhas.— Agora, você vai presenciar a história desses dois em primei